03 agosto 2011

Excesso e Espiritismo

Nós, ao longo do tempo, fomos automatizando diversos hábitos e atitudes. Possivelmente, não percebemos a variedade dos comportamentos infelizes, que se transformaram em excessos de toda ordem. Um exemplo: parece que a nossa alimentação é saudável. De repente, fazemos um exame de sangue e percebemos que o colesterol está alto. Perguntamos: como foi possível? No que estou exagerando? O que parecia saudável já não o é mais.

Visualizemos o nosso guarda-roupa, a nossa despensa, a nossa biblioteca: quantas coisas há que nunca mais iremos usar? No campo moral, façamos as seguintes perguntas: qual o grau de preguiça e comodidade existente dentro de nós? Somos excessivamente maledicentes? Temos forte apego pelos nossos próprios pertences? No campo espiritual, estamos sendo demasiadamente precipitados? Já conseguimos perceber que o trabalho mediúnico mais fecundo exige tempo de maturação?

Aristóteles, na antiguidade, já nos alertava que quando houvesse excesso ou falta, a virtude deixava de existir. Para ele, a virtude implica a justa medida: é o caminho do meio. O excesso, isto é, o muito, e a falta, isto é, o muito pouco, são vícios. A virtude é a realização do justo equilíbrio, que sabe tomar a exata medida limitando-se nas duas direções do muito e do muito pouco. Observe o líquido que a cobra produz: na medida justa é remédio, cura; no excesso, é veneno, mata.

Em nosso dia a dia, acumulamos uma série de hábitos mentais, que vão se deplorando com o passar do tempo. O halterofilismo mental é o ponto inicial para a eliminação dos excessos. Dadas as nossas atividades materiais e espirituais, acabamos não tendo mais tempo para conversar com amigos e familiares. Ficamos demasiadamente presos dentro de nosso mundo interior, que não conseguimos mais ver um passo além. Muitas dessas atitudes podem nos levar ao estresse mental que se consubstancia na angústia, na depressão e na ansiedade.

O Espírito Emmanuel, comentando a passagem “Pois que aproveitaria ao homem ganhar o mundo todo e perder a sua alma?” — Jesus (Marcos, 8, 36), diz-nos que: 1) o apego ao supérfluo é introdução à loucura; 2) juntar abusivamente é motivo de aflição e inutilidade; 3) alimentos guardados, valores a caminho da podridão; 4) roupas em desuso, asilo de traças; 5) demasiados recursos amoedados, tentações para os descendentes. Em outras palavras, quando nos agarramos ao efêmero, ao transitório, estamos no campo da ilusão. Nesse caso, convém analisarmos todo o material que amontoamos. (Xavier, 1986, cap. 73)

Urge reconhecer que nu viemos e nu partiremos desta vida. Assim, uma só coisa é necessária: que amontoemos coisas sob o olhar complacente do nosso mestre Jesus. O apego costuma dificultar nossa entrada no mundo dos Espíritos. 

Fonte de Consulta

XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel. 8. ed., Minas Gerais: CEC, 1986.

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Ne Quid Nimis

(Em inglês, “nothing in excess” ["nada em excesso"])

A frase latina ne quid nimis mostra-nos o cuidado que devemos ter para com tudo o que fazemos. Observe o cupim: não notamos a sua atuação, mas as consequências aparecem, quer queiramos ou não. E nossa alimentação? Ingerimos, sem perceber, um volume acentuado de alimentos com alto teor de carbo-hidratos. O exame de sangue, contudo, irá acusar os níveis altos de colesterol e triglicerídeos.

Quantas palavras ocas proferimos para comunicar algo? Por que não usar as palavras certas no lugar certo? O que nos ensina a navalha de Ockham?  Ensina-nos que a melhor solução é aquela que apresenta a menor quantidade de premissas possíveis. Uma navalha filosófica é uma ferramenta usada para eliminar opções improváveis em determinada situação.

Que tal revisitar os nossos pertences e verificar o que pode ser descartado?

Constatação: o excesso de informação na Internet está diminuindo a nossa capacidade de memorização. 

A eliminação dos excessos, deixa-nos livres de cuidar, de limpar e de se apegar aos referidos objetos. 

No ódio, há um excesso de preocupação, pois nos tornamos reféns da pessoa que odiamos. E se forem muitos, a nossa liberdade está fatalmente comprometida.

Se com uma ou duas repreensões, a pessoa não se emendar, deixemos tudo por conta de Deus.

Quem corre em demasia para pegar o trem mostra que não tem controle sobre o seu tempo.  

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A arte de subtrair pode ser entendida como a arte de remover o que é desnecessário. Baseia na ideia de que, muitas vezes, a simplicidade e a essencialidade são mais poderosas e eficazes do que a complexidade e a abundância. Ne quid nimis (nada em excesso) — sentença que os latinos adotaram dos gregos para indicar que todo o excesso é uma imperfeição — resume perfeitamente esta arte. 

“Somente acrescente se você puder subtrair” não significa necessariamente que haja necessidade de se desfazer de um livro, por exemplo, a cada novo que se adquiri. Essa é uma interpretação literal e simplista de um conceito mais profundo.

 

 

 

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