21 abril 2020

Tiradentes

"Tiradentes" era o apelido atribuído a Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), um dos líderes da Inconfidência Mineira, e o único a receber a pena capital (morte pela forca). Considerado um herói nacional por ter lutado pela independência do Brasil, num período em que o Brasil sofria o domínio e exploração portuguesa.

O Espírito Irmão X, no capítulo XIV "A Inconfidência Mineira", do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, esclarece-nos a respeito desse episódio da história econômica e política brasileira.

Por esse tempo, o Brasil sofria o máximo de vexames... "Os padres queriam todo o ouro das minas, para a edificação das suas igrejas suntuosas; os membros da magistratura consideravam de necessidade enriquecer-se, antes de regressarem a Portugal, com opulentas aquisições; os agentes do fisco executavam as determinações da corte de Lisboa, árvore farta e maravilhosa, onde todos os parasitas da nobreza iam sugar 84 a seiva de pensões extraordinárias e fabulosas".

Havia muitos brasileiros, que estudavam na França, e de lá vinham abarrotados dos princípios filosóficos de Rousseau e dos enciclopedistas. Sentem-se compenetrados de que poderiam tomar as rédeas dos seus próprios destinos. Iniciam-se os esboços da conspiração.

Dos vários encontros realizados para tal finalidade, escolheu-se a personalidade de Tiradentes para ser o líder do movimento. Os desejos de liberdade foram vetados por autoridades portuguesas tão logo ficaram sabendo do ocorrido, mandando imediatamente extinguir a figura que se sobressaia nas ditas articulações.

Tiradentes entrega o espírito a Deus em 21 de abril de 1792. Mas, nesse momento, Ismael recebia em seus braços carinhosos e fraternais a alma edificada do mártir. Eis, as suas palavras:

"— Irmão querido — exclama ele — resgatas hoje os delitos cruéis que cometeste quando te ocupavas do nefando mister de inquisidor, nos tempos passados. Redimiste o pretérito obscuro e criminoso, com as lágrimas do teu sacrifício em favor da Pátria do Evangelho de Jesus. Passarás a ser um símbolo para a posteridade, com o teu heroísmo resignado nos sofrimentos purificadores". 

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Joaquim José da Silva Xavier (1746-21/04/1792) nasceu em São João del Rei. Órfão de mãe desde os 9 anos e de pai a partir dos 11, é criado pelo padastro em Vila Rica, atual Ouro Preto. Exerceu os ofícios de tropeiro, minerador e dentista - de onde vem o apelido Tiradentes. Entra na conspiração depois de se tornar alferes (o equivalente a soldado na época) do Regimento dos Dragões de Minas Gerais.

Como não era promovido, por não ter relação com a aristocracia local, passa a fazer parte da Inconfidência Mineira após conhecer Domingos Barbosa e José Alvares Maciel, dois outros integrantes do movimento, no Rio de Janeiro. Adere ao movimento com muita impetuosidade, liderando e organizando-o até ser preso, em 1789, data em que a conspiração foi descoberta. O processo arrasta-se até 1792. No dia 21 de abril daquele ano foi executado em praça pública.  

O Espírito Humberto de Campos, no capítulo 29 "Tiradentes", do livro Crônicas do Além-Túmulo, tenta extrair algumas opiniões do Espírito Tiradentes, amante da liberdade. Por isso, lutou contra o despotismo. 

 

01 abril 2020

Louco! Esta Noite Pedirão tua Alma

O texto evangélico: E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lucas 12:16-20)

A massificação das informações sobre o coronavírus (Covid-19) está atormentando todos os viventes deste planeta. A maioria das pessoas, de semblantes tristes, sentem mais de perto o medo da morte. E se Deus houvesse por bem nos tirar a vida, como está expresso no texto acima? Estamos preparados para o desencarne? O que nos espera no além-túmulo?

Allan Kardec, no capítulo II ("Temor da Morte"), do livro O Céu e o Inferno, analisa as causas do temor da morte e a razão de os espíritas não a temerem. O temor é consequência do instinto de conservação. À medida que o ser humano vai penetrando mais amiudamente na compreensão da vida futura, o temor vai diminuindo, pois uma vez conhecida a sua missão na terra, aguarda-lhe o fim calma, resignada e serenamente.

"A certeza de reencontrar seus amigos depois da morte, de reatar as relações que tivera na Terra, de não perder um só fruto de seu trabalho, de engrandecer-se incessantemente em inteligência, perfeição, dá-lhe paciência para esperar e coragem para suportar as fadigas transitórias da vida terrena. A solidariedade entre vivos e mortos faz-lhe compreender a que deve existir na Terra, onde a fraternidade e a caridade têm desde então um fim e uma razão de ser, no presente como no futuro".

Ao tratar de por que os espíritas não temem a morte, enfatiza que a Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva da vida futura, que não é uma quimera, mas o resultado da observação. Não foram os homens que a descobriram por suas pesquisas, mas, sim, os próprios habitantes do além que vieram relatar a dinâmica do mundo espiritual. Há, assim, Espíritos de todo o grau de evolução. Isso fornece ao espírita estímulos de serenidade nos últimos momentos de sua passagem terrena. 

Para os espíritas, a alma não é uma abstração. Ela tem um corpo espiritual, uma individualidade que acompanha a trajetória de sua evolução, pois a passagem para outra dimensão apenas muda a nossa vestimenta, mas os nossos conhecimentos e as nossas ações continuam intactos em nós, dando-nos condições de habitar regiões mais felizes ou menos felizes dependendo do que fizemos com o tempo que nos foi concedido viver aqui.