Segundo Aristóteles, o Estado é "uma comunidade perfeita
[...] que alcançou o objetivo final da total autossuficiência (autarkeia);
ele surge, se é que podemos falar assim, a favor da vida, mas ele é
a favor do bem-viver" (Política I 2, 1252b28-30). O Estado é a
favor da justa cooperação. A cooperação humana completa só é possível pela
virtude. O Estado é justo quando os seus cidadãos são justos, e isso quer dizer
quando cada um faz sua parte.
A lei de cooperação deve se basear na justiça. Ser justo é atender
as necessidades alheias, pois a virtude não existe por si, é apenas um
processo, um meio de auxiliar o próximo. Quem vive com justiça faz aquilo que
beneficia outros. O Estado existe "porque nenhum de nós basta a si mesmo,
cada um tem necessidade de muitos outros" (República II,
369b6s.). O justo é fazer a própria parte e não tudo o que é possível.
Na antiguidade, falava-se das virtudes cardeais, ou seja, das
virtudes básicas da vida. Eram quatro, a saber: Prudência, Justiça, Fortaleza e
Temperança. A Justiça era a principal, porque ela era considerada o eixo em que
giravam as demais. O justo faz algo não para si, mas para beneficiar o próximo.
A justiça não é monopólio dos letrados. Muitos deles frequentaram
as universidades e nem por isso são mais justos do que as pessoas iletradas.
Quantas não são as vezes que observamos no homem comum um senso de justiça mais
aguçado. Por quê? A lei da reencarnação pode nos esclarecer. Há Espíritos que,
em outras vidas, já adquiram este senso. Eles não precisam da inteligência
aguçada. Basta a herança e o automatismo de encarnações passadas.
O Espiritismo, não o Espiritismo de fachada, mas aquele que é
vivenciado plenamente, oferece-nos esclarecimentos para qualquer assunto.
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec diz-nos que "O
sentimento de justiça é tão natural que nos revoltamos ante uma injustiça. 0
progresso moral desenvolve a justiça, mas não a cria. Por isso, muitas vezes,
entre os homens simples e primitivos encontramos noções mais exatas de justiça
do que entre os de muito saber".
"O critério da verdadeira justiça é de fato o de se querer
para os outros aquilo que se quer para si mesmo, e não de querer para si o que se
deseja para os outros. Como não é natural que se queira o próprio mal, se
tomarmos o desejo pessoal por norma ou ponto de partida, podemos estar certos
de jamais desejar para o próximo senão o bem. Desde todos os tempos e em todas
as crenças o homem procurou sempre fazer prevalecer o seu direito pessoal. O
sublime da religião cristã foi tomar o direito pessoal por base do direito do
próximo". (Perguntas 873 a 876 de O Livro dos Espíritos)
Estejamos atentos à nossa conduta para com terceiros. Será que estamos
sendo justos para com todos? Em outras palavras, estamos renunciando algo de
nós em benefício deles?
Um comentário:
gostei muito do seu texto,você é muito competente,é uma pena que as pessoas as vezes não reconheçam o trabalho dos outros,ao não comentar um texto como esse.Me ajudou bastante
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