"Uma nova verdade científica não
triunfa convencendo seus oponentes e fazendo-lhes enxergar a luz, e sim
porque... uma nova geração cresce familiarizada com ela." (Max Planck)
Energia. Para os gregos, energia significa atividade. Pode mudar de
forma, mas nunca é criada nem destruída. Ela é conservada: o total de energia
no Universo continua sempre o mesmo. Física. Do grego "physis", natureza. É a ciência que estuda os
fenômenos naturais suscetíveis de observação e experimentação. Liga todas as
outras ciências. Seu objetivo é explicar a natureza do Universo (do subatômico
às galáxias). Quanta. No início do século XX, quando os físicos estavam começando
a dissecar o átomo e a entender a natureza da luz, Max Planck cunhou o termo "quanta" para documentar que a energia flui em pequenos
pacotes e não como um contínuo. Física quântica. É um ramo de conhecimento que tem por objeto o
estudo dos fenômenos que acontecem com as partículas atômicas e
subatômicas.
Para entendermos este assunto, devemos nos
reportar, primeiramente, à mecânica clássica de Newton. Newton estava
preocupado com as forças da gravidade, os movimentos orbitais dos planetas ao
redor do Sol, o funcionamento da galáxia etc. Sua escala de observação era
macroscópica. Outros cientistas, porém, queriam penetrar no íntimo da matéria,
no átomo, no microscópio, no mundo dos pequenos, e a física deste estudo
denominou-se física quântica.
A principal dificuldade no estudo dos
fenômenos subatômicos é que eles não possuem a regularidade de um relógio. A
luz, por exemplo, comporta-se ora como onda ora como uma rajada de balas. Nesse
caso, a física quântica é considerada uma "falsa teoria". Razão: a física quântica, ao contrário da clássica, é classificada
como "não intuitiva", ou seja, determinadas coisas podem ser
verdadeiras mesmo quando não aparentam ser.
John Polkinghorne, em seu livro Teoria Quântica, esclarece-nos que a teoria quântica não é um "vale
tudo". Compará-la com as coisas do espírito (como exemplo, a telepatia)
não é recomendável. "A dualidade onda-partícula é um fenômeno bastante
surpreendente e instrutivo, cujo caráter aparentemente paradoxal foi
solucionado para nós por meio das observações da teoria quântica de campos.
Porém, ela não nos concede uma licença para ceder ao desejo de adotar qualquer
par de noções de aparência contraditória que nos vier à imaginação. Como uma
droga potente, a teoria quântica é maravilhosa quando aplicada de modo correto,
mas desastrosa quando abusada e mal-aplicada" (página 109).
Ao explicar a relação entre física quântica e Espiritismo, Alexandre Fontes da Fonseca, professor de física no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da UNESP, em Bauru, diz que são teorias distintas: a física quântica é uma teoria da matéria; o espiritismo é a ciência do espírito. Acrescenta que, pelo fato de a física quântica estudar os fenômenos que estão fora do senso-comum isso não nos dá credencial para aplicá-la aos fenômenos espíritas (considerados fora do senso-comum).
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Paralelos com a Física Quântica
No outono de 1997 um pequeno e seleto
grupo de físicos, astrônomos e filósofos reuniu-se por cinco dias na residência
do Dalai Lama nos contrafortes dos
Himalaias, no norte da Índia, para discutir a interface de física quântica, cosmologia e budismo. Anton Zeilinger, um dos
principais especialistas do mundo nos fundamentos experimentais de mecânica
quântica, foi um participante destacado. Ele é mais conhecido por seus
experimentos inovadores da Universidade
de Innsbruck que demonstram o teletransporte quântico, ou transmissão de
uma réplica exata de um estado quântico arbitrário para uma localidade
distante.
Durante esse encontro, Zeilinger explicou
ao Dalai Lama a dualidade
onda-partícula de fótons únicos, o conceito de acaso objetivo na mecânica
quântica e o mistério profundo da não-localidade. Para ilustrar um pouco da
estranheza da física quântica, ele até levou um sistema em miniatura de medição
quântica.
Nas conversas com o Dalai Lama,
Zeilinger ficou intrigado com o fato de filósofos e budistas contemplativos,
sem saberem nada de física moderna, terem concluído que nenhum fenômeno possui
existência inerente e objetiva, independente dos meios pelos quais é
apreendido. O Dalai Lama ficou igualmente fascinado por físicos quânticos, sem
saberem nada de filosofia ou meditação budistas, conseguirem chegar a uma
conclusão semelhante
Em resumo, conforme o Buda recomendou,
busca-se chegar à realização de que "no que é visto existe apenas o que é
visto; no que é ouvido, existe apenas o que é ouvido; no que é sentido, existe
apenas o que é sentido; no que é conhecido, existe apenas o que é conhecido”.
Por mais interessantes que sejam essas
teorias filosóficas e científicas, os físicos reconhecem que não foram capazes
de submetê-las ao teste de experiência. Mais uma vez a tradição meditativa do
budismo oferece aqui meios práticos de explorar o mundo da relatividade
ontológica por meio de práticas contemplativas altamente avançadas.
Extraído de
WALLACE, B. Allan. Dimensões Escondidas: A Unificação de Física e Consciência. Tradução de Lúcia Brito. São Paulo: Petrópolis, 2009. Título original: Hidden Dimensions: The Unification of Physics and Consciouness.
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