21 dezembro 2010

Muito se Pedirá Àquele que Muito Recebeu

“Muito se Pedirá Àquele que Muito Recebeu” é um subtítulo, transcrito nos itens 10, 11 e 12, do capítulo XVIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, “Muitos os Chamados e Poucos os Escolhidos”. Este tema mostra a estreita relação entre o conhecimento adquirido e a responsabilidade que daí advém, ou seja, pedir-se-á ao que tem, mas em compensação dar-se-lhe-á mais.

Antes da vinda do Cristo, a Terra possuía vasta cultura, principalmente aquela veiculada pelos grandes filósofos da antiguidade clássica grega. Faltava-lhe, porém, a educação moral, aquela que modifica o ser na sua essência. O Espírito Emmanuel, no capítulo 21, do livro Roteiro, lembra-nos que: o cativeiro consagrado por lei era flagelo comum; a mulher, aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se dispensava aos cavalos; os pais podiam vender os filhos; as crianças fracas eram, quase sempre, punidas com morte; as feras devoravam homens vivos nos espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso geral.

O suplício pelo qual Jesus passou na cruz dá novo ânimo aos seus seguidores; estes começam a dedicar-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular; ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor, a fortaleza moral e a esperança; todos os seres humanos são tocados pela luz do Mestre; uma nova mentalidade é implantada no planeta terra.

De acordo com o preceito evangélico, o que tiver recebido mais conhecimento e não o tiver aplicado, será rudemente castigado; contrariamente, aquele que recebeu menos conhecimento e não o tiver aplicado, será menos castigado. É a noção de justiça. Como exigir daquele que não tem capacidade de entender a boa nova? Para tanto, urge conhecer a vontade do Senhor, consubstanciada na lei do amor, ensinada por Cristo.

Jesus quer nos chamar a atenção para a direção dos nossos olhos. Se olharmos as coisas com segunda intenção, com maldade, com desconfiança, então estaremos “pecando”. Por outro lado, quando ampliamos a nossa visão para as coisas do espírito, vamos nos tornando cegos para a concupiscência, para o erro, para o desvio com relação às Leis Naturais. É por isso que ele diz: “Se fôsseis cegos não teríeis pecado”.

Antevendo toda a deturpação que sua doutrina sofreria ao longo do tempo, Jesus falou-nos do Consolador Prometido, aquele que viria nos lembrar do que houvéramos esquecido e nos trazer novos conhecimentos. O Espiritismo veio abrir a nossa visão de mundo, para que pudéssemos enxergar além dos aspectos puramente físicos, pois ensina-nos que o verdadeiro mundo não é este, mas o mundo espiritual.

Caso tenhamos sido agraciados pelo Senhor da vida a respeito dos conhecimentos espirituais, não os deixemos estagnados. Ao contrário, passemo-los para os nossos irmãos, pois “Aquele que sabe e cala-se é como o avarento que amealha tesouros”.