Por que alguns cristãos
não apresentam atitude alegre diante da vida? Será por defeito? Por autenticidade?
A meditação pode nos levar ao um estado de tristeza? Por que a humanidade, de
um modo geral, parece mais triste do que alegre? É apenas aparência ou
realidade? Eis algumas questões para iniciarmos esta pequena reflexão sobre o
aspecto lúgubre de nossa existência.
Influenciados pelo
anexim de que “a Terra é um vale de lágrimas”, o nosso sentimento mais
frequente está relacionado com a desgraça e a dor; a tristeza, que daí advém, acaba
obscurecendo toda a nossa existência. Ela acaba ditando a nossa conduta e o nosso
comportamento, desviando-nos, muitas vezes do bom caminho, porque abalou toda a
nossa resistência psíquica, configurando uma queda espiritual de proporções gigantescas.
Nas religiões, há
um paradoxo: buscam a alegria, mas fazem-no de modo triste. Lembremo-nos do
filme “O Nome da Rosa”, narrativa
policial, ambientada num mosteiro beneditino da Idade Média, em que o riso era
proibido. Um filme de feições taciturnas, tristes e melancólicas, que desviavam
os crentes da verdadeira religião, inclusive com os diversos assassinatos ali
ocorridos.
O Cristianismo,
porém, se apresenta como uma mensagem de alegria, a conclamação da boa nova, um
anúncio de felicidade que diz respeito à vida inteira. A tristeza de Jesus,
durante a Paixão, quando diz que sua
alma está triste até morte, não significa uma tristeza pessimista, mas um
sofrimento em favor da libertação dos homens. A sua tristeza é por reconhecer
que os homens ainda não compreendiam a sua mensagem de esperança. Por isso, o
consolador prometido.
Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu
rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente
convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o
vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará
em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu
nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho
dito. (João, XIV: 15 a 17 e 26)
De acordo com Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, “O Espiritismo vem, no tempo
assinalado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito da Verdade preside ao seu
estabelecimento. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as
coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Cristo
disse: “que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”. O Espiritismo vem abrir os
olhos e os ouvidos, porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu
propositalmente lançado sobre certos mistérios, e vem, por fim, trazer uma
suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma
causa justa e um objetivo útil a todas as dores”.
No mundo de provas e expiações que ainda vivemos, não há
alegria sem tristeza. Façamos dela um trampolim para a verdadeira alegria,
aquela que vem da prática incessante da caridade desinteressada.
Fonte de
Consulta
IDÍGORAS, J. L. Vocabulário
Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.
KARDEC, A. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. 39.
ed. São Paulo :
IDE, 1984.e
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