23 dezembro 2015

Realeza de Jesus

Nas Escrituras Sagradas – a Bíblia -, há profecias sobre a vinda do Messias, um descendente do Rei Davi, que reconstruirá a nação de Israel e restaurará o reino de Davi, trazendo paz ao mundo. Jesus se dizia o Messias, mas não foi aceito pelo povo judeu. Para os judeus, Jesus não preencheu as profecias messiânicas, que era a levar todos os judeus de volta à Terra de Israel, introduzir a paz mundial e divulgar o conhecimento universal sobre o Deus de Israel – unificando toda a raça humana como uma só.

A palavra “reino” evoca a ideia de rei, reinado, pessoa poderosa, senhor de muitos domínios e muitos súditos. Em termos religiosos, o reino transforma-se em Reino de Deus, tema central da pregação de Jesus. Ele ocupa lugar de destaque em várias de suas parábolas - principalmente o grão de mostarda -, a menor das sementes que, depois de plantada, dará a maior das árvores.

De acordo com O Evangelho Segundo o Espiritismo, o reino de Jesus não é deste mundo. O título de rei, porém, não implica sempre o exercício de um poder temporal? Em se tratando desse poder temporal, o ideal é que os países fossem sempre administrados por pessoas idôneas, honestas e competentes. Nesse caso, os detentores do poder deveriam dedicar-se ao bem comum e não aos próprios interesses.

Nos evangelhos, Jesus é chamado de “Jesus de Nazaré”, “Jesus, o nazareno”, “Jesus, o filho do carpinteiro” ou “Jesus, o filho de José”. Deveria ter nascido em Nazaré, mas a Bíblia diz que foi em Belém. O motivo aventado foi o censo, que obrigou a família de José a fugir para Belém. Como isso foi possível se naquela época não havia censo?

A Primeira Revelação – pessoal e local - veio com Moisés, que nos trouxe os Dez Mandamentos. Na época, vigorava a lei do dente por dente e olho por olho. A Segunda Revelação – pessoal e local – veio com Jesus, que nos traçou a Lei do Amor. Entre os seus ensinamentos, estão: o amor ao inimigo; o perdoar não sete, mas setenta vezes sete; quando alguém bater numa face, apresentar a outra; se alguém lhe pedir a túnica, larga-lhe também a capa.

A base da Doutrina Espírita está na reencarnação, ou seja, na possibilidade de um mesmo Espírito voltar tantas vezes quantas forem necessárias, mas em corpos diferentes. Ela mostra toda a justiça de Deus, porque nos dá oportunidade de refazermos o que de errado fizemos em outras vidas. 

Embora a base do Espiritismo esteja na reencarnação, a crença na vida futura é mais enfática. Ela não depende de lucubrações, de concepções filosóficas, mas do retrato fiel do que os próprios Espíritos vieram nos contar através da mediunidade. Em O Céu e o Inferno, há diversas mensagens dos Espíritos relatando a sua situação no mundo espiritual: os que morreram assassinados, os que sofreram no cadafalso, os que se sentem felizes, entre outros.

A realeza de Jesus diz respeito à moral e ao mérito pessoal. "A realeza terrestre acaba com a vida; a realeza moral governa ainda, e sobretudo, depois da morte. A esse título Jesus não é um rei mais poderoso que muitos potentados? Foi, pois, com razão que disse a Pilatos: Eu sou rei, mas meu reino não é deste mundo". (Kardec, 1984, cap. II, item 4)

Se a realeza não é deste mundo, de que mundo será? Poder-se-ia dizer que é do mundo interior, do mundo moral, cuja riqueza nenhum ladrão nos roubará.

Bibliografia 

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.