O tédio é
um sentimento humano, um estado de falta de estímulo. Aborrecimento, fastio,
nojo, desgosto. Ter muito ou pouco tempo pode ocasionar o tédio. De acordo
com a Doutrina Espírita, o tédio é um insulto à fraternidade humana, porque a
dor e a necessidade, a tristeza e a doença, a pobreza e a morte não se acham
longe de ti.
Desde a Antiguidade
até a Idade Média o termo correspondente ao tédio é acédia. Os pensadores
cristãos do fim da Antiguidade e começo da Idade Média tinham o termo como
indiferença e ociosidade. Esta concepção fez Heidegger dizer que o tédio é
"a raiz de todos os males". Há, porém, uma diferença entre os termos
acédia e tédio. O primeiro refere-se à alma, à moral; o segundo, ao estado psicológico.
Por que deveríamos
considerar o tédio como um problema filosófico e não apenas psicológico,
religioso e sociológico? O problema filosófico mostra uma certa desorientação,
algo que não temos uma resposta de imediato. Observe que para Wittegenstein, um
problema filosófico tem a forma: "Não sei por onde ir". Nesta mesma
linha de pensamento, Martin Heidegger diz que "Um conhecimento não
completo" transforma-se em um problema filosófico. O tédio se encaixa
bem a essas observações, por isso pode ser considerado como uma das grandes
questões de filosofia.
Kierkegaard descreveu
o tédio como "a raiz de todo o mal". Rochefoucauld, referindo-se à
corte francesa, disse: "Quase sempre somos entediados por pessoas para as
quais nós mesmos somos entediantes". Para Pascal, "o homem sem Deus
está condenado à diversão". Para Nietzsche, o tédio é "a
'desagradável calma' da alma" que precede os atos criativos, e enquanto os
espíritos criativos o suportam, "natureza menores" fogem dele. No
romance Lucinde (1799), no capítulo "O Idílio do Lazer", Friedrich
Schlegel escreve: "Toda atividade vazia, agitada, não produz qualquer
coisa senão tédio – o dos outros e o nosso".
Para nós, que somos
adeptos do Espiritismo, o tédio deveria ser considerado uma espécie de alarme.
Denota que algo não anda bem conosco. É possível que não estejamos praticando
os princípios fundamentais da Doutrina Espírita. Talvez estejamos menosprezando
as sábias instruções dos benfeitores espirituais.
O Espírito François
de Genève esclarece-nos que a vaga tristeza que o Espírito sente, quando está
jungido a um corpo físico, é porque aspira à felicidade e à liberdade, a qual
não encontra neste mundo. Consequentemente surge o desânimo, o cansaço, a
descrença, gerando pensamentos sombrios e impelindo-nos ao tédio.
O espírito Emmanuel,
em Vida e sexo, tece alguns comentários sobre a presença do tédio entre os
casais. No relacionamento entre os casais, muitas arestas devem ser aparadas,
pois cada qual, em sua posição, deve consertar erros do passado e preparar-se
para um futuro mais promissor.
O tédio pode ser
positivo e negativo. É positivo, quando esse sentimento nos leva a criar, a
sair do nosso mundo interior e progredir. É negativo, quando nos faz abaixar a
cabeça e chafurdarmo-nos em nossas desgraças.
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