José Herculano Pires, nos anos 60, para
ministrar um Curso de Introdução Antropológica ao Espiritismo, pesquisa a fase
pré-histórica e histórica da criação e aborda o tríplice aspecto da Doutrina
Espírita e a prática mediúnica. Foi eleito o 7.º melhor livro espírita do
Século XX. Contém material útil ao aprofundamento da filosofia espírita.
Dedica boa parte do livro ao estudo dos
horizontes que a mente humana pode abarcar. Horizontes são as diversas visões
de mundo num determinado período da história da civilização. Esses horizontes
nos dão a dimensão da evolução do indivíduo quanto à sua relação com a
filosofia e ao sagrado. O material colhido autoriza-o a afirmar que todas as
filosofias, na sua origem, sempre foram espiritualistas.
O ponto central de sua obra é a comparação
com os pressupostos espíritas, alicerçando-se, para tal, nas obras básicas e
complementares do Espiritismo, em que O Livro dos Espíritos tem
um destaque especial. Faz referência às leis naturais, ora citando a "Lei
de Adoração", ora a "Lei de Igualdade", entre outras. Quer com
isso enaltecer a moral do Cristo como ponto fundamental do relacionamento
humano em sociedade.
Elogia Kardec por sua síntese de toda a
história da civilização. Chama-nos a atenção a respeito de o Espiritismo ser um
detalhe no qual a generalidade é o espiritualismo, e isso está expresso na
introdução de O Livro dos Espíritos, denominando o Espiritismo de
Filosofia Espiritualista. Acrescenta o tríplice aspecto da Doutrina Espírita —
ciência, filosofia e religião —, que muitos têm grande dificuldade em
compreendê-la.
O Espiritismo é um detalhe dentro da
generalidade do espiritualismo. Vemos isso nos prolegômenos de O Livro
dos Espíritos. Kardec diz que o Espiritismo é uma filosofia espiritualista,
ou seja, o Espiritismo faz parte de todas as filosofias que aceitam o espírito
como fundamento básico da criação. Isso é o geral. No particular, cria o termo
Espiritismo com sua linguagem própria.
Na trajetória do livro, começa com o
mediunismo primitivo. Depois, vai lentamente passando para as outras fases, que
são o animismo, o culto dos ancestrais, o mediunismo oracular e o mediunismo
bíblico para, em seguida, realçar o papel da mediunidade positiva, que só
foi possível com a codificação do Espiritismo por Allan Kardec.
Para que o Espiritismo, no seu tríplice
aspecto, pudesse ter bom êxito, houve a necessidade do desenvolvimento das
ciências naturais, com o seu caráter experimental. Sem a fundamentação da
ciência, o Espiritismo poderia abortar. Por quê? Porque a fé já não podia ser
mais dogmática; ela teria de ser raciocinada. Ninguém crê por crer, mas crê
porque sabe.
Estas poucas palavras sobre o livro soam
mais como um convite ao seu estudo do que a uma análise profunda de seu
conteúdo.
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