24 setembro 2006

Animal e Emoção

Os animais têm emoção? É uma pergunta que dá o que pensar. Não resta dúvida que alguns animais como o cavalo, o macaco, o cachorro e o elefante possuem apreciáveis qualidades da inteligência. Além disso, são receptivos aos elogios e às repreensões. Gabriel Dellane no livro A Evolução Anímica mostra que o remorso, a justiça e a injustiça encontram-se em germe em todos os animais, podendo manifestar-se em ocasiões oportunas. Mas, daí afirmar-se que o animal possua emoção vai grande distância.

Emoção – do francês émotion, significa sentimento de pouco duração, reações afetivas intensas, perturbações violentas e passageiras de afetividade complexa e ligadas a ideias, sendo estas evocadas ou não por percepções (tais são a cólera, o medo, a alegria, a tristeza etc.). A emoção distingue-se da afeição e da paixão. Enquanto a emoção está ligada a ideias e a estados complexos do espírito, a afeição (agrado e desagrado) está diretamente ligada à simples sensação. Por outro lado, a paixão é uma atitude permanente do espírito e não uma rápida efervescência da afetividade como a emoção.

A emoção é consequência dos nossos automatismos exercitados nos vários reinos da natureza. O Espírito André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, diz-nos que nas linhas da civilização o reflexo precede o instinto, o instinto precede a atividade refletida, a atividade refletida precede a inteligência, a inteligência precede a razão e a razão precede a responsabilidade. Deduz-se que o princípio inteligente vai agregando potencialidades físicas e psicológicas para desabrochar-se integralmente na fase humana.

O equacionamento do problema está no grau das manifestações. A inteligência, o livre-arbítrio e o sentimento encontram-se limitados no reino animal. Enfatiza-se que a distância entre a alma do animal e a alma do homem é equivalente à distância entre a alma humana e Deus. O homem é dotado da capacidade de elaborar conceitos morais, enquanto o animal não. O animal limita-se, exclusivamente, à vida material.

Concentremos nossa atenção no processo de evolução do Espírito. O objetivo central do Espírito é o seu progresso moral e intelectual. O nosso tempo deve ser alocado racionalmente para o aprendizado de coisas úteis. Quanto às relações misteriosas existentes entre o homem e o animal, isso, está nos segredos de Deus, cujo conhecimento nada importa para o nosso adiantamento, e sobre o qual seria inútil nos determos.

Respeitemos nossos irmãos inferiores dentro de seus graus de evolução. Não queiramos transformá-los em seres pensantes e apaixonados. Esta é uma característica própria do reino hominal.

Fonte de Consulta

DELANNE, G. Evolução Anímica. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1988.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.

XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.


 

Santo Agostinho e Comunicação Mediúnica

Santo Agostinho (354-430 d.C.), filho de Patrício e Mônica, nasceu em Tagaste, norte da África. Aos 16 anos, foi estudar direito em Cartago. Em 375, começou a se dedicar à filosofia, como resultado da leitura de Hortêncio, de Cícero. Converteu-se ao Maniqueísmo. Por algum tempo, atraiu-o o neoplatonismo. Em 386, sob a influência de Ambrósio, torna-se cristão e, em 391, é ordenado, mesmo contra a sua vontade, bispo de Hipona. Exerceu esse mandato por mais de 30 anos. Morreu em Hipona, aos 76 anos, durante cerco da cidade pelos vândalos.

Santo Agostinho deixou-nos muitas obras. A Cidade de Deus e Confissões são as mais importantes. Na Cidade de Deus discute o problema do bem e do mal e as relações entre o mundo material e o mundo espiritual. Na cidade dos homens, o egoísmo humano leva os governos à guerra e às mortes; na cidade de Deus, as relações são governadas pela justiça e caridade, tendo-se paz e harmonia. Em Confissões, faz uma autobiografia: conta em detalhes o drama de um pecador, principalmente na época em que era pagão.

Santo Agostinho, na época da Patrística, procurou relacionar a fé, vinda da revelação, com a razão, vinda da filosofia grega. Até então havia muita dúvida, pois alguns pais da Igreja afirmavam que a fé estava acima da razão. Para ele não há contradição entre fé e razão, pois Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou razões não existem em um mundo à parte, como afirmava Platão, mas na própria mente ou sabedoria divina, conforme o testemunho da Bíblia.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo há várias comunicações mediúnicas, ditadas por Santo Agostinho. Pergunta-se: essas comunicações são genuinamente espíritas ou trazem um ranço do catolicismo? Pelo fato de exercer muitos anos o bispado, não há um automatismo dos conceitos religiosos? A princípio, poderíamos dizer que sim. Mas, lendo uma nota de Allan Kardec, mudamos de idéia. Ele nos diz que o Espírito, desprovido do corpo físico, faz uma melhor avaliação do que seja a verdade. Pode penetrá-la mais facilmente do que se estivesse no corpo físico.

A caminhada espiritual de Santo Agostinho assemelha-se à trajetória de Paulo, quando uma intensa luz o cega no caminho de Damasco. A partir desse momento, opera-se uma mudança radical em sua existência: de perseguidor dos cristãos passa a ser perseguido. O mesmo acontece com Santo Agostinho: tomando consciência de que vida é muito mais do que a existência física, lança-se com todo o vigor do seu Espírito na obtenção da felicidade, que não é fruto dos prazeres da matéria, mas, sim, dos gozos do Espírito imortal.

Aprendamos com os exemplos dos grandes homens. Eles podem ser um excelente incentivo para a nossa mudança de atitude. Basta apenas que nos disponhamos a sair do nosso comodismo.

