O remorso tem a sua utilidade: faz o Espírito culpado compreender a
gravidade de suas faltas.
Remorso. Do lat. remorsus, particípio passado de remordere,
tornar a morder, significa inquietação, abatimento da consciência que percebe
ter cometido uma falta, um erro. Em termos teológicos e morais, é o estado de
pena interior depois de ter cometido um ato de violação à ordem moral. Arrependimento.
Sentimento de pesar causado por violação de uma lei ou de uma conduta moral:
resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras
violações.
Embora associados, remorso e arrependimento têm significados
diferentes. O remorso é um sentimento e o arrependimento uma vontade: é a
consciência dolorosa de uma falta passada, somada à vontade de evitá-la daí em
diante e, se possível, repará-la. Em termos espíritas, o remorso é o
prelúdio do castigo, enquanto o arrependimento, a caridade e a fé nos conduzirão
à felicidade.
Allan Kardec, na Revista Espírita de 1858, publica um
diálogo feito com o ASSASSINO LEMAIRE, condenado à pena última pelo júri
de Aisne, e executado a 31 de dezembro de 1857. Foi evocado em 29 de janeiro de
1858. Nