31 maio 2022

Temer ou Crer?

As várias situações do nosso dia-a-dia, tais como, barulho de som, conversas dos vizinhos, notícias alarmantes transmitidas pela mídia, alteram os nossos sentidos e provocam uma percepção deprimente da vida, e acabam afetando o nosso equilíbrio psicofísico espiritual.

Outro fator que pode nos levar ao desespero é a falta de dinheiro para os gastos mensais que temos de arcar. Isso pode provocar a diminuição da nossa esperança e, consequentemente, a nossa mente começa a entrar em pânico. Que será de mim? Como vou sair disso? Morrerei de fome?

A saúde debilitada pode influenciar o nosso comportamento, pois acaba impingindo um medo infundado, principalmente se nos faltar recursos para aviar as receitas médicas ou se começarmos a depender de terceiros, pois isso pode abalar o nosso orgulho e a nossa vaidade.

Olhemos, também, para a queda na cotação das ações na Bolsa de Valores. Quantos já não cometeram o suicídio?

Em vista de todos esses problemas relatados, qual o apelo cristão? “Não, Temas, Crê”. E como aplicar esse ensinamento ante as nossas fraquezas, inclusive, com a própria descrença em relação ao nosso anjo de guarda, que está sempre velando por cada um de nós? 

Contudo, a lição do Evangelho é clara: "não temas, crê", pois uma força superior que está nos auxiliando, mesmo que veladamente, e que momentaneamente não somos capazes de compreender, mas lá está para nos inspirar os bons pensamentos, a resignação e a tolerância. Acionemos, assim, a fé, a prece e a vigilância, aceitando pacientemente que o que está acontecendo é o melhor para o nosso progresso material e espiritual. 

Resignemo-nos às determinações do Alto e continuemos o nosso trabalho, pois temos que dar contas das horas que vivemos neste Planeta, e que cada minuto, cada hora, é um livro que estamos escrevendo, e no futuro, quando passarmos para a outra dimensão, o histórico de nossas atividades possa ser uma facho de luz para todos os que aqui ficaram. .  

30 maio 2022

Destruição dos Seres Vivos Uns pelos Outros

A destruição dos seres vivos uns pelos outros faz parte da lei natural. Mesmo que para muitos de nós pareça ir contra a bondade de Deus, o fato resplandece diante dos nossos olhos. Aqui, como em muitos outros casos, cabe uma ressalva: há necessidade de entendermos que os desígnios de Deus vão além de nossa visão tacanha da matéria.

A necessidade de uns se nutrirem à custa dos outros, pode ser entendida fazendo uma reflexão sobre o princípio espiritual, considerado em sua verdadeira essência. Consequentemente, a verdadeira vida não se encontra no envoltório corporal; ela está no princípio inteligente, que preexiste, e que sobrevive ao corpo.

Como Kardec nos ensinou, o princípio espiritual precisa de um corpo físico para o seu processo evolutivo. No entanto, o corpo, que serve de morada ao Espírito, desgasta-se nesse processo. O Espírito, não. Tanto faz mudar de vestimenta, quantas vezes forem necessárias.

De tudo devemos tirar algum ensinamento. No processo de destruição, Deus ensina aos homens o pouco apreço que devem dar ao seu corpo físico, ensejando-lhes o desejo de uma compensação. Além do mais, como Deus é infinitamente justo e sábio, devemos aceitar humildemente tudo o que ultrapassa nosso conhecimento.

A utilidade da destruição prende-se ao fato de que os corpos, instrumentos de ação do princípio inteligente, têm necessidade de ser incessantemente renovados. O Espírito, contudo, continua intacto.

Importante: tanto o que ataca, quanto o que se defende para conservar sua vida, fazem uso da habilidade e da inteligência, e por isso mesmo, aumentam suas forças intelectuais. O que atacou não levou o Espírito daquele que sucumbiu, apenas a sua veste.

O processo evolutivo da destruição pode ser visto nos seguintes termos: quando não há senso moral, luta-se para sobreviver. Nas primeiras idades, o instinto animal domina; depois se contrabalançam. Porém, à medida que o senso moral predomina, a sensibilidade se desenvolve, a necessidade da destruição diminui.

Fonte de Consulta

Subitem do Capítulo III — "O Bem e o Mal", do livro A Gênese, de Allan Kardec.



21 maio 2022

Frederico Figner

“Se a experiência carnal amadurece e passa, a vida prossegue e a luta continua”, deixa ele registrado logo na introdução da sua conhecida obra Voltei.

Frederico Figner, com o pseudônimo de Irmão Jacob, no livro Voltei, psicografado por Francisco Cândido Xavier e publicado em 1949 pela FEB, conta detalhes de seu retorno à pátria espiritual, mostrando-nos as dificuldades de sua adaptação ao novo mundo. Cumpriu sua promessa de relatar aos amigos que aqui deixou a sua adaptação no plano espiritual.

