16 setembro 2020

Cristianismo Primitivo

Cristianismo primitivo pode ser entendido como os ensinamentos evangélicos (em estado puro) que Jesus transmitiu aos seus discípulos. O Cristianismo é um corpo doutrinário sem remendos, sem peças justapostas. Em suas máximas, temos: a prática da caridade, o amar ao próximo como a si mesmo, o oferecer a face esquerda quando baterem na direita etc. 

Jesus, quando esteve encarnado, já previa a desfiguração dos seus ensinamentos. Tanto é verdade que, em João 14, 15 a 17 e 26, há o seguinte: “Mas o Consolador, que é o Santo-Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenha dito". Nota-se que ensinar e relembrar tem relação com esquecido ou deturpado. 

As pessoas, ao longo do tempo, foram criando narrativas diferentes para a boa nova apresentada por Jesus. Além dessas narrativas, acrescentemos, também, os interesses políticos e religiosos. Politicamente, a conversão ao Cristianismo pelo imperador Constantino, que propiciou o surgimento do catolicismo. Religiosamente, lembremo-nos do Padre Alta que disse: “Fomos desfigurando o Cristianismo do Cristo para aceitarmos o Cristianismo dos vigários". 

Em termos da volta ao Cristo e à pureza de seus ensinamentos, ressaltemos o grande trabalho dos protestantes, que foram os grandes tradutores da Bíblia [para a língua pátria], diretamente dos textos originais hebraicos e gregos. Entre tais nomes, temos: John Wycliff (1328-1384), Martinho Lutero (1483-1546), William Tyndale (1484-1536) e King James (1566-1625) que reuniu uma série de estudiosos para traduzir a Bíblia para o inglês. Objetivo; libertar o povo das garras papais.  

Introduzamos Jan Huss (1369-1415) nesse contexto. John Wycliff (1328-1384), em 1380, usou a Vulgata de São Jerônimo e traduziu alguns escritos para o inglês. Depois de 40 anos, o papa mandou desenterrar o seu corpo, queimar seus ossos e jogar as cinzas no rio. Ele era apenas um tradutor. Dez anos mais tarde, Jan Huss [encarnação anterior de Allan Kardec] levou as ideias de Wycliff para a Boêmia. Foi queimado junto aos livros e à Bíblia somente pelo fato de querer a volta à palavra da escritura.

O Espiritismo, como Consolador Prometido, tem a missão de restaurar os ensinamentos puros veiculados por Jesus: ensinará todas as coisas e nos lembrará daquelas que foram esquecidas. Nesse sentido, o espírita tem o dever de divulgar os conhecimentos de Jesus, sem os dogmas da Igreja e o espírito de sistema. O procedimento: debruçando-se sobre as obras básicas e complementares, para que suas ações sejam sempre bem fundamentadas.

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/cristianismo-primitivo

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Um médico muito jovem, de nome Lucas, disse:

— Irmãos, afastando-me de vós, levo o propósito de trabalhar pelo Mestre, empregando nisso todo o cabedal de minhas fracas forças. Não tenho dúvida alguma quanto à extensão deste movimento espiritual. Para mim, ele transformará o mundo inteiro. Entretanto, pondero a necessidade de imprimirmos a melhor expressão de unidade às suas manifestações. Quero referir-me aos títulos que nos identificam a comunidade. Não vejo na palavra “caminho” uma designação perfeita, que traduza o nosso esforço, Os discípulos do Cristo são chamados viajores”, “peregrinos”, “caminheiros”. Mas há viandantes e estiadas de todos os matizes, O mal tem, igualmente, os seus caminhos, Não seria mais justo chamarmo-nos — cristãos — uns aos outros? Este título nos recordará a presença do Mestre, nos dará energia em seu nome e caracterizará, de modo perfeito, as nossas atividades em concordância com os seus ensinos. O alvitre de Lucas estendeu-se rapidamente a todos os núcleos evangélicos, inclusive Jerusalém, que o recebeu com especial simpatia. Dentro de breve tempo, em toda parte, a palavra “cristianismo” substituía a palavra "caminho”.

Extraído do capítulo IV - "Primeiros Labores Apostólicos" (2.ª Parte) do livro Paulo e Estêvão, pelo Espírito Emmanuel, psicografado por F. C. Xavier.

 


 

03 setembro 2020

Identidade dos Espíritos

Tese: há uma regra invariável e sem exceção que a linguagem dos espíritos corresponde sempre ao seu grau de elevação.

A "Identidade dos Espíritos" é o título do capítulo XXIV da Segunda Parte ("Das Manifestações Espíritas") de O Livro dos Médiuns. Nele, Allan Kardec trata das provas possíveis de identidade e como distinguir os Espíritos bons e maus.

Começa dizendo que a questão da identidade dos Espíritos é muito controvertida. Qual a razão? É porque os Espíritos não trazem nenhum documento de identificação e sabe-se com que facilidade alguns deles usam nomes emprestados. Acrescenta que a identificação de personagens antigos é também difícil de constatar. Na maioria das vezes, a identificação se reduz a uma possibilidade de apreciação puramente intelectual. Como proceder? Um Espírito se apresenta com um nome famoso: dizendo trivialidades e puerilidades, a identificação é descartada; se as coisas ditas são dignas do nome, então há uma possibilidade moral de que seja ele.

Distinguir os Espíritos superiores tem também os seus inconvenientes. Isto por que à medida que os Espíritos se purificam — embora mantenham a individualidade as características distintivas de sua personalidade desaparecem. Nessa posição, o nome que tiveram na Terra pouco significa.

Dentre os Espíritos, os Espíritos contemporâneos, cujos hábitos e caráter são conhecidos, hábitos que não tiveram tempo de se livrar, são mais fáceis de constatar.

Um Espírito inferior usar nomes pomposos para se fazer acreditar. Ele o faz mais pelo orgulho do que pela sapiência, pois quer simplesmente impingir as ideias mais ridículas.

Meio para assegurar a identidade do Espírito. Quando o Espírito se torna suspeito, pede-se para ele afirmar em nome de Deus todo-poderoso que é ele mesmo. A caligrafia ajuda a identificar os Espíritos, mas devemos ter cuidado, pois como há falsários na terra, há também os do mundo espiritual.

Conselho do Espírito São Luís:

“Por mais legítima confiança que vos inspirem os Espíritos dirigentes de vossos trabalhos, há uma recomendação que nunca seria demais repetir e que deveis ter sempre em mente ao vos entregardes aos estudos: a de pesar e analisar, submetendo ao mais rigoroso controle da razão todas as comunicações que receberdes; a de não negligenciar, desde que algo vos pareça suspeito, duvidoso ou obscuro, pedir as explicações necessárias para formar a vossa opinião.”


Agostinho e o Espiritismo

Agostinho (354-430 d.C.), natural de Tagaste, norte da África, foi bispo de Hipona (hoje Annaba, na Argélia) durante trinta e quatro anos, onde escreveu, combateu heresias e viveu em comunidade com outros cristãos. Para ele, filosofia e teologia estavam ligadas de maneira indissociável. Suas principais obras foram Confissões e A Cidade de Deus, obras que continuam sendo lidas até hoje.

Em Confissões, procura mostrar pelo seu exemplo o que pode a graça para os mais desesperados dos pecadores. Com admirável franqueza e contrição confessa os desregramentos de sua mocidade (teve inclusive um filho bastardo, Adeodato), sempre atribuindo a si mesmo as tendências perversas e a Deus os progressos de seu espírito para o bem. Foi um homem em permanente batalha contra as suas próprias emoções e fraquezas. Discute também questões acerca do tempo e a presença do mal no mundo.

Em A Cidade de Deus, discute a vontade humana, as relações entre teologia e razão e a divisão da história entre as duas cidades – dos homens e de Deus. O pensamento político contido em A Cidade de Deus, forja-se no encontro de duas tradições: a da cultura greco-romana e a das Escrituras judaico-cristãs. Da Antiguidade grega Agostinho retém as ideias de Platão (República Leis). Traça, assim, os planos de uma cidade ideal, a Cidade de Deus, em contrapartida com a da cidade terrestre, em que predomina a guerra, a injustiça, o egoísmo etc. Para ele, a verdadeira administração de uma cidade deve estar baseada na justiça, e esta por sua vez na caridade, ensinada por Cristo.

Recebeu de Platão e dos neoplatônicos a distinção entre o mundo imperfeito e transitório das coisas materiais, acessado por meio dos sentidos, e o mundo perfeito e eteno, acessado por meio do intelecto. Assim, baseando-se na filosofia socrático-platônica, santo Agostinho busca a verdade necessária, imutável e eterna, não nas coisas materiais, que estão sempre em transição, mas em Deus, pois somente Deus é a verdade.

A explicação de Agostinho sobre o mal do mundo. Para ele, a culpa está no pecado original. O divino está dentro de nós, mas foi maculado por aquilo que aconteceu no Jardim do Éden. O remédio está na graça divina. Os escolhidos por Deus estavam predestinados a serem salvos da maldição eterna.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo encontram-se algumas comunicações deste insigne Espírito. São elas: Os Mundos de Expiações e de Provas, Mundos Regeneradores e Progressão dos Mundos (Cap. 3, 13 a 19), O Mal e o Remédio (Cap. 4, 19), O Duelo (Cap. 12, 11 e 12), A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família (Cap. 14, 9) e Alegria da Prece (Cap. 27, 23). Em O Livro dos Médiuns há anotações Sobre o Espiritismo (Cap. 31, 1) e Sobre as Sociedades Espíritas (Cap. 31, 16).

O Espírito Erasto, discípulo de São Paulo, comenta sobre as comunicações de santo Agostinho: 1) Santo Agostinho é um dos maiores divulgadores do Espiritismo; ele se manifesta quase que por toda parte; 2) Como muitos, ele também foi arrancado do paganismo; 3) Em meio de seus excessos, sentiu o alerta dos Espíritos superiores: a felicidade se encontra alhures e não nos prazeres imediatos; 4) Depois de ter perdido a sua mãe, disse: “Eu estou persuadido de que minha mãe voltará a me visitar e me dar conselhos, revelando-me o que nos espera a vida futura”; 5) Hoje, vendo chegada a hora para a divulgação da verdade que ele havia pressentido outrora, se fez dela o ardente propagador, e se multiplica, por assim dizer, para responder a todos aqueles que o chamam. (Kardec, 1984, cap. 1, item 11, p. 41)

Há, também, uma nota de Allan Kardec: Santo Agostinho veio destruir aquilo que edificou? Não. Ele agora vê com os olhos do espírito; sua alma liberta da matéria entrevê novos horizontes, que lhe propiciam compreender o que não compreendia antes. Sobre a Terra, julgava as coisas segundo os conhecimentos que possuía, mas, quando uma nova luz se fez para ele, pode julgá-las mais judiciosamente. “Foi assim que mudou de ideia sobre sua crença concernente aos Espíritos íncubos e súcubos e sobre o anátema que havia lançado contra a teoria dos antípodas”. Com uma nova luz pode, sem renegar a sua fé, fazer-se propagador do Espiritismo, porque nele vê o cumprimento das coisas preditas. Proclamando-o, hoje, não faz senão nos conduzir a uma interpretação mais sã e mais lógica dos textos. (Kardec, 1984, cap. 1, p. 42

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/agostinho-e-o-espiritismo

 

Colônias e Fraternidades do Espaço

As Fraternidades do Espaço são agrupamentos de Espíritos que têm a finalidade de auxiliar os encarnados. O Comandante Edgar Armond, no tempo que colaborou na FEESP (Federação Espírita do Estado de São Paulo), catalogou e classificou as fraternidades. Ele anotava o nome da Fraternidade, o seu dirigente, a sua finalidade e o número de Espíritos a ela ligado. Depois, consultava o grupo de médiuns para confirmação.

Vejamos algumas delas: Fraternidade dos Cruzados (Proteger os trabalhos da FEESP, na década de 40); Fraternidade do Trevo (Auxiliar na organização e direção da FEESP); Fraternidade dos Essênios (Esclarecimento evangélico para auxiliar a Reforma Íntima); Fraternidade dos Humildes (Orientação dos trabalhos de cura na FEESP); Fraternidade dos Egípcios (Fortalecer o psiquismo dos Médiuns); Fraternidade dos Hindus (Elucidar o desenvolvimento Mediúnico); Fraternidade do Cálice (Apoio aos doentes). 

O Instituto de Confraternização, em São Paulo, está na mesma dimensão que a Colônia "Nosso Lar", situada sobre a Zona Norte do Estado do Rio de Janeiro. O Instituto é um edifício de cinco andares e se encontra no meio de um grande jardim, formando uma cruz, tomando-se como ponto de referência Santo Amaro ─ Vila Maria e São Caetano ─ Freguesia do Ó. (Thomaz, Feesp)

No Capítulo V “Prelúdios da Reencarnação” do livro Memórias de um Suicida, de Yvonne A. Pereira, há o Departamento de Reencarnação na Colônia Correcional Maria de Nazaré. Este Departamento tinha as seguintes sessões de auxílio: Recolhimento; Análise (Gabinete secreto, inacessível aos visitantes); Programação das recapitulações; Pesquisas; Planejamento dos envoltórios físico-terrenos.

Mais colônias espirituais:

"Mansão da Paz" é uma instituição destinada a receber Espíritos infelizes ou enfermos, mas decididos a trabalhar pela própria regeneração. Está sob a jurisdição de “Nosso Lar”. (livro Ação e Reação, de André Luiz).

“Campo da Paz” é um posto de socorro que recebe Espíritos enfermos, mais desequilibrados do que maus. (livro Os Mensageiros, de André Luiz)

A Casa Transitória de Fabiano é um Posto de Auxílio móvel, que se desloca quando se faz necessário, ao longo das regiões umbralinas. Presta socorro aos sofredores, condenados pela própria consciência à revolta e à dor. (livro Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz)

Fonte de Consulta

THOMAZ, Martha Gallego. O Instituto de Confraternização Universal e as Fraternidades do Espaço. São Paulo: FEESP.

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/col%C3%B4nias-e-fraternidades-do-espa%C3%A7o


Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita

Allan Kardec, na introdução de O Livro dos Espíritos, cujo título é "Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita", levanta algumas questões pertinentes ao Espiritismo, tais como, "Espiritismo e Espiritualismo", "Alma, Princípio Vital e Fluido Vital", "Manifestações Inteligentes", A Doutrina e seus Contraditores", "A Linguagem dos Espíritos e o Poder Diabólico", totalizando 17 tópicos.  

Vejamos alguns pontos:

A opção por Espiritismo em vez de Espiritualismo é devido ao fato de o  Espiritualismo já ter conceituação própria. Aplicando-o aos conceitos espíritas seria multiplicar as causas já numerosas de anfibologia.

O problema da terminologia. Para as coisas novas necessitamos de palavras novas. Em se tratando da alma, aceita que ela é o ser imaterial e individual que existe em nós e sobrevive ao corpo. Princípio vital e fluido vital nada mais são do que uma das transformações do fluido cósmico universal.

Os contraditores da Doutrina. Para convencer os seus contraditores, compara a dança das rãs de Galvani com a dança das mesas. Há necessidade uma aprofundamento dos fatos observados.

Mesas girantes. Allan Kardec descobriu que havia algo inteligente por trás das mesas girantes. Esta é a causa original da codificação do espiritismo, pois ofereceu um campo inteiramente novo de observação.

Psicografia. Em vez de esperar a prancheta escrever, utiliza a própria mão do médium.

Resumo da Doutrina dos Espíritos. O Espiritismo trata de Deus, dos Espíritos, da matéria e de toda a relação que há entre o mundo espiritual, o verdadeiro mundo, e o mundo material, incluindo cada um de nós.

Dificuldade de a ciência aceitar o fato espírita. Se o fato observado não é palpável, há, entre os cientistas, muitas conjecturas. Por isso, a ciência espírita utiliza a percepção extra-sensorial.

Requisitos indispensáveis para a compreensão da Doutrina Espírita. Perseverança e seriedade, pois a Doutrina nos lança numa nova ordens de coisas, que não são absorvidas de uma hora para outra.

O Espírito disse: já é uma verdade? Os Espíritos pertencem a diferentes ordens de evolução e se manifestam de acordo com o seu grau de aperfeiçoamento moral e intelectual.

Divergências de linguagem. Os Espíritos, sendo diferentes em conhecimento e moral, expressam-se segundo essas mesmas condições evolutivas . A contradição entre os Espíritos superiores diz respeito mais às palavras usadas do que ao conteúdo da mensagem propriamente dita.

Causas da loucura. As mais comuns são: as decepções, as desgraças, as afeições contrariadas, que são também as causas mais frequentes do suicídio.