17 abril 2009

Os Fluidos

Os fluidos são substâncias líquidas ou gasosas. São os estados da matéria em que ela é mais rarefeita do que no estado conhecido sob o nome de gás. Em se tratando do Espiritismo, refere-se ao capítulo 14 do livro A Gênese, de Allan Kardec. Lendo atentamente este capítulo, verificamos a importância dos fluidos não somente nos diversos fenômenos que acontecem na mediunidade como também na formação do Perispírito, elo entre o corpo físico e o Espírito propriamente dito.

Os fluidos recebem variadas denominações, entre as quais, citamos: "fluido imponderável", "fluido mentomagnético", "fluido nervoso", "fluido espiritual", "fluido perispiritual", "fluido vital", "fluido vivo" e "fluidoterapia". Todos esses tipos de fluidos nada mais são do que a transformação de uma substância elementar primitiva, denominada de fluido cósmico universal. A qualificação de fluidos espirituais, por exemplo, não é exata. Quando nos referimos aos fluidos é a matéria que está em jogo. Nesse caso, os fluidos espirituais são matéria mais ou menos quintessenciada. Dizemos fluidos espirituais mais pela afinidade que eles guardam com os Espíritos. Poder-se-ia também dizer que eles são matéria do mundo espiritual.

De acordo com o Espiritismo, o fluido cósmico universal é "a matéria elementar primitiva, cujas modificações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele".

Como melhor entender a noção de fluidos? Em realidade, há um elemento primitivo, que dá origem a todos os outros corpos da Natureza. As transformações do fluido cósmico universal variam da máxima imponderabilidade à máxima ponderabilidade. Nesse caso, os fluidos, ditos espirituais, formar-se-iam dos elementos mais sutis do fluido cósmico universal; o perispírito já teria uma conformação mais condensada; a matéria bruta mais condensada ainda. Há fenômenos que os olhos físicos não conseguem captar, mas os olhos do Espírito, sim, porque podem penetrar em estados de menor condensação da matéria.

passe espiritual baseia-se na transmissão do fluido do médium, combinado com o fluido dos Espíritos superiores. No passe, os fluidos bons substituem os fluidos malsãos. É por esta razão que se pede que todo o passista seja um trabalhador dedicado da seara de Jesus, pois está prestando relevantes serviços na propagação do Espiritismo, principalmente no auxílio da cura do corpo e do Espírito. É por isso também que os Centros Espíritas estão sempre insistindo na mesma tecla, ou seja, na transformação interior, tanto de quem aplica o passe como daquele que o recebe.

Equilibremos o nosso estômago e as nossas emoções mais fortes, a fim de que estejamos sempre prontos para atender ao chamado dos nossos mentores espirituais.



08 abril 2009

Lei Humana e Lei Divina

Lei é uma norma ou conjunto de normas ditada pelo poder público constituinte e tornada obrigatória para manter, numa comunidade, a ordem e o desenvolvimento. A noção de lei depende da regra ou da necessidade. Em se tratando da regra, diz respeito à lei humana, limitada e sujeita a sanções de diversos matizes. Em se tratando da necessidade, refere-se à lei natural, ou seja, a que não suporta exceção, sendo uma lei que deriva da natureza das coisas.

De acordo com Whithead, em Aventura das Ideias, há, pelo menos, quatro doutrinas concernentes à lei natural: 1) Lei como imanente — a ordem da natureza expressa os caracteres das coisas reais, as quais, conjuntamente, compõem as existências encontradas na natureza; 2) Lei como imposta — uma existência necessita estar relacionada com outras existências; 3) Lei como ordem observada de sucessões – basta apenas observar e descrever os padrões de identidade da natureza; 4) Lei como interpretação convencional — além da descrição, devemos estudar os fatos e inferir novas leis.

Os Dez Mandamentos e a lei de Moisés podem oferecer-nos uma clara distinção entre a Lei Divina e a lei humana. Moisés, grande médium que fora, recebera dos Espíritos superiores a tábua dos Dez Mandamentos, consubstanciando os ensinamentos da Lei Divina. De outro modo, como tinha que manter a disciplina do seu povo, ainda muito primitivo, valeu-se das leis humanas, criadas por ele mesmo, emprestando-lhe um caráter divino. O “olho por olho e dente por dente” é um bom exemplo de como o humano pode passar pelo divino.

Se as leis divinas estão inscritas na consciência dos seres humanos, a sociedade não poderia ser regida apenas por elas? Poderia, se todos as compreendessem bem. Se os homens as quisessem praticar, elas bastariam. A sociedade, porém, tem suas exigências. São-lhe necessárias leis especiais. Em outras palavras, não basta as leis estarem inscritas, faz-se necessário que elas sejam atualizadas. Quer dizer, estas leis devem ser lembradas, exercitadas para que façam parte de nosso passivo espiritual.

