Nas palestras espíritas, ouvimos frequentemente a frase:
“amai-vos e instruí-vos”. Quem a proferiu? Onde está situada? Qual o seu
alcance? Essa frase encontra-se no capítulo VI (“O Cristo Consolador”) de O Evangelho Segundo o Espiritismo e,
mais especificamente, nas instruções dos Espíritos, com o subtítulo “Advento do
Espírito de Verdade”.
No quinto parágrafo dessas instruções, há os seguintes
dizeres: “Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as
verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de
origem humana, e eis que, além do túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos
clamam: Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os
vencedores da impiedade" (O Espírito de Verdade, Paris, 1860).
Em se tratando do
amor, conceito polissêmico, podemos vê-lo sob o ponto de vista do amor egoísta
(tudo nos pertence), do amor racional (em que a razão tem grande predominância)
e do amor doação ou incondicional (aquele
ensinado por Jesus). Cabe-nos, ao longo de nossa trajetória de progresso, passarmos do amor egoísta
ao amor incondicional, em que daremos tudo sem pedir nada em troca.
Instruir é fornecer
ou adquirir conhecimentos. É educar ou treinar alguém numa dada atividade. A instrução
pode ser do tipo “bancária”, em que o professor dá importância ao “conteúdo da
matéria” e instrução “problematizadora”, em que o professor procura formar
cabeças pensantes. Há, também, a instrução evangélica, aquela baseada na pedagogia
de Jesus, consubstanciada no ensinamento contido no relato da candeia e do
alqueire.
Antes
de empreender, necessário se faz definir o objetivo. O objetivo da instrução espírita
é divulgar os princípios doutrinários do Espiritismo, para que mais pessoas
possam entrar em contato com esses ensinamentos de libertação de consciência. Para
tanto, o divulgador deve se debruçar sobre as obras básicas e complementares da
Doutrina Espírita. Sem isso, assemelha-se ao falso profeta que Jesus denunciava
em seu Evangelho.
Allan
Kardec, em O Evangelho Segundo
o Espiritismo, ensina-nos que o amor resume inteiramente a doutrina de
Jesus. Diz-nos que "no início o homem não tem senão instintos; mais
elevado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado tem
sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido
vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente
todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas". (Kardec, 1984,
p. 146)
O verdadeiro
discípulo do Evangelho deve instruir amorosamente os seus adeptos na preciosa
doutrina que dissipa o erro das revoltas.
KARDEC, A. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. 39.
ed. São Paulo:
IDE, 1984.
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