A consciência,
em seu sentido amplo, é a capacidade de perceber as realidades internas e
externas. A consciência moral, por sua vez, é a capacidade de o ser humano
avaliar interiormente o que há de bom ou de ruim em uma dada ação. Quando
falamos em consciência moral, devemos fazer uma diferença substancial entre a
lei, que são normas gerais, e a consciência, que avalia o “hic et nunc” de cada
ação.
Na pergunta 621
de O Livro dos Espíritos, os Espíritos orientam-nos que a lei de
Deus está escrita na consciência do ser. Estar escrita é o que há de inato na
consciência. Contudo, a lei de Deus precisa ser atualizada, lembrada e
esclarecida, para que se torne algo natural em cada uma de nossas ações. Disso
resulta que o imperativo “faça isso” ou “não faça aquilo” seja exercitado com o
mínimo de consequências negativas, no sentido de evitar a culpa, o remorso e
coisas semelhantes.
Na Bíblia,
a consciência é designada de “coração”, tendo uma dimensão interior e exterior.
No mito do paraíso, Adão e Eva, por exemplo, passam pelo drama da consciência
humana: de um lado a ordem divina; do outro, a serpente, que lhe sugere o mal.
Nesse caso, eles agem livremente mesmo contra aquilo que sua consciência lhes
aponte como justo. No relato de Caim e Abel, nota-se a consciência tisnada após
o crime. Diante desses e de outros deslizes, há os profetas, que
constituem a consciência social, aqueles que vêm nos lembrar,
despertar a nossa consciência para o bem e a verdade.
Ao longo do tempo,
porém, a lei escrita teve mais peso do que a lei moral. Os fariseus, por
exemplo, quiseram aplicar a lei de forma objetiva e calculada. Jesus Cristo, ao
contrário, procurou combater a moral exterior. Em Lucas 11, 33 a 35, ele diz:
“E ninguém, acendendo uma candeia, a põe em oculto, nem debaixo do alqueire,
mas no velador, para que os que entram vejam a luz. A candeia do corpo é o
olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso;
mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso. Vê, pois, que a luz que em
ti há não sejam trevas”.
Paulo, em suas
epístolas, desenvolveu a doutrina da consciência. Para ele, a
moralidade não pode estar atrelada à Lei, que é exterior, mas ao coração, que é
interior. Em Romanos 2, 14 e 15, ele diz: “Porque, quando os gentios, que não
têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para
si mesmos são lei; os quais mostram à obra da lei escrita em seus corações,
testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer
acusando-os, quer defendendo-os”.
É lastimável a
disseminação do medo, da culpa e do individualismo no mundo moderno. Para
desviarmos os seres humanos desse matiz, aceleremos, desde a infância, a reta
formação da consciência.
Fonte de Consulta
IDÍGORAS, J. L. Vocabulário
Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.
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