Allan Kardec, na pergunta 795 de O Livro dos Espíritos, diz-nos: “A civilização criou necessidades novas para o homem, necessidades relativas à posição social que ele ocupe. Tem-se então que regular, por meio de leis humanas, os direitos e deveres dessa posição. Mas, influenciado pelas suas paixões, ele não raro há criado direitos e deveres imaginários, que a lei natural e que os povos riscam de seus códigos à medida que progridem. A lei natural é imutável e a mesma para todos; a lei humana é variável e progressiva. Na infância das sociedades, só esta pode consagrar o direito do mais forte”.

A lei humana pune, mas é incapaz de alcançar todas as faltas. Pergunta-se: e as faltas que não são punidas nesta vida? Certamente ficarão para uma próxima encarnação. Há diversos casos, em que a mídia jornalística informa que as pessoas foram presas inocentemente. A notícia: depois de muitos anos, descobriu-se o que o assassino foi outro e não o que está preso. De imediato, pensamos na injustiça. Como pode acontecer isso? Contudo, se voltarmos a uma encarnação passada, poderíamos descobrir que lá ficaram pendências, as quais devem ser sanadas nesta existência, para que a Lei Divina se cumpra.

A Lei Divina está inscrita em nossa consciência. Consultemo-la mais constantemente, a fim de evitarmos levar para a outra vida o que deve ser resolvido nesta.





02 abril 2009

O Céu

O céu e o inferno não viveram apenas nas mitologias. Passaram imediatamente para as religiões. Cogita-se que o céu tenha sido o primeiro objeto de culto da humanidade, geralmente associado às quase ubíquas divindades uranianas. A teologia cristã, por exemplo, usa indistintamente a palavra céu como se fosse o termo dos astrônomos e astronautas ou a morada de Deus, em que se reúnem os bem-aventurados. Diz-se que Jesus veio do céu e a ele voltou. Quando desceu aos infernos, fê-Lo para nos salvar da morte do pecado.

O céu é visto pelas diversas religiões. Para os budistas, é a morada dos deuses, ou Devas, isto é, dos espíritos que, pelos seus méritos, conquistaram uma situação privilegiada. Para os chineses, o céu é um trapézio regular invertido, dividido em compartimentos paralelos, os quais constituem cada um dos andares. Este trapézio assenta sobre o monte Meru, que emerge do oceano. Para as religiões pagãs clássicas, o céu foi a personificação da abóbada celeste. Na Bíblia, serve para designar o lugar donde veio Cristo e para onde voltou, que é o lugar dos bem-aventurados. A teologia católica reconhece três céus: o primeiro é o da região do ar e das nuvens; o segundo, o espaço em que giram os astros; e o terceiro, para além deste, é a morada do Altíssimo, a habitação dos que o contemplam face a face.

A teologia católica, baseada na tese da materialidade do universo, acreditava que o céu e o inferno eram lugares circunscritos. A crença na materialidade da abóbada celeste, supondo os astros nela fixos, vem de longa data. Aristóteles, por exemplo, reservava para as estrelas o oitavo céu ou firmamento. Até a Idade Média considerava-se a Terra como sendo o centro do universo. Copérnico, no Século XVI, quebra a tradição milenar e coloca o Sol no centro do Universo. Com isso a Terra entrou no Céu. Mais tarde, Galileu, com a descoberta do telescópio (1609), corrobora tal afirmação. A Ciência parecia ir contra a Bíblia; mas a Bíblia ensina como ir ao Céu, não como ele foi feito.

A Doutrina Espírita, já banhada pelas luzes da ciência, tem outra visão do céu. Ele não é mais um lugar circunscrito, mas um estado de alma, um estado de consciência da pessoa. Para o Espiritismo, a palavra céu indica o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores em que os Espíritos gozam de todas as suas faculdades, sem as tribulações da vida material nem as angústias inerentes à inferioridade.

Por que temos facilidade em retratar o inferno e dificuldade com relação ao céu? Isso se deve porque o planeta Terra ainda é um mundo de provas e expiações, em que o mal predomina sobre o bem. Quando ele for elevado a mundos mais evoluídos, com certeza o pintaremos com cores mais brilhantes. Pergunta-se: como visualizar algo que está além do nosso cotidiano? Com o decorrer do tempo, porém, o planeta Terra passará para a condição de mundo regenerado, em que o bem predominará sobre o mal. Aí, sim, humanidade poderá expressá-lo com mais naturalidade.

A imagem do céu deve ser extraída dos mundos felizes de que nos falam os Espíritos superiores. Nada de guerra, fome, inveja, rancor, egoísmo. Nesse mundos, todos são irmãos uns dos outros, e procuram mais o bem comum do que o próprio interesse. Isto é o que devemos plasmar para o futuro da humanidade.