 

Parábola e Espiritismo

Parábola é uma alegoria que trás em seu bojo um alcance moral. Há, no fundo do parabole grego, a idéia de comparação, no sentido de se intuir realidades mais amplas do que aquelas expressas pela simples observação do objeto. Quer dizer, para nos aprofundarmos no conhecimento parabólico, precisamos debruçar o nosso pensamento sobre o objeto, a fim de extrair dele essências cada vez mais renovadas.

Parábola é um termo literário que tem íntima relação com o apólogo e a fábula. Para alguns, a distinção está nas personagens consideradas: o apólogo seria protagonizado por objetos inanimados, tais como plantas, rios, pedras etc.; a fábula conteria preferencialmente animais irracionais; a parábola, seres humanos. Convém acrescentar que, embora partindo de objetos distintos, todas essas formas de linguagem tem como pano de fundo um alcance moral.

No estudo da parábola, convém ter em mente a forma de transmitir conhecimentos utilizada na antiguidade. A técnica pedagógica era a linguagem por comparação, o que implicava em se entender algo além daquilo que se falava. Pedagogia é uma palavra proveniente do grego pai dos e significa, etimologicamente, a condução de crianças. Nesse sentido, os escravos eram os verdadeiros educadores (condutores) de crianças. Jesus, por outro lado, foi o grande pedagogo que poucos conseguiram entender. Por que?

Em se tratando de Jesus, o falar por parábolas pretendia descortinar uma realidade acessível somente aos mais aptos a compreendê-las. Além de despertar a curiosidade dos ouvintes, tinha também por objetivo defender-se das ciladas dos fariseus. Assim, quer, através dessa figura de linguagem, mostrar o alcance do reino de Deus em cada um dos filhos de Deus. Recorrendo à parábola dizia: ouça o que tem ouvidos de ouvir e veja os que têm olhos de ver.

Como todo o conhecimento religioso, há o aspecto exotérico e o aspecto esotérico. Assim sendo, quando Jesus falava em público estava fazendo o discurso exotérico. Por isso, muitos não entendiam. Mas, reservadamente, a sós com os apóstolos, ensinava mais abertamente, pois estes já tinham condições de compreender as realidades espirituais. Digno de nota é o fato de que mesmo entre esses não disse tudo. Ou seja, nós só podemos conhecer aquilo que é possível dentro de nossa capacidade de percepção.

Estudemos as parábolas evangélicas, ponderando a sua imagem e doutrina, a fim de alcançarmos horizontes mais vastos de compreensão espiritual.

 

Mito e Ritualismo Moderno

mito pode ser visto no seu sentido próprio e no seu sentido figurado. Em seu sentido próprio, representa o esforço do homem para compreender o mundo e a si mesmo. São as descrições religiosas antigas, que expressam os modelos, os arquétipos da ação humana através dos atos originários dos "deuses" nos diversos campos. Em seu sentido figurado, evoca a narração fabulosa e fictícia, contrária à verdade. Nesse sentido, "mito" equivale a engano, falsidade. Essa interpretação corresponde a uma mentalidade racionalista, para qual somente a razão é capaz de expressar a verdade.

Consideramo-nos racionais e, muitas vezes, não percebemos o quanto de religioso, de mitológico e de ritualístico há em nossas ações mais triviais. Observe a nomenclatura dos dias da semana: todos os nomes foram retirados da mitologia. O domingo vem de Sol; segunda-feira, da Lua; terça-feira, de Marte; quarta-feira, de Mercúrio; quinta-feira, de Júpiter; sexta-feira, de Vênus; sábado, de Saturno. Além do mais, para cada um dos dias há uma simbologia ligada ao sistema planetário em questão.

A explicação científica dos mitos começa com o antropólogo inglês Friedrich Max Müller (1823-1900) que considera os mitos como descrição poética de fatos da natureza (tempestades, terremotos etc.). A Antropologia moderna prefere a teoria da Claude Lévi-Strauss, que reconhece nos mitos o reflexo de determinadas estruturas sociais dos povos primitivos. Na Renascença, Voltaire escreveu o seu Édipo (1718) para denunciar, por alusão, o poder do clero na França. No século XX, registra-se surpreendente ressurreição dos enredos e personagens mitológicas gregas. O complexo de electra, por exemplo, é retratado nas obras de Hugo von Hofmannsthal (1903) e Robinson Jeffers.

O fundamentalismo expressa não só o ritualismo como também o fanatismo. Mas o que é o fundamentalismo? Toda e qualquer doutrina ou prática social que busca seguir determinados "fundamentos" tradicionais geralmente baseados em algum livro sagrado ou práticas costumeiras. Todo o fundamentalismo tende a uma absolutização do "eu" em detrimento do "outro". Observe a globalização americana: se os povos não a aceitarem "tecnicamente", os americanos apelam para o combate armado. Lembremo-nos da caça ao Osama Bin Laden e Saddan Hussein.

A religião do individualismo é outro ponto a ser levantado. Esta religião está bem conectada com o capitalismo. A pessoa busca a satisfação do seu "eu", mesmo que para isso seja necessário pisar o seu próximo. Temos que ter riqueza e desfrutar do progresso econômico. A enorme discrepância na distribuição de renda pouco nos importa. Há também a agravante do ritualismo da descrença, ou seja, além de não respeitarmos a crença dos outros, acabamos não tendo crença alguma, caindo no materialismo exacerbado, tão prejudicial ao relacionamento entre as pessoas.

Procuremos usar a razão, mas sem sufocar os ímpetos da emoção e da intuição. É nas raízes da inspiração divina que obtemos a força moral para continuarmos a nossa tarefa neste mundo de provas e expiações.

