10 julho 2020

Doutrinação de Espíritos

Doutrinação. É uma terapia de amor em que o doutrinador procura esclarecer os Espíritos maus e sofredores a trilharem o caminho do bem, da evolução espiritual. Doutrinador. É a pessoa que se incumbe de dialogar com os Espíritos desencarnados, necessitados de ajuda e esclarecimento. Espíritos. Seres inteligentes da criação que povoam o Universo, fora do mundo material.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, diz-nos que há diferentes ordens de Espíritos, desde os mais evoluídos aos mais atrasados. Muitos deles apresentam imperfeições de que ainda não se livraram. Espíritos há que já desencarnaram e não o sabem. Por isso, acabam influenciando os seus entes queridos e amigos mais próximos. Em muitos casos, a afinidade é bastante intensa. Daí, trabalho de doutrinação dos Espíritos, chamados corriqueiramente de "Espíritos obsessores". 

O objetivo da doutrinação se resume em esclarecer os Espíritos ignorantes, estimular os Espíritos fracos e confortar os Espíritos sofredores. Há que se ter em mente que os Espíritos não se tornam santos simplesmente porque deixaram a vestimenta física. Continuam a agir da mesma forma só que sem o corpo físico. Ao dirigente-esclarecedor cabe dialogar com esses Espíritos de uma forma respeitosa no sentido de abrir-lhes a mente para o futuro que os aguarda. Para tanto, necessita de uma sólida formação doutrinária, familiaridade com o Evangelho de Jesus e autoridade moral.

Espíritos encontram-se em diversos graus de evolução. Eis alguns exemplos, extraídos do livro Diálogo com as Sombras, de Hermínio C. Miranda: 1) Espíritos sofredores. Procurar convencê-los de que os sintomas apresentados são reflexos do corpo físico; 2) Espíritos maldosos. Mostrar-lhes as recompensas pela prática do bem, alertando-os para se afastarem do mal; 3) Espíritos recalcitrantes. Respeitar o livre-arbítrio do Espírito manifestante. Caso não se obtenha o êxito esperado, convidá-lo para voltar outro dia.

Allan Kardec,  na página 153 da "Revista Espírita", dá algumas instruções no trato com os Espíritos. Ele diz que tanto com Espíritos benevolentes como com Espíritos sofredores ou maus, é preciso gravidade, posto que temperada de benevolência. "É o melhor meio de lhes impor e os manter à distância, obrigando-os ao respeito. Se descerdes até a familiaridade com os que vos são inferiores, do ponto de vista moral e intelectual, não tardareis a dar entrada à sua influência perversa. Ficar de guarda. Variar vossa linguagem conforme a dos Espíritos que se comunicam". 

Os Espíritos menos felizes pululam ao redor dos seres humanos. Muitos deles nem suspeitam do mal que fazem aos encarnados. Nesse caso, a tarefa do doutrinador é sumamente nobre, pois tem a oportunidade de alertá-los e convidá-los para uma tomada de consciência à luz da moral do Cristo.

Referência Bibliográfica

KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1865.

MIRANDA, H. C. Diálogo com as Sombras (Teoria e Prática da Doutrinação). 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1982.


Ao Médium Doutrinador

M — Questão 182

Meu Amigo.

Considera na mediunidade uma poderosa alavanca de expansão do Espiritismo, reconhecendo, porém que a Doutrina Espírita e o serviço mediúnico são essencialmente distintos entre si.

Todos os encarnados são médiuns e antigos devedores uns dos outros.

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Nunca destaques um gênero de mediunidade como sendo mais valioso que outro, sabendo, no entanto, que o exercício mediúnico exige especialização para produzir mais e melhores frutos e benefício de todos.

A mediunidade existe sempre como fonte de bênçãos, desde que exercida com devotamento e humildade.

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No burilamento de faculdades mediúnicas, situa a feição fenomênica no justo lugar para não te distraíres com superfluidades inconsequentes.

O aspecto menos importante da mediunidade reside no próprio fenômeno.

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Relaciona-te pois, com o fenômeno quando ele venha a surgir espontaneamente em tarefas ou reuniões que objetivem finalidades mais elevadas, que não o fenômeno em si, usando equilíbrio e critério na aceitação dos fatos.

A provocação de surpresas em matéria de mediunidade não raro gera a perturbação.

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Jamais perca a esperança ou a paciência no trato natural com os nossos irmãos enfermos, especialmente quando médiuns sob influenciação inferior, para que se positive a assistência espiritual desejável.

Quem aguarda em serviço o socorro da Divina Providência, vive na diretriz de quem procura acertar.

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Mobiliza compreensão, tato e paciência para equacionar os problemas que estejam subjugando os enfermos desencarnados, elucidando-os com manifesta indulgência quanto à Realidade Maior no que tange ao fenômeno da morte, ao intercâmbio mediúnico, ao corpo espiritual e a outras questões afins.

A palavra indisciplinada traumatiza quem ouve.

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Analisa com prudência as comunicações dos espíritos sofredores, segundo a inspiração do amor e a segurança da lógica, aquilatando-lhes o valor pelas lições que propiciem inequivocamente a nós mesmos.

O bom senso é companheiro seguro da caridade.

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Compenetra-te dos teus deveres sagrados, sabendo que o medianeiro honesto para consigo mesmo, chega à desencarnação com a mediunidade gloriosa, enquanto que o medianeiro negligente atinge o rio da morte com a tortura de quem desertou da própria responsabilidade.

A mediunidade não se afasta de ninguém, é a criatura que se distancia do mandato mediúnico que o Plano Superior lhe confere.

Capítulo 15 do livro Opinião Espírita

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