Bem-Aventurança. Declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa
sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus
toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de
uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor,
perseguição. Puro. Sem
mistura nem alteração; genuíno. Límpido, claro, transparente, cristalino, sem
manchas. Coração. Órgão
central do ser humano.
O momento
histórico deste ensinamento está no Sermão do Monte, proferido por Jesus há
dois mil anos. O ambiente no qual Jesus esteve inserido fazia parte do grande
império romano, que estendia as asas das suas águias do Atlântico ao Índico. O
jugo romano, porém, pesava de modo especial sobre a Palestina ao contrário dos
outros povos. Significa dizer que o discurso de Jesus era como que um grito de
alerta contra esse poderio. Assim sendo, em cada um de seus ensinamentos não
perdia a oportunidade de realçar esse tipo de autoridade externa,
principalmente na indigência com que deixavam o povo palestino.
O pecado e
o adultério são "manchas" no coração. Na antiguidade,
o pecado era a violação de um tabu; para apagá-lo, havia a necessidade de uma
confissão pública. No âmbito do cristianismo, Paulo reportava-se à fé e à graça como antídotos para o pecado. Quanto ao adultério, Jesus
chamava-nos a atenção para o pecado por pensamento e não somente à sua
significação própria, ou seja, infidelidade conjugal, prevaricação. Por quê? Porque tudo se
inicia no pensamento. Nós não podemos fazer nada sem que antes tenhamos pensado
para executá-lo.
O escândalo é
outra mancha no coração. No sentido vulgar, escândalo é toda a ação que choca
com a moral ou decência de um modo ostensivo. O escândalo não está na ação
em si mesma, mas no reflexo que ela pode ter. No sentido evangélico, a acepção é mais geral. Não é mais somente o que ofende a
consciência de outrem, é tudo o que resulta dos vícios e das imperfeições dos
homens, toda reação má de indivíduo para indivíduo, com ou sem repercussão. É o
resultado efetivo do mal moral.
A criança
é um símbolo de pureza de coração. Significa dizer que a entrada no reino
de Deus é decorrente da simplicidade e da humildade do Espírito. Nesse sentido,
os estados de franqueza, as ações ingênuas e as atitudes de obediência auxiliar-nos-ão
eficazmente na percepção das leis naturais. O reino de Deus não vem com
aparências externas, ele é fruto de um árduo trabalho de
reformulação interior.
A pureza de
coração deve ser o principal alvo daquele que quer se elevar espiritualmente. Assemelhando-nos
à criança, inocente e sem defesas, teremos maiores possibilidades de não só nos
conhecer como também ao nosso próximo.
Referência Bibliográfica
CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário
de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio,
1998.
GIL, F.
(Editor). Enciclopedia
Einaudi. Lisboa, Imprensa
Nacional, 1985-1991.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
MACKENZIE, J. L.
(S. J.) Dicionário
Bíblico. São Paulo,
Edições Paulinas, 1984.
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