03 fevereiro 2009

O Senso de Justiça

Segundo Aristóteles, o Estado é "uma comunidade perfeita [...] que alcançou o objetivo final da total autossuficiência (autarkeia); ele surge, se é que podemos falar assim, a favor da vida, mas ele é a favor do bem-viver" (Política I 2, 1252b28-30). O Estado é a favor da justa cooperação. A cooperação humana completa só é possível pela virtude. O Estado é justo quando os seus cidadãos são justos, e isso quer dizer quando cada um faz sua parte.

A lei de cooperação deve se basear na justiça. Ser justo é atender as necessidades alheias, pois a virtude não existe por si, é apenas um processo, um meio de auxiliar o próximo. Quem vive com justiça faz aquilo que beneficia outros. O Estado existe "porque nenhum de nós basta a si mesmo, cada um tem necessidade de muitos outros" (República II, 369b6s.). O justo é fazer a própria parte e não tudo o que é possível.

Na antiguidade, falava-se das virtudes cardeais, ou seja, das virtudes básicas da vida. Eram quatro, a saber: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança. A Justiça era a principal, porque ela era considerada o eixo em que giravam as demais. O justo faz algo não para si, mas para beneficiar o próximo.

A justiça não é monopólio dos letrados. Muitos deles frequentaram as universidades e nem por isso são mais justos do que as pessoas iletradas. Quantas não são as vezes que observamos no homem comum um senso de justiça mais aguçado. Por quê? A lei da reencarnação pode nos esclarecer. Há Espíritos que, em outras vidas, já adquiram este senso. Eles não precisam da inteligência aguçada. Basta a herança e o automatismo de encarnações passadas.

O Espiritismo, não o Espiritismo de fachada, mas aquele que é vivenciado plenamente, oferece-nos esclarecimentos para qualquer assunto. Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec diz-nos que "O sentimento de justiça é tão natural que nos revoltamos ante uma injustiça. 0 progresso moral desenvolve a justiça, mas não a cria. Por isso, muitas vezes, entre os homens simples e primitivos encontramos noções mais exatas de justiça do que entre os de muito saber".

"O critério da verdadeira justiça é de fato o de se querer para os outros aquilo que se quer para si mesmo, e não de querer para si o que se deseja para os outros. Como não é natural que se queira o próprio mal, se tomarmos o desejo pessoal por norma ou ponto de partida, podemos estar certos de jamais desejar para o próximo senão o bem. Desde todos os tempos e em todas as crenças o homem procurou sempre fazer prevalecer o seu direito pessoal. O sublime da religião cristã foi tomar o direito pessoal por base do direito do próximo". (Perguntas 873 a 876 de O Livro dos Espíritos)

Estejamos atentos à nossa conduta para com terceiros. Será que estamos sendo justos para com todos? Em outras palavras, estamos renunciando algo de nós em benefício deles?

 

 

Um comentário:

Camila disse...

gostei muito do seu texto,você é muito competente,é uma pena que as pessoas as vezes não reconheçam o trabalho dos outros,ao não comentar um texto como esse.Me ajudou bastante