19 novembro 2019

Física Quântica

"Uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo-lhes enxergar a luz, e sim porque... uma nova geração cresce familiarizada com ela." (Max Planck)

Energia. Para os gregos, energia significa atividade. Pode mudar de forma, mas nunca é criada nem destruída. Ela é conservada: o total de energia no Universo continua sempre o mesmo. Física. Do grego "physis", natureza. É a ciência que estuda os fenômenos naturais suscetíveis de observação e experimentação. Liga todas as outras ciências. Seu objetivo é explicar a natureza do Universo (do subatômico às galáxias). Quanta. No início do século XX, quando os físicos estavam começando a dissecar o átomo e a entender a natureza da luz, Max Planck cunhou o termo "quanta" para documentar que a energia flui em pequenos pacotes e não como um contínuo. Física quântica. É um ramo de conhecimento que tem por objeto o estudo dos fenômenos que acontecem com as partículas atômicas e subatômicas.

Para entendermos este assunto, devemos nos reportar, primeiramente, à mecânica clássica de Newton. Newton estava preocupado com as forças da gravidade, os movimentos orbitais dos planetas ao redor do Sol, o funcionamento da galáxia etc. Sua escala de observação era macroscópica. Outros cientistas, porém, queriam penetrar no íntimo da matéria, no átomo, no microscópio, no mundo dos pequenos, e a física deste estudo denominou-se física quântica.

A principal dificuldade no estudo dos fenômenos subatômicos é que eles não possuem a regularidade de um relógio. A luz, por exemplo, comporta-se ora como onda ora como uma rajada de balas. Nesse caso, a física quântica é considerada uma "falsa teoria". Razão: a física quântica, ao contrário da clássica, é classificada como "não intuitiva", ou seja, determinadas coisas podem ser verdadeiras mesmo quando não aparentam ser.

John Polkinghorne, em seu livro Teoria Quântica, esclarece-nos que a teoria quântica não é um "vale tudo". Compará-la com as coisas do espírito (como exemplo, a telepatia) não é recomendável. "A dualidade onda-partícula é um fenômeno bastante surpreendente e instrutivo, cujo caráter aparentemente paradoxal foi solucionado para nós por meio das observações da teoria quântica de campos. Porém, ela não nos concede uma licença para ceder ao desejo de adotar qualquer par de noções de aparência contraditória que nos vier à imaginação. Como uma droga potente, a teoria quântica é maravilhosa quando aplicada de modo correto, mas desastrosa quando abusada e mal-aplicada" (página 109).

Ao explicar a relação entre física quântica e Espiritismo, Alexandre Fontes da Fonseca, professor de física no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da UNESP, em Bauru, diz que são teorias distintas: a física quântica é uma teoria da matéria; o espiritismo é a ciência do espírito. Acrescenta que, pelo fato de a física quântica estudar os fenômenos que estão fora do senso-comum isso não nos dá credencial para aplicá-la aos fenômenos espíritas (considerados fora do senso-comum).

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Paralelos com a Física Quântica

No outono de 1997 um pequeno e seleto grupo de físicos, astrônomos e filósofos reuniu-se por cinco dias na residência do Dalai Lama nos contrafortes dos Himalaias, no norte da Índia, para discutir a interface de física quântica, cosmologia e budismo. Anton Zeilinger, um dos principais especialistas do mundo nos fundamentos experimentais de mecânica quântica, foi um participante destacado. Ele é mais conhecido por seus experimentos inovadores da Universidade de Innsbruck que demonstram o teletransporte quântico, ou transmissão de uma réplica exata de um estado quântico arbitrário para uma localidade distante.

Durante esse encontro, Zeilinger explicou ao Dalai Lama a dualidade onda-partícula de fótons únicos, o conceito de acaso objetivo na mecânica quântica e o mistério profundo da não-localidade. Para ilustrar um pouco da estranheza da física quântica, ele até levou um sistema em miniatura de medição quântica.

Nas conversas com o Dalai Lama, Zeilinger ficou intrigado com o fato de filósofos e budistas contemplativos, sem saberem nada de física moderna, terem concluído que nenhum fenômeno possui existência inerente e objetiva, independente dos meios pelos quais é apreendido. O Dalai Lama ficou igualmente fascinado por físicos quânticos, sem saberem nada de filosofia ou meditação budistas, conseguirem chegar a uma conclusão semelhante

Em resumo, conforme o Buda recomendou, busca-se chegar à realização de que "no que é visto existe apenas o que é visto; no que é ouvido, existe apenas o que é ouvido; no que é sentido, existe apenas o que é sentido; no que é conhecido, existe apenas o que é conhecido”.

Por mais interessantes que sejam essas teorias filosóficas e científicas, os físicos reconhecem que não foram capazes de submetê-las ao teste de experiência. Mais uma vez a tradição meditativa do budismo oferece aqui meios práticos de explorar o mundo da relatividade ontológica por meio de práticas contemplativas altamente avançadas.

Extraído de

WALLACE, B. Allan. Dimensões Escondidas: A Unificação de Física e Consciência. Tradução de Lúcia Brito. São Paulo: Petrópolis, 2009. Título original: Hidden Dimensions: The Unification of  Physics and Consciouness.

 




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