 

Resumo da Doutrina dos Espíritos

Um resumo da Doutrina dos Espíritos leva-nos a refletir sobre os pontos principais que os Espíritos superiores transmitiram a Allan Kardec, no sentido de deixar um legado para a transformação moral da Humanidade. Deus, Espírito e Matéria, Reencarnação, Mediunidade e Pluralidade dos Mundos Habitáveis são alguns desses pressupostos.

Deus, Espírito e Matéria. Para o Espiritismo, a relação entre Deus, Espírito e matéria processa-se da seguinte forma: Deus é colocado como a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Dele vertem-se dois princípios: o principio espiritual e o principio material que, individualizados, formam, respectivamente, o Espírito e a matéria. A ligação entre o Espírito e a matéria se faz através do perispírito, elemento semimaterial. Daí, conclui-se que no homem há três elementos constitutivos: Espírito, Perispírito e corpo físico.

Reencarnação é, depois da existência de Deus, um dos pilares básicos da Doutrina. A reencarnação permite-nos refletir sobre a nossa condição de relatividade diante do Universo. Por ela, tomamos consciência que estamos num mundo transitório, onde Deus nos dá oportunidade de progresso, seja para refazermos nossos atos impensados do passado, seja para nos fortificarmos para o futuro. Aprendemos também que o verdadeiro mundo é o mundo espiritual. A Terra poderia nem existir que nada afetaria o mundo dos Espíritos.

Mediunidade assume papel relevante nas instruções dos Espíritos. Aliás, foi através dela que o Codificador edificou todo o corpo doutrinário do Espiritismo. Facultando-nos o contato com os Espíritos mais evoluídos, somos locupletados de novas informações, novos conceitos e novas maneiras de interpretar o mundo em que vivemos. Sem essa dádiva do Alto, poderíamos permanecer por muito mais tempo na ignorância. Deus permite o intercâmbio com os seres espirituais, a fim de que tanto a humanidade desencarnada quanto a encarnada possam galgar novos estádios de evolução espiritual.

Um dos princípios mais ventilados no meio espírita é o da Transformação Moral do ser humano. O que adianta recebermos esse estoque enorme de conhecimentos, vindo dos Espíritos encarnados e desencarnados, se continuamos a agir da mesma forma? O objetivo maior dos Espíritos superiores é fazer refulgir o Evangelho de Jesus em cada uma de nossas ações. Para tanto, eles se fazem ouvir em todos os cantos do planeta, para que ninguém possa reclamar do desamparo de Deus.

O resumo do resumo da Doutrina Espírita poderia ser expresso numa frase lapidar de Jesus: “Fazermos aos outros o que gostaríamos que nos fosse feito”. Aí está toda a lei e os profetas.

 

12 setembro 2006

Salvação e Religião

A palavra salvação é um "termo técnico" que tem origem na tradição judeu-cristã e recebe aplicação geral. Religião de "salvação" é a que oferece um diagnóstico da condição humana e oferece um caminho para a saúde ou integridade. Em muitos casos, mas não invariavelmente, necessita de um salvador. Embora a nossa análise se reporte às grandes religiões, não resta dúvida que o Totemismo, a mais primitiva das religiões, traz em seu bojo a ideia de salvação, principalmente nas proibições do culto negativo, como por exemplo, a abstenção de falar, de distrair-se, de lavar-se.

Religião Egípcia é identificada com o culto da morte. A ciência secreta e os mistérios de Isis e Osíris simbolizam as forças espirituais que se prendiam ao fenômeno da morte. O Livro dos Mortos dá a conhecer os obstáculos que os defuntos encontram no outro mundo e os meios de vencer as dificuldades. Às vezes, no momento dos funerais, representam-se dramas simbolizando o triunfo do morto sobre os demoníacos adversários. De acordo com o Espírito Emmanuel, em A Caminho da Luz, os egípcios eram, dentre os Espíritos degredados do Planeta Capela, os que menos débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina. Por isso, foram os que mais se destacaram na prática do Bem e no culto da Verdade.

O Vedismo, o Bramanismo, o Hinduismo, o Jainismo e o Budismo são as diversas religiões da índia. Os cânticos dos Vedas são bem uma glorificação da fé e da esperança em face da Majestade Suprema do Senhor do Universo. A faculdade de tolerar e de esperar aflorou no sentimento coletivo das multidões, que suportaram heroicamente todas as dores e aguardaram o momento sublime da redenção. A salvação (moksha) consistiria em libertar-se do karman, em libertar-se de qualquer renascer, pois renascer é participar novamente "da dor do mundo". No Hinduísmo, por exemplo, a palavra batki (devoção) representa a salvação nos atos de amor.

China Milenar foi a nação mais resistente à ideia cristã. Por isso, estagnou-se na marcha do tempo. Mas mesmo assim Jesus enviou os seus emissários àqueles agrupamentos de criaturas. Primeiramente Fo-Hi, depois Confúcio e Lao-Tsé, cinco séculos antes de sua vinda, no intuito de preparar os novos caminhos do Evangelho no mundo. A interpretação do Nirvana como sendo sinônimo de imperturbável quietude ou beatífica realização do não ser e não como a união permanente da alma com Deus, finalidade de todos os caminhos evolutivos, foi o seu grande erro

Cristianismo coroa a obra de Cristo, o Governador do Planeta, que veio pessoalmente nos ensinar o caminho do Reino de Deus. A história de seus exemplos, que são lições vivas para a nossa salvação, tem origem no seu nascimento – numa estrebaria –, o que revela a humildade de seu Espírito magnânimo. Nas curas ou nos "milagres" que realizava, dizia: "Os teus pecados estão salvos; vá e não peques mais". Em fim, a sua doutrina é uma doutrina que fala das bem-aventuranças dos que morreram com a consciência tranquila e em plena posse do bem.

Embora haja diversidade de pareceres nas diversas religiões, a tônica central é uma e apenas uma, ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Este é o maior dos mandamentos.

Fim do Mundo e Espiritismo

De tempos em tempos surgem os boatos acerca do fim do mundo. Basta aproximarmo-nos do fim de um século, que as profecias aparecem a mancheias. Hoje, em virtude de estarmos nos aproximando não só do final do século mas também do milênio, essa onda vem com mais intensidade. Tudo isso decorre da capacidade fabuladora e criadora do ser humano.

No Antigo Testamento, a ideia de fim de Mundo mostra que a Terra perecerá "por fogo". Será o último acontecimento do universo (Ressurreição dos mortos e Juízo Final), e logo terá início um "novo céu e uma nova terra", onde habitarão os bem-aventurados. Isto constitui um aspecto do messianismo sem ultrapassar os limites do quadro nacional hebraico. Estava reservado ao cristianismo dar-lhe alcance universal. Jesus fala muitas vezes do tempo em que "passarão o céu e a terra" e apresenta a "consumação dos séculos" sob o aspecto positivo de uma "regeneração" cujo ponto culminante é o aparecimento do Filho do homem (Mat., XXIV, Marc., XIII, Luc. XXI).

A Bíblia faz alusão ao término pelo fogo, a Ciência vem nos dizer que o mundo acabará pelo frio. Quem está certo e quem está errado? Os cientistas procuram dar uma explicação racional. De acordo com os seus estudos, o Sol deverá diminuir a intensidade de sua luz, de sua energia. Quando isso se der, tornar-se-á impossível a vida no Planeta Terra. Embora seja uma hipótese plausível, isto demorará muito tempo. Os Astrônomos, por exemplo, dizem que a terra durará mais 3,5 bilhões de anos.

A questão do fim do mundo é uma questão de concepção de mundo. Se formos religiosos dogmáticos acreditaremos piamente nas citações bíblicas; se formos cientistas, apenas na ciência. Mas há muitos que não acreditam nem na ciência e nem na religião. Formam a sua própria doutrina, guiados apenas pela pretensa força sobrenatural. Pregam o abandono dos familiares, a venda de todos os bens etc. Contudo, o fiel adepto da verdade não se abala nem com a frieza da ciência e nem com o malabarismo dos pseudoprofetas. A experiência lhe mostra que essas ondas vêm e passam e a vida continua intrépida e resoluta.

Allan Kardec, no cap. IX, itens 13 e 14 de A Gênese, fala-nos que o Planeta Terra já teve as convulsões próprias da sua infância; entrou agora num período de relativa estabilidade. Como o fim da Terra permanece no domínio das conjecturas, afirma ele que a Terra não acabará ao nosso tempo, pois está longe da perfeição que deve alcançar. Da mesma forma são os seus habitantes. As transformações, salientadas na Bíblia, são de ordem exclusivamente moral. Até que a humanidade alcance a perfeição, pela inteligência e pela observância das leis divinas, as maiores perturbações ainda serão causados pelos homens mais do que pela natureza, isto é, serão antes morais e sociais do que físicas.

Estejamos sempre alerta. Não permitamos que as ondas passageiras possam perturbar a serenidade de nosso Espírito imortal.

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José Argülles, em O Fator Maia, trata de desvendar a profecia Maia referente a 2012. Ele diz que a energia galática de 5.000 anos de duração teria começado em 3113 a. C. e estaria se findando em 2012, quando a humanidade deveria passar para outro nível de consciência.

 



Mediunidade

Mediunidade  do lat. mediumnidade  é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre os homens e os Espíritos. Desenvolve-se naturalmente nas pessoas de maior sensibilidade para a captação mental e sensorial de coisas e fatos do mundo espiritual que nos cerca e nos afeta com suas vibrações psíquicas e afetivas.

Os fatos mediúnicos não são fenômenos de nossos dias. Eles sempre existiram. J. H. Pires, no livro O Espírito e o Tempo, relata-nos o processo histórico de tais fatos, começando pelo mediunismo primitivo, passando pelo mediunismo oracular e profético, até atingir a mediunidade positiva, com a codificação do Espiritismo por Allan Kardec, no Século XIX. A mediunidade diz-se positiva, porque Allan Kardec utilizou-se do método teórico-experimental, portanto racional e científico.

O codificador do Espiritismo, para efeito didático, dividiu a mediunidade em duas grandes áreas: quanto ao fenômeno e quanto ao aspecto funcional. Subdividiu o fenômeno em efeitos físicos e em efeitos inteligentes; o aspecto funcional, em mediunidade natural e em mediunidade de prova. A percepção clara dessas distinções terminológicas auxiliar-nos-ão a compreender melhor toda a fenomenologia espírita, diferenciando-a de outras doutrinas espiritualistas e dos diversos sincretismos religiosos.

Todos somos médiuns. Allan Kardec, no cap. XIV de O Livro dos Médiuns, afirma que toda a pessoa é médium, pois todos somos passíveis de receber as influências dos Espíritos. Contudo, na prática, são considerados médiuns somente aqueles que têm uma constituição orgânica própria para o exercício da mediunidade, quando se desenvolvem nestes a psicografia, a psicofonia, a vidência etc.

fenômeno mediúnico, a mediunidade e o Espiritismo são termos distintos que se relacionam entre si. O fenômeno mediúnico diz respeito ao mediunismo, ou seja, às formas incipientes do intercâmbio mediúnico; a mediunidade é a comunicação mediúnica passada pelo crivo da razão e da metodologia científica; o Espiritismo é uma doutrina filosófica e científica de consequências morais. Kardec utilizou-se do fenômeno mediúnico e da mediunidade como meio para atingir um fim: a codificação dos princípios fundamentais do Espiritismo.

