17 agosto 2011

Tédio e Espiritismo

tédio é um sentimento humano, um estado de falta de estímulo. Aborrecimento, fastio, nojo, desgosto. Ter muito ou pouco tempo pode ocasionar o tédio. De acordo com a Doutrina Espírita, o tédio é um insulto à fraternidade humana, porque a dor e a necessidade, a tristeza e a doença, a pobreza e a morte não se acham longe de ti.

Desde a Antiguidade até a Idade Média o termo correspondente ao tédio é acédia. Os pensadores cristãos do fim da Antiguidade e começo da Idade Média tinham o termo como indiferença e ociosidade. Esta concepção fez Heidegger dizer que o tédio é "a raiz de todos os males". Há, porém, uma diferença entre os termos acédia e tédio. O primeiro refere-se à alma, à moral; o segundo, ao estado psicológico.

Por que deveríamos considerar o tédio como um problema filosófico e não apenas psicológico, religioso e sociológico? O problema filosófico mostra uma certa desorientação, algo que não temos uma resposta de imediato. Observe que para Wittegenstein, um problema filosófico tem a forma: "Não sei por onde ir". Nesta mesma linha de pensamento, Martin Heidegger diz que "Um conhecimento não completo" transforma-se em um problema filosófico. O tédio se encaixa bem a essas observações, por isso pode ser considerado como uma das grandes questões de filosofia.

Kierkegaard descreveu o tédio como "a raiz de todo o mal". Rochefoucauld, referindo-se à corte francesa, disse: "Quase sempre somos entediados por pessoas para as quais nós mesmos somos entediantes". Para Pascal, "o homem sem Deus está condenado à diversão". Para Nietzsche, o tédio é "a 'desagradável calma' da alma" que precede os atos criativos, e enquanto os espíritos criativos o suportam, "natureza menores" fogem dele. No romance Lucinde (1799), no capítulo "O Idílio do Lazer", Friedrich Schlegel escreve: "Toda atividade vazia, agitada, não produz qualquer coisa senão tédio – o dos outros e o nosso".

Para nós, que somos adeptos do Espiritismo, o tédio deveria ser considerado uma espécie de alarme. Denota que algo não anda bem conosco. É possível que não estejamos praticando os princípios fundamentais da Doutrina Espírita. Talvez estejamos menosprezando as sábias instruções dos benfeitores espirituais. 

O Espírito François de Genève esclarece-nos que a vaga tristeza que o Espírito sente, quando está jungido a um corpo físico, é porque aspira à felicidade e à liberdade, a qual não encontra neste mundo. Consequentemente surge o desânimo, o cansaço, a descrença, gerando pensamentos sombrios e impelindo-nos ao tédio.

O espírito Emmanuel, em Vida e sexo, tece alguns comentários sobre a presença do tédio entre os casais. No relacionamento entre os casais, muitas arestas devem ser aparadas, pois cada qual, em sua posição, deve consertar erros do passado e preparar-se para um futuro mais promissor.

O tédio pode ser positivo e negativo. É positivo, quando esse sentimento nos leva a criar, a sair do nosso mundo interior e progredir. É negativo, quando nos faz abaixar a cabeça e chafurdarmo-nos em nossas desgraças.

 



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