Figner fez parte da Federação Espírita Brasileira (FEB) como vice-presidente, tesoureiro e membro do conselho fiscal. Viveu intensamente o amor ao próximo, mas reconheceu “não ter providenciado luz para ele mesmo”.

Rita Cirne, jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra e do jornal Valor Econômico, no Jornal "Correio Fraterno" n.º 504, de março / abril de 2022, retrata a entrevista do diretor da FEB Carlos Campetti, no programa “Biografia” (FEBtv, de 19 de novembro de 2014).

Abaixo cópia do texto publicado no Correio Fraterno 

Carlos Campetti disse que com Figner tudo era “pão, pão, pedra, pedra”. Era um homem emotivo, mas uma pessoa prática, objetiva. Quando tinha que falar, não mandava recado. Pela manhã, passava pela FEB, dava passes. Ao sair do trabalho, retornava à Federação para dar assistência às pessoas. Muitas vezes ia aos morros do Rio de Janeiro levar alimentos e medicamentos. Tinha por hábito dizer aos Espíritos que acendessem a própria luz.

Sensibilizado com a situação de muitos artistas, que viviam em penúria na velhice, ele doou um terreno, em Jacarepaguá, no Rio, para a construção da instituição Retiro dos Artistas, que funciona até hoje.

No programa citado, Campetti se emociona ao comentar o trecho do livro em que Figner percebe já ter desenvolvido a sua luz. No seu entender, seria ele um judeu reconciliado com Cristo: “Pôde compreender o papel de Jesus e conseguiu interiorizar essa proposta e iluminar a si mesmo”. 

Sua luta começou na Tchecoslováquia, onde nasceu em dezembro de 1866. De família muito pobre, com apenas 16 anos decidiu migrar para os Estados Unidos para ajudar a quitar as dívidas de seus pais e a ter recurso para os dotes de suas irmãs, uma necessidade para que elas pudessem se casar, segundo os costumes da época. Nos Estados Unidos, adquiriu um dos fonógrafos que estavam sendo lançados por Thomas Edison, e veio para o Brasil. Oferecia a novidade nas praças, permitindo que as pessoas gravassem e ouvissem a própria voz. Ganhou dinheiro com essa atividade viajando pelo Brasil, Uruguai e Argentina. Assim, conseguiu montar no Rio de Janeiro a Casa Edison para vender fonógrafos, começando a fazer gravações de artistas brasileiros no início do século 20. Figner acabou criando uma indústria de produção de discos, surgindo assim a marca Odeon, que ficou famosa no Brasil. 

Com seu espírito empreendedor, construiu uma vida próspera. Casou-se e teve seis filhos. Sua esposa Esther e ele já eram espíritas quando a sua filha mais velha, Rachel, desencarnou. Eles ouviram falar da médium de efeitos físicos Ana Prado, de Belém do Pará, e foram até ela em busca de alguma comunicação com a filha. Tiveram sucesso nessa empreitada e o que sucedeu naquelas sessões no Pará foi relatado no livro O trabalho dos mortos, de Nogueira de Faria, lançado pela FEB em 1921.

A sua jornada terrena se encerrou em 19 de janeiro de 1947, com 80 anos. Segundo informa a Federação Espírita do Paraná, ao se abrir seu testamento, verificou-se que ele havia destinado parte substancial dos seus bens às obras sociais de Francisco Cândido Xavier. E, na espiritualidade, uma nova seara de serviços se abria para ele, que estava preparado para o desafio.

Link do programa: https://www.youtube.com/watch?v=jidlMXTd-w0

Curiosidades

No livro Voltei, Figner narra seu encontro com Thomas Edison na espiritualidade: “Vi Edson em pessoa. Tamanha luminosidade lhe coroava a cabeça veneranda, que tive ímpetos de ajoelhar-me. Avancei para ele, perturbado de júbilo, e quis beijar-lhe as mãos. O inolvidável benfeitor abraçou-me, de encontro ao peito, e, esquivando-se às minhas homenagens, recordou os últimos anos do século passado, reportando-se ao fonógrafo, cuja vulgarização tive o prazer de acompanhar”.

O vídeo do jornalista e historiador Thiago Gomide, no canal “Tá na História “mostra a mansão que pertenceu a Frederico Figner na rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, em 1912. Gomide afirma que Figner foi fundamental para o desenvolvimento da indústria fonográfica no Brasil ao divulgar o fonógrafo inventado por Thomas Edison e ao criar a Casa Edison, no centro do Rio, a primeira gravadora da América Latina. Já a sua Mansão no Flamengo foi tombada em 1995. Adquirida pelo Sesc-Rio de Janeiro, foi restaurada e hoje abriga uma unidade dessa instituição.