Exercitemos a nossa mediunidade, tanto de efeitos físicos como de efeitos inteligentes, natural ou de prova, mas não nos esqueçamos de nos ajustar aos preceitos morais que daí dimanam.

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Existe grande diferença entre ser médium de espíritos e Médium do Espírito. Em médium de espíritos pode ocorrer muitas distorções. "Jesus deliberou vir ele mesmo ao mundo, para que o Pensamento de Deus, através de sua palavra, não sofresse possíveis interferências". (Capítulo 57  "Médiuns Humanos", de Jugo Leve, de Carlos A. Baccelli, pelo Espírito Inácio Ferreira [2012])

 

Não Vim Trazer a Paz mas a Espada

Paz – do lat. paxpacis – é a tranquilidade da ordem. É a aspiração fundamental de cada homem e de toda a humanidade, a ponto de seu conceito quase ser confundido com o de felicidade. Espada – do gr. spáthe, pelo lat. spatha – é a arma branca, formada de uma lâmina comprida e pontiaguda, de um ou dois gumes. Símbolo do Estado Militar e de sua virtude. Relacionada com a balança, significa justiça: separa o bem do mal, julga o culpado.

A paz e a espada representam um ensinamento transmitido por Jesus. São Mateus, no cap. X, v. 34 a 36, narra essa passagem evangélica nos seguintes termos: "Não penseis que eu vim trazer paz sobre a Terra; eu não vim trazer a paz, mas a espada; porque eu vim separar o homem de seu pai, a filha de sua mãe e a nora de sua sogra; e o homem terá por inimigos os de sua casa". São Lucas, no cap. XII, v. 49 a 53, trata do mesmo assunto, acrescentando que Jesus viera lançar fogo sobre a Terra e tinha pressa que ele se acendesse.

O ensinamento da paz e da espada, como tantos outros ensinamentos trazidos por Jesus, possui conteúdo alegórico. A interpretação do referido trecho varia de seita para seita. A espada do Cristo, que era de fraternidade, passa a ser instrumento de violência e opressão nas mãos dos propagadores de determinadas seitas. Os próprios cristãos, de perseguidos, passam a ser perseguidores. Não é, pois, de se estranhar que as guerras religiosas destruíram mais do que as guerras políticas.

Toda a ideia nova gera oposição. Eis a correta interpretação dessa passagem evangélica. O "novo", quando fundamentado na lógica e na razão, fere interesses pessoais. Isso acontece na Ciência, na Filosofia e, também, na Religião. Por isso a importância da nova ideia é proporcional à resistência encontrada. Pois, se julgada sem consequência, deixá-la-iam passar, mas, como se sentem ameaçados, fazem de tudo para dificultar a sua propagação.

O Espiritismo, à semelhança do Socratismo e do Cristianismo, traz um novo paradigma para a humanidade, e pode ser interpretado como uma nova espada. Não será aceita sem lutas, controvérsias e oposições. Sua pujança não está nas disputas sangrentas, mas na modificação interior que proporciona a cada um de seus adeptos. A questão da espada será muito mais uma guerra de cada um contra si mesmo e contra todo o mal, fazendo com que possamos ser "promotores da paz".

A paz não é sinônimo de beatitude. É um estado de tranquilidade de consciência durante e após a luta contra o comodismo pessoal, as injustiças e as desigualdades sociais.

Parábola dos Talentos

Parábola — do lat. Parábola — significa argumento que consiste no aduzir uma comparação ou um paralelo. No sentido evangélico, espécie de alegoria que envolve algum preceito moral. Talento — do lat. talentum —, peso e moeda da antiga Grécia e Roma. O sentido metafórico desse termo, derivado da parábola evangélica dos talentos, é o de “uma superioridade da faculdade conhecedora, que não provém do ensino mas da aptidão natural do sujeito”.

A Parábola dos Talentos (Mateus, cap. 25, vv. 14 a 30) retrata a situação de um homem que, ao ausentar-se para longe, chamou seus servos, e entregou-lhes os seus bens. Ao primeiro deu cinco talentos, ao segundo, dois e ao terceiro, um. Os dois primeiros negociaram os talentos recebidos e devolveram, respectivamente, dez e quatro talentos. O terceiro devolveu apenas o que havia recebido. Os que multiplicaram seus talentos ganharam novas intendências. Mas o que guardou, até este o amo lhe tirou, dizendo: "Porque a todo o que já tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; e ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que parece que tem".

Essa parábola trata da multiplicação do dinheiro. Analisada friamente, entenderíamos que o dinheiro recebido deveria ser devolvido em dobro. Se ficarmos somente na letra, despenderíamos todos os nossos esforços para o aumento de nossos bens materiais. Contudo, qual o sentido metafórico do relato bíblico?

O Espírito Irmão X, no livro Estante da Vida, psicografado por F. C. Xavier, interpreta a parábola nos seguintes termos: ao primeiro o senhor dera Dinheiro, Poder, Conforto, Habilidade e Prestígio; ao segundo, Inteligência e Autoridade; ao terceiro, o Conhecimento Espírita. O primeiro acrescenta Trabalho, Progresso, Amizade, Esperança e Gratidão; o segundo, Cultura e Experiência; o terceiro, devolve intacto. Em vista do ocorrido, o senhor ordena que se tire o Conhecimento Espírita desse último e o dê aos dois primeiros.

