Se existe a verdadeira desgraça
haverá também a falsa. Sobre esta sentença, o Espírito Delphine de Girardin tece
alguns comentários. Acha ele que os homens de uma maneira geral enganam-se
acerca da infelicidade, pois a vêm no fogão sem lume, no credor ameaçador, no
berço vazio do anjo que sorria, nas lágrimas, no féretro que se acompanha de
cabeça descoberta e de coração partido, na angústia da traição, na nudez do
orgulhoso que gostaria de se cobrir de púrpura etc. Eles se esquecem de que
toda a ação humana deve ser vista pela sua consequência e não por ela em si
mesma.
Geralmente, vemos a desgraça: 1)
na miséria, que é um estado habitual de privação de bens
supérfluos, de bens necessários à condição social e de bens necessários à vida;
2) nos furacões e terremotos; 3) nos atentados à vida.
São as guerras, as investidas terroristas, o fundamentalismo belicoso.
Os Espíritos superiores orientam-nos
para que não olhemos os fatos em si mesmos, mas pelas suas consequências. Se a
consequência for boa é porque o ato também o foi, embora no princípio não o
pareça. Observe as tempestades que assolam as cidades e os campos. Enquanto
elas estão se processando, estamos reclamando e nos rebelando contra a vontade
divina. Depois que ela passa, verificamos que estamos respirando melhor, que
houve um saneamento no planeta. Somente aí é que começamos ver o lado bom
daquela destruição transitória. Se bom, teremos as recompensa do bem; se mal,
as recompensas do mal.
Os Espíritos de luz afirmam que a
verdadeira desgraça é a alegria, a fama, o prazer e a vã agitação. Como
entender? É que essas ações fazem calar a consciência, roubando-nos o tempo que
poderia estar sendo mais bem aproveitado no incremento de nossa evolução
espiritual. A infelicidade é o ópio do esquecimento que reclamamos diariamente.
É preciso, pois, olhar tudo de uma forma invertida, a fim de que possamos
captar a verdade por detrás dos fatos.
Saibamos agradecer as injunções de
nosso caminho. Se julgarmos que a nossa desgraça é maior que a dos nossos
vizinhos, façamos um visita a um hospital, a uma prisão e veremos que a nossa
dor não é tão grande quanto parece.
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