Extraído de: 

https://correio.news/bau-de-memorias/frederico-figner-em-busca-de-sua-propria-luz?rq=figner

Explicações de Ranieri sobre o livro "Voltei"

Frederico Figner havia prometido, quando encarnado, contar a experiência do outro lado, quando desencarnado.

Não sabia, porém, que há controle das comunicações quando o médium é missionário, evangelizado e disciplinado.

Após o desencarne, procurou o Chico para tal empreendimento, mas Emmanuel se opôs.

Figner não disse, mas pensou em outros Espíritos, tais como André Luiz, que escrevera vários livros.

Lendo-lhe o pensamento, Emmanuel esclareceu que André Luiz se exercitou durante dois anos através de Chico Xavier, antes que pudesse dar à publicidade qualquer coisa.

Figner saiu aborrecido, mas submeteu-se à disciplina de Emmanuel.

Mais tarde lhe foi permitido escrever o livro “Voltei”. Esperava ver estampado o seu nome no livro, mas lhe foi vetado.

Chico, orientado por Emmanuel, resolveu enviar os originais às filhas de Frederico Figner, e ao recebê-los ficaram revoltadas.

“— Onde já se viu! Isso tudo é invenção do Chico Xavier! Não permitiremos que saia o nome de nosso pai! Vê lá se ele iria escrever isso e dizer essas coisas! Isso é invenção da cabeça do Chico! Não, não concordamos!”

Com isso, o livro saiu com o nome de Irmão Jacob.

Mais um desapontamento, pois queria que os homens o conhecessem tal qual era.

RANIERI, R. A. Chico Xavier: O Santo dos nossos Dias. Rio de Janeiro: Editora Eco. (Título no índice: Voltei)

 

 

 

05 maio 2022

Passagem pela Ponte

Em termos simbólicos, a ponte é usada para representar a ligação e a meditação. Em muitos povos, há concepção de uma ponte que liga o Céu e a Terra. No islamismo, por exemplo, ela é mais estreita que um fio de cabelo e mais cortante que a lâmina de uma espada, separando os que se precipitarão no Inferno e aqueles que adentrarão ao Céu. Podemos vê-la, também, como uma forma de superação.

O Espírito Jacob, no capítulo 7 “Incidente em Viagem”, do livro Voltei, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, relata-nos o episódio da travessia da ponte e as observações de Bezerra de Menezes.

Na caravana de recém-desencarnados, em lição de aprendizado na nova morada espiritual, um dos componentes se lembra de ter cometido um crime. Foi o suficiente para acordar as almas nefastas que estavam ao derredor da ponte para tentar atacar os que por ali passavam.

Bezerra de Menezes fala sobre o registro magnético do psiquismo, classificando-o com “inquietante média de pavor”. “Acrescentou que a importância da ponte era tão grande que, comumente, muitos habitantes das regiões perturbadas se aglomeravam na base que deveríamos atingir dentro em pouco, ameaçando os candidatos ao reino da luz...”

"Bezerra, sereno, mas fundamente preocupado, rompeu a expectação, cientificando-nos de que deveríamos olvidar os erros do pretérito e que um dos amigos, em vista de corresponder em demasia à lembrança do mal, impusera descontinuidade à nossa viagem. Acentuou que as reminiscências de crimes transcorridos não deveriam perturbar-nos e que bastaria sintonizar-nos excessivamente com o pretérito para causarmos sérios prejuízos a outrem e a nós mesmos, em circunstância delicada quanto aquela. Disse que o irmão em crise realmente fora homicida em outra época, mas trabalhara em favor da regeneração própria e a bem da Humanidade, com tamanho valor, nos últimos trinta anos da existência, que merecera carinhosa proteção dos orientadores de mais alto e que não devia levar a penitência tão longe, pelo menos naquele momento, a ponto de ameaçar o Êxito da expedição. Necessitávamos reatar o “fio de ligação mental comum”, a fim de que a nossa capacidade volitante fosse mantida em alto padrão. De outro modo, a concentração em massa de entidades inferiores, ao pé da ponte, que se alonga sobre o abismo, talvez nos dificultasse a passagem".

Posteriormente, Bezerra recomendou a oração em voz alta, para que a nossa corrente de energia espiritual se recompusesse.

No Zoroastrismo, fala-se em ponte do juízo.  

No além da vida, baseado no balanço dos pensamentos, palavras e ações; as pessoas cruzam a ponte do juízo, caindo no reino das trevas e sofrimento se ímpias ou subindo ao paraíso se justas. No juízo final, com a destruição do cosmo, do Mal e um juízo final, a criação será redimida para viver eternamente no reino de Ahura Mazda. (https://ensaiosenotas.com/2018/11/02/zoroastrismo-o-louvor-ao-bem/)