Metaforicamente considerada, essa parábola refere-se à responsabilidade na multiplicação dos bens recebidos. Se o Criador houve por bem ofertar-nos a luz do Conhecimento Espírita, não podemos ocultá-lo com receio de represálias e dissabores. Espargindo a luz da verdade vamos iluminar os detentores do Poder, do Dinheiro, da Inteligência etc. Com isso, ajudaremos a construir um mundo mais justo e mais fraterno.

Reflitamos sobre os nossos talentos ocultos. Não esperemos que o Senhor venha cobrar-nos para que possamos colocá-los a favor do nosso próximo.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/par%C3%A1bola-dos-talentos



Missão do Homem Inteligente na Terra

Missão – do lat. missione – significa função ou poder que se confere a alguém para fazer algo; encargo; incumbência. Homem – do lat. homine –, qualquer indivíduo pertencente à espécie animal que apresenta maior grau de complexidade na escala evolutiva; o ser humano. Inteligência – do lat. Intelligentia –, faculdade de aprender, apreender ou compreender.

Todo o homem possui uma missão, grande ou pequena, no planeta Terra. A diversidade de aptidões direciona-nos ao campo de atividade que se coaduna com nossa vocação. A escolha de uma profissão, quando bem refletida, revela os anseios divinos com relação ao nosso desenvolvimento intelectual e moral. Embora não exista a fatalidade, há um determinismo que guia os nossos passos, fruto de nossa escolha, quando desencarnados.

A inteligência, como faculdade de elaborar conexões, é extremamente valiosa. Através dela, conceituamos, relacionamos causa e efeito, resolvemos problemas de matemática, construímos máquinas etc. À medida que o homem exercita sua inteligência, ela amplia-se. Do simples chegamos ao complexo; do conhecido ao desconhecido. Porém, surgem, também, os desmandos intelectuais, ou seja, o homem começa a se colocar acima do Criador, enveredando-se pela trilha do orgulho.

O ser humano jamais deveria orgulhar-se da sua inteligência. Se Deus, na sua infinita bondade, concedeu-nos a oportunidade de renascermos num meio em que possamos desenvolver a nossa inteligência, é para que a utilizemos em nosso benefício e dos nossos semelhantes

A inteligência desenvolvida é um talento com finalidade útil nas mãos das criaturas, para que estas ajudem àqueles que têm uma inteligência menos desenvolvida, objetivando fazer com que se aproximem, cada vez mais, do Criador.

O Espírito Ferdinando, em mensagem transcrita no cap. VII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, diz-nos que a inteligência é rica de méritos para o futuro, mas com a condição de ser bem empregada; se todos os homens dotados se servissem dela segundo os desígnios de Deus, a tarefa dos Espíritos seria fácil no sentido de a humanidade avançar. Infelizmente, muitos abusam desta e de outras faculdades, sendo causa de orgulho e de perdição para si mesmos.

Valorizemos a nossa existência. Apliquemos todos os nossos recursos pessoais no engrandecimento de nossa inteligência, a fim de melhor servir àqueles que nos rodeiam.




Não Colocar a Candeia debaixo do Alqueire

Candeia – do lat. candela, "vela de sebo ou de cera" – significa pequeno aparelho de iluminação, que se suspende por um prego. Alqueire – do ár. al-kail –, antiga medida de capacidade para secos e líquidos, variável de terra para terra. Não colocar a candeia debaixo do alqueire quer dizer, em vez disso, deve-se suspendê-la até o prego, a fim de que se produza iluminação para todas as pessoas do recinto.

A candeia e o alqueire são uma alegoria acerca do conhecimento. O conhecimento é uma relação entre o Sujeito e o Objeto. O Sujeito apreende o Objeto e dele tira o conteúdo da aprendizagem. Fá-lo, porém, por tentativas e erros, ou seja, à medida que toma consciência do erro, corrige-o até atingir a maior plenitude da verdade. Nesse sentido, deve-se evitar o tom dogmático e cético, procurando, pelo contrário, o equilíbrio através da ponderação racional.

Candeia e alqueire denotam não só a apreensão do conhecimento como também a sua transmissão. Não é a verdade que nos perde, mas a maneira de dizê-la. Dessa forma, a alegoria da candeia mostra que o conhecimento das coisas espirituais deve ser ministrado conforme a capacidade de absorção dos ouvintes. Um clarão pode ofuscar, enquanto a luz de uma vela pode representar o porto da salvação.

A comunicação via parábola explicita o nosso raciocínio. Quando Jesus pregava a Boa Nova, utilizava-se da linguagem exotérica e da esotérica. A linguagem exotérica refere-se às parábolas que Jesus contava ao público em geral. Afirmava que para entendê-la havia a necessidade de se ter olhos de ver e ouvidos de ouvir. Por outro lado, a sós com os discípulos, utilizava-se da linguagem esotérica, pois podia falar claramente as verdades espirituais. Contudo, mesmo entre estes, não falava tudo.

A comunicação caracteriza-se pela emissão, mensagem e recepção. Há que se ter cuidado na transmissão, porque se o receptor não capta, o esforço torna-se vão. É por isso que os amigos espirituais exortam-nos a cuidar da voz, da postura, dos gestos etc. Na atualidade, não temos mais desculpas linguísticas na perda de almas para o apostolado do Cristo. Precisamos estar preparados para essa nobre tarefa.

