Eternidade. Ausência
de início e fim. Em filosofia e religião, o que dura para sempre e que não tem
começo nem fim. Define-se naturalmente a eternidade como a duração indefinida,
um tempo linear e às vezes cíclico (Eterno Retorno) sem começo nem fim.
As locuções escolásticas
— a parte ante, a parte post — não
podem ser compreendidas uma sem a outra. Aplicam-se à eternidade que o homem
não pode conceber senão "dividindo-a" em duas partes. Uma, sem
limites no passado: é a eternidade a
parte ante; outra, sem limites no futuro: é a eternidade a parte post. Diziam os
escolásticos que Deus era uma eternidade a
parte ante e a parte post,
enquanto a alma humana é uma eternidade a
parte post. Esse conceito de eternidade é apenas analógico. (1)
Os gregos,
filósofos ou não, frequentemente entenderam “eternidade” como tempo infinito,
ou duração infinita. Esse sentido encontra-se especialmente vivo nas doutrinas
dos filósofos pré-socráticos quando falam que a realidade primordial é eterna
(isto é, sempiterna), ou quando mantém a teoria do eterno retorno. Encontramos
esse sentido em algumas passagens do próprio Platão, como no Fédon (103
E), onde ele se refere à duração eterna ou por todo o tempo, que pertence às
formas (outra passagem de tipo análogo em Rep. X, 608 D). Em
Aristóteles, se encontra o sentido de “eternidade” como duração infinita em
suas afirmações acerca da eternidade do movimento circular (Phys, VIII
8, 263 a 3) (2)
Segundo Santo
Agostinho, a eternidade não pode ser medida pelo tempo, mas também não é
simplesmente o intemporal: "A eternidade não tem em si nada que passa;
nela tudo está presente, o que não ocorre com o tempo, que jamais pode estar
verdadeiramente presente". Por isso a eternidade pertence a Deus.
Na
perspectiva cristã, o tempo deixa de ser a roda que sempre reconduz ao mesmo
lugar, para tornar-se a propedêutica da eternidade. O homem criado por Deus à
sua imagem e semelhança, foi precipitado no tempo e na morte em consequência do
pecado, que é, uma ruptura com Deus. Pelo Cristo porém, que é o mediador, pode
restabelecer a ligação com Deus, e fazer de sua vida no tempo uma preparação
para a vida eterna. O tempo é apenas um caminho que deve conduzir o homem fora
e além do tempo. (3)
Que
relação há entre tempo e eternidade? O tempo é apenas uma medida relativa da
sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida
alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo
lhe é presente. Se séculos de séculos são menos que um segundo, relativamente à
eternidade, que vem a ser a duração da vida humana? (4)
"PARA DEUS O PASSADO E O FUTURO SÃO PRESENTE", ou seja, dentro
da eternidade tudo é presente. Mesmo que seja possível uma viagem no tempo,
para o viajante aquilo não será compreendido como passado, e sim como presente.
Não é possível a divisibilidade do espírito.
No que tange à ubiquidade, podemos
considerar como irradiação do pensamento e não uma divisibilidade do ser. Seria como o Sol, que estando localizado em determinado espaço é visto em
diversos pontos.
(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências
Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965
(2) MORA, J.
Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.
(3) CORBISIER, R. Enciclopédia Filosófica. 2. ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1987.
(4) KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as
Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro,
FEB, 1976.
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