02 agosto 2021

Obsessão

"Obsessão" é o título do capítulo 18 do livro Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

"A conselho de orientadores experimentados, o agrupamento a que Alexandre emprestava preciosa colaboração reunia-se, em noites previamente determinadas, para atender aos casos de obsessão. Era necessário reduzir, tanto quanto possível, a heterogeneidade vibratória do ambiente, o que compelia a direção da casa a limitar o número de encarnados nos serviços de benefício espiritual".

De início, a questão: todo obsidiado é um médium, na acepção legítima do termo? Resposta do instrutor Alexandre: "— Médiuns, meu amigo, inclusive nós outros, os desencarnados, todos o somos, em vista de sermos intermediários do bem que procede de mais alto, quando nos elevamos, ou portadores do mal, colhido nas zonas inferiores, quando caímos em desequilíbrio. O obsidiado, porém, acima de médium de energias perturbadas, é quase sempre um enfermo, representando uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano".

Nota: obsidiado e obsessor são duas almas a chegarem de muito longe, extremamente ligadas nas perturbações que lhes são peculiares. 

Dentre os obsidiados, destaca-se o empenho da jovem, que procurava por meio de sua força de vontade, prece e autodomínio a restauração das próprias forças. 

Um dos obsessores se expressa: "— Estão chegando os pregadores. Oxalá não nos venham com maiores exigências".

Alexandre pondera: "— O trabalho de esclarecimento espiritual, depois da morte, entre as criaturas, exige de nós outros muita atenção e carinho. É preciso saber semear na “terra abandonada” dos corações desiludidos, que se afastam da Crosta sob tempestades de ódio e angústia desconhecida". 

Um caso de possessão: "— Esta jovem senhora apresenta doloroso caso de possessão. Desde a infância, era perseguida pelos adversários tenazes de outro tempo. Na vida de solteira, porém, no ambiente de proteção dos pais, ela conseguiu, de algum modo, subtrair-se à integral influenciação dos inimigos persistentes, embora lhes sentisse a atuação de maneira menos perceptível. Sobrevindo, no entanto, as responsabilidades do matrimônio, em que, na maioria das vezes, a mulher recebe maior quinhão de sacrifícios, não pôde mais resistir. Logo após o nascimento do primeiro filhinho, caiu em prostração mais intensa, oferecendo oportunidade aos desalmados perseguidores e, desde então, experimenta penosas provas".

Observação de Alexandre: "— Estamos aqui numa escola espiritual. O doutrinador humano encarrega-se de transmitir as lições. Você pode registrar, porém, que, para ensinar com êxito, não basta conhecer as matérias do aprendizado e ministrá-las. Antes de tudo, é preciso senti-las e viver-lhes a substancialidade no coração. O homem que apregoa o bem deve praticá-lo, se não deseja que as suas palavras sejam carregadas pelo vento, como simples eco dum tambor vazio. O companheiro que ensina a virtude, vivendo-lhe as grandezas em si mesmo, tem o verbo carregado de magnetismo positivo, estabelecendo edificações espirituais nas almas que o ouvem. Sem essa característica, a doutrinação, quase sempre, é vã".

Continuando: "— Em geral, noventa por cento dos casos de obsessão que se verificam na Crosta constituem problemas dolorosos e intricados. Quase sempre, o obsidiado padece de lastimável cegueira, com relação à própria enfermidade. E, porque não atende ao chamamento da verdade pela cristalização personalista, torna-se presa fácil e inconsciente, embora responsável, de perigosos inimigos das zonas de atividades grosseiras. Comumente, verificam-se casos dessa natureza em vista de ligações vigorosas e profundas pela afetividade mal dirigida ou pelos detestáveis laços do ódio que, em todas as circunstâncias, é a confiança desequilibrada convertida em monstro".

Ensinamento muito importante: "nossos companheiros encarnados observam somente uma face da questão, quando cada processo desse teor se caracteriza por aspectos infinitos, com vistas ao passado dos protagonistas encarnados e desencarnados. Diante do obsidiado, fixam apenas um imperativo imediato — o afastamento do obsessor. Mas, como rebentar, de um instante para outro, algemas seculares, forjadas nos compromissos recíprocos da vida em comum? Como separar seres que se agarram uns aos outros, ansiosamente, por compreenderem que na dor de semelhante união permanece o preço do resgate indispensável?"

 


01 agosto 2021

Intercessão

"Intercessão" é o título do capítulo 11 do livro Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Mostra como se processou um pedido de ajuda ao Instrutor Alexandre. 

Etelvina e sua prima Éster pedem ao Instrutor a averiguação da morte de Raul, esposo de Éster, que supostamente teria cometido o suicídio, mas elas desconfiam que foi morto por alguém, e queriam que descobrisse quem foi. 

Explicação de Alexandre: "— Nossos amigos encarnados muitas vezes acreditam que somos meros adivinhos e. pelo simples fato de nos conservarmos fora da carne, admitem que já somos senhores de sublimes dons divinatórios, esquecidos de que o esforço próprio, com o trabalho legítimo, é uma lei para todos os planos evolutivos".

No dia imediato, foram até à residência de Éster. Seria o ponto de partida. Casa modesta, cuja família era constituída da viúva, três filhos e um casal de velhos, postos à mesa para a alimentação. Observaram seis entidades do mal envolvendo os seus integrantes. Onde não existe organização espiritual, não há defesas da paz de espírito. A mesa familiar é sempre um receptáculo de influenciações de natureza invisível. 

Para obter informações sobre Raul, procuraram um dos irmãos visitadores. Um dos visitadores disse: "conhecera Raul, de perto, auxiliara-o muitas vezes, prestando-lhe continuada assistência espiritual; todavia, não pudera, nem ele e nem outros amigos, evitar-lhe o suicídio friamente deliberado".  A viúva acredita em assassínio. Ele soubera dissimular com cuidado. Em vez de perguntar a causa, Alexandre optou por indagar o próprio interessado. 

Por que o visitador regional não susteve o suicida infeliz? "— Se ele fosse vítima de assassínio, sim — respondeu o instrutor —, porque, na condição real de vítima, o homem segrega determinadas correntes de força magnética suscetíveis de pô-lo em contato com os missionários do auxílio; mas no suicídio previamente deliberado, sem a intromissão de inimigos ocultos, como este sob nossa observação, o desequilíbrio da alma é inexprimível e acarreta absoluta incapacidade de sintonia mental com os elementos superiores".

De posse dessas informações, o Instrutor precisava sindicar quanto ao paradeiro do irmão infeliz que, semi-inconsciente, permanecia imantado a um grupo perigoso de vampiros, em lugarejo próximo. Por que precisariam dele os vampiros? "— Semelhantes infelizes — elucidou Alexandre — abusam de recém-desencarnados sem qualquer defesa, como este pobre Raul, nos primeiros dias que se sucedem à morte física, subtraindo-lhes as forças vitais, depois de lhes explorarem o corpo grosseiro..."

Depois de preparar o ambiente necessário, inclusive com a expulsão dos vampiros, consegue chegar em Raul e conversar com ele. Como estava sob um sono profundo, Alexandre disse que não seria viável no momento. "Esquece-se de que vamos despertá-lo não só para a consciência própria, senão também para a dor? Romperemos a crosta de magnetismo inferior que o envolve e Raul regressará ao conhecimento da situação que lhe é própria; entretanto, sentirá o martírio do peito varado pelo projétil, rugirá de angústia ao contato da sobrevivência dolorosa, criada, aliás, por ele mesmo".

Muito sereno, o bondoso instrutor voltou a falar: "— Não empunhou sua arma contra o próprio peito? Não localizou o coração para exterminar a própria vida? Ó meu amigo, podem os homens enganar uns aos outros, mas nenhum de nós poderá iludir a Justiça Divina".

Causa profunda: para se casar com Éster, havia matado o seu noivo Noel. 

Dever-se-ia contar toda essa verdade a Éster? "— Somente são dignos da verdade plena os que se encontrem plenamente libertados das paixões. Éster é profundamente bondosa, mas ainda não alcançou o próprio domínio. Não possui as emoções, antes é possuída por elas. Em vista disso, de modo algum lhe poderíamos dar o conhecimento completo do assunto. Está preparada para a consolação, não para a verdade".