O alcance da palavra é infinito. Cuidemos, pois, para que de nossa boca saiam somente frases de luz, para que elas possam auxiliar-nos a construir um mundo mais fraterno e mais justo.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/candeia-e-o-alqueire-a





10 setembro 2006

Reflexos Condicionados e Espiritismo

herança e o automatismo são os pontos de contato entre a Fisiologia e a Psicologia. No capítulo IV de Evolução em Dois Mundos, o Espírito André Luiz remete-nos aos evos dos tempos, dizendo-nos: "Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência..." Acrescenta, ainda, que o princípio inteligente adquire a atração no mineral, a sensação no vegetal e o instinto no animal, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica.

Pavlov, em uma de suas experiências, separou alguns cães do convívio materno, desde o nascimento, sujeitando-os ao aleitamento artificial. Como é lógico, revelaram naturalmente os reflexos congênitos, quais o patelar e o córneo-palpebral, mas, quando lhes foi mostrada a carne, tanto aos olhos quanto ao olfato, não segregaram saliva, não obstante à frente do alimento tradicional da espécie, demonstrando a esperada secreção apenas quando a carne lhes foi colocada na boca. A partir daí, os animais apresentavam a mencionada secreção sempre que o alimento fosse apresentado à vista ou ao olfato. Segundo André Luiz, no capítulo XII de Mecanismos da Mediunidade, houve uma espécie de enxertia do reflexo condicionado sobre o reflexo congênito desencadeado pelo alimento introduzido na boca.

A experiência mencionada acima serve para compreendermos a função da indução na formação de nossos reflexos condicionados psíquicos. Nos cães de Pavlov, a faculdade de comer representa atitude espontânea (reflexo congênito), mas o interesse pela carne a que foram habituados define uma atitude excitante (reflexo condicionado). A conjugação mediúnica origina-se desses reflexos condicionados psíquicos, pois emitindo uma onda mental, entraremos em contato com todas as ondas mentais de mesmo teor, recebendo, em contrapartida, o retorno dessas ondas enriquecidas do teor energético dos outros agentes.

O reflexo condicionado psíquico pode ser visto nas situações mais complexas quanto nas mais simples. Observe a influência que algumas pessoas, sob o disfarce de um título honroso qualquer, exercem sobre as outras. Lançam uma idéia no centro de um grupo e todas as pessoas presentes passam a seguir-lhes incontinente. Embora todos sejamos passíveis de sermos influenciados por esse líder, cada um será responsável pela duração e aplicação desses pensamentos. A mediunidade é intercâmbio. Nesse sentido, quanto mais ficarmos envoltos com esses pensamentos mais estaremos alimentando-os. Por isso, o recurso da prece é extremamente valioso para quebrar o reflexo condicionado negativo.

A ligação mental do médium à entidade espiritual merece um destaque especial. Como a lei de associação de idéias é uma lei universal, quanto mais nos demorarmos num teor específico de fluxo mental mais estaremos condicionados ao modo de pensar e agir daquela entidade, pessoa ou coisa. O reflexo é automático e muitas vezes, sem o percebemos, acabamos criando um monoideísmo, difícil de ser extinto. É por esta razão que os amigos espirituais estão sempre nos alertando para a vigilância sobre os vícios mais vulgares, qual sejam a maledicência, a crítica sistemática, os abusos da alimentação etc., por serem estes os grandes indutores de nossos reflexos condicionados psíquicos.

Convém, para o nosso próprio bem, rompermos os automatismos negativos, a fim de vislumbrarmos um mundo diferente daquele que estamos vivenciando.


Consolador Prometido

Consolar - do lat. consolare - significa aliviar ou suavizar a aflição, o sofrimento, o padecimento; dar lenitivo a, mitigar, confortar. Prometer - Do lat. promittere, "atirar longe", obrigar-se verbalmente ou por escrito a (fazer ou dar alguma coisa); comprometer-se a; pressagiar, anunciar, dar esperança.

"Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai, e ele vos enviará um outro Consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece. Mas quanto a vós, vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenho dito". (São João, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26).

Jesus, personificador da segunda revelação divina, abriu caminho para o advento do Espiritismo. O início do cristianismo, ou seja, a propagação dos ensinos de Cristo, foi caracterizado pelo clima de opressão em que viviam os judeus. Todos estavam esperando o Salvador. Este chega numa manjedoura e educa-se junto à carpintaria. Jesus falava por parábolas, isto é, colocava um véu sobre certos aspectos da vida espiritual. Contudo, prometeu o "Consolador".

Espiritismo vem, no tempo marcado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside a sua instituição, chama os homens à observância da lei e ensina todas as coisas em fazendo compreender o que foi dito por Cristo através das parábolas. O Espiritismo vem abrir os nossos olhos e ouvidos, porque fala sem figuras e sem alegorias; ele ergue o véu deixado propositadamente sobre certos mistérios. Vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos que sofrem, dando uma causa justa e um fim útil a todas as dores.

O Consolador veio para consolar. Nesse sentido, os espíritas devem preparar-se para serem os fiéis intérpretes dos Benfeitores Espirituais. Renunciar ao ponto de vista pessoal e eliminar preconceitos auxiliam sobremaneira. Ainda: o espírita deve estar sempre estudando o conteúdo doutrinário, a fim de que possa penetrar nos meandros da alma alheia e fornecer-lhe o alimento espiritual de que necessita.

Sejamos o sal da terra. Que a nossa palavra possa sempre ser um refrigério para as almas que nos procuram.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/consolador-prometido





A Alma e a Imortalidade

imortalidade da alma exprime a noção essencialmente positiva, de vida-sem-fim, daquilo que não é submetido à morte. Excetuando-se o seu uso metafórico, em que uma pessoa pode ser imortal pelas suas ideias ou por seus livros, a imortalidade é a crença de que a alma prossegue viva no além-túmulo. Esta hipótese é sustentada não só pelas religiões como também pelo conjunto da filosofia espiritualista desde a Antiguidade.

