29 maio 2013

Ontologia, Ontoteologia e Espiritismo

Ontologia é a teoria dos entes, ramo da metafísica que se interessa pela natureza do ser. “Ente” representa todas as coisas sobre as quais se pode dizer que são. Nesse caso, a ontologia é a teoria do ser enquanto tal. Ontoteologia é a teoria do ser divino. O “onto”, que se refere ao ente (ou ao ser); o “teo”, que se refere a Deus (ou aos deuses); o “logos”, que se refere ao saber, ou ao saber enquanto “falar”. 

A tarefa da ontologia é perguntar pelas características básicas que tornam possível dizer que algo ou um estado de coisas, um evento, é. O problema ontoteológico surge quando Heidegger questiona esses termos ao verificar que Hegel equipara “Ser” com “a Ideia Absoluta”. A estrutura “ontoteológica” da metafísica tem de revelar por que entraram na filosofia Deus e o Ser, e, além disso, por que se apresentam como “objetos” do “logos”, com o sistema articulado de saberes. (2)

Na história da filosofia, observamos as dificuldades para se explicar a relação mente-corpo. A teoria do ser tem sua síntese na filosofia espírita, quando pela revelação e pela cogitação surge, além do Espírito e da Matéria, o termo “Perispírito”. Quer dizer, ao se introduzir o conceito de perispírito, eliminamos a dualidade existente entre mente e corpo. Nós somos um Espírito (Espírito + perispírito + corpo físico) que, momentaneamente, está habitando um corpo de carne.

Na ótica espírita, a ontoteologia pode ser vista da seguinte forma: para Aristóteles, o Ser é “aquilo que é”. Na Bíblia é Deus quem fala, embora figuradamente, e se explica: “Eu sou o que é”. Deus é e se afirma na intuição cartesiana de Um Ser supremo, como se afirma no sentimento intuitivo kardeciano. Na Filosofia Espírita o conceito de Ser abrange todas as categorias daquilo que é, concordando portanto com o pensamento filosófico antigo e moderno.

A definição do Ser supremo está posta na pergunta 1 de O Livro dos Espíritos: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. Em termos didáticos, dizemos: Deus é a causa primária de todas as coisas. Dele vertem-se dois princípios: material e espiritual. O principio espiritual individualizado torna-se espírito; a individualização do principio material dá origem à matéria. No ser humano, para haver a ligação entre espírito e matéria, há necessidade de um intermediário, o perispírito. 

Os seres têm essência e essa essência se desenvolve através da evolução: é o princípio inteligente. No ser humano, essa realidade se apresenta no complexo Espírito, Perispírito e Matéria. Entre os dois últimos existe ainda o fluido vital. Toda essa complexidade, entretanto, é simplesmente a expressão  pluralista de um monismo fundamental. A essência é que tudo domina. Ela é a realidade última. Mas só através da existência conseguimos atingi-la.

Tenhamos em mente que a essência do Espírito é indestrutível, pois representa a atualização das potencialidades do princípio inteligente, uma criação de Deus para fins que ainda desconhecemos.

Fonte de Consulta

(1) CASTRO, Susana de. Ontologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008 (Filosofia passo-a-passo, 83) 

(2) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004. 

(3) PIRES, J. Herculano. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo: Paideia, 1983. 







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