Não se sabe quando o ser humano começou a se interessar pela vida após a morte. No período paleolítico – pedra lascada – (2.500.000 a.C. a 10.000 a.C.) não se tem notícia. Somente no período neolítico – pedra polida – (10.000 a.C. a 4000 a.C.) foram registrados alguns indícios: objetos e alimentos deixados perto dos mortos. No antigo Egito, a convicção da existência de uma vida futura era categórica, principalmente pela prática de embalsamar os faraós mortos.

Dependendo do ângulo observado, a palavra alma está sujeita a várias interpretações. Para os materialistas, a alma é o princípio da vida orgânica material; não tem existência própria e se extingue com a vida; para os panteístas, a alma vem de Todo universal, toma um corpo e com a morte volta novamente ao Todo; para os espiritualistas, a alma é um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade após a morte. Allan Kardec, por sua vez, além de corroborar com a tese espiritualista, define-a como sendo um Espírito encarnado.

A morte é uma experiência universal. O ser humano nasce, cresce, luta, sofre, sonha, mas é vencido pela morte. A transição deste para o outro mundo depende de crenças e hábitos dos diversos povos. Para alguns há o medo do fogo do inferno; para outros, a serenidade. Os americanos negam a morte, enquanto os Trukeses, os habitantes das ilhas Truk (Pacífico), ratificam-na. Alguns povos choram a morte de seus parentes; outros a festejam. O espírita, porém, não deve temer a morte, porque sabe que receberá toda a proteção necessária dos amigos espirituais.

As expectativas após a morte dependem do próprio conceito de alma, visto anteriormente. Para os materialistas, é o nada que nos espera; para os panteístas, é a dissolução no Todo universal; para os espiritualistas dogmáticos, é a crença num Céu e num Inferno e a ressurreição no dia do Juízo Final; para os espíritas, é a crença de que a alma continua a sua caminhada no mundo espiritual, guardando a sua individualidade e sujeita a um progresso ininterrupto, sofrendo pelos erros cometidos e sendo agraciada pelo bem que fez ao semelhante.

Sejamos obedientes a Deus, aceitando sem reservas as Suas determinações. Somente assim vamos adquirindo uma visão mais acurada da realidade que nos aguarda, a verdadeira realidade espiritual.



12 março 2006

A Luz e o Discípulo

luz é o símbolo multimilenar do desenvolvimento espiritual. É a herança de Deus para as trevas. É a substância divina gerada nas fontes superiores da esfera espiritual. É a mais elevada, potente e veloz das expressões do movimento, suscetível de acrisolar-se ao infinito. Discípulo é todo aquele que segue o seu mestre. Discípulos do Senhor são todos aqueles que seguem a Doutrina do Cristo: primeiro, os doze: depois, os setenta e dois; hoje, a humanidade dita cristã.

A luz, vista como símbolo, teve várias ocorrências ao longo do tempo. Na Antiguidade, Platão, no seu famoso Mito da Caverna, compara, metaforicamente, a luz ao brilho do Sol. Deus, no livro Gênesis do Velho Testamento, separa a luz das trevas. Jesus, no Novo Testamento, é a luz do mundo. Santo Agostinho, na Idade Média, compara o conhecimento à luz e dedica a Deus a fonte que ilumina a tudo. Descartes associa luz à razão. Locke chama luz de lamparina ao débil conhecimento do ser humano.

Jesus Cristo, quando esteve encarnado, há 2000 anos, trouxe-nos a Boa Nova, o Evangelho, a Luz da espiritualidade superior. Escolheu os seus discípulos, alertando-os que seriam o sal da terra, a luz do mundo. Posteriormente, em suas instruções, disse-lhes para procurar as ovelhas perdidas da casa de Israel, curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, repelir os demônios; lembrou-lhes de serem prudentes como as serpentes e simples como as pombas; estimulou-lhes a nada temer, pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser reconhecido; advertiu-os que não veio trazer paz à terra, mas espada; por fim, recomendou-lhes dar de beber aos pequeninos, pois o reino dos céus a estes se assemelha.

Os ensinamentos de Jesus Cristo e dos seus discípulos eram simples e objetivos: enaltecer a vida espiritual. Com o tempo, o poder das trevas amplia as suas asas de águia e deturpa a essência destes conhecimentos. Assistimos ao advento de diversas guerras, denominadas santas, as perseguições de todos os matizes, a inquisição etc. No âmbito da ortodoxia, criaram-se os dogmas, os rituais, o comércio das indulgências e a confissão auricular, de modo que o Cristianismo do Cristo foi quase que totalmente desfigurado, restando apenas o que o Padre Alta denomina de Cristianismo dos vigários.

Quando Jesus propôs aos seus discípulos serem a luz do mundo, chamou-lhes, também, a atenção para a grande responsabilidade na propagação do conhecimento. O Espírito Emmanuel adverte-nos que a luz gasta o pavio. Nesse sentido, o cristão, sem espírito de sacrifício, é letra morta no santuário do Evangelho. É por isso que todo o propagador da luz deve clarear sem ofuscar, ou seja, antes de semear a boa semente, precisa arrotear o terreno espiritual do seu interlocutor, a fim de que as palavras encontrem eco em seus ouvidos.

Agradeçamos a dádiva da luz celestial e não nos detenhamos ante o poder das trevas. Lembremo-nos de que a luz de uma pequena vela é capaz de iluminar a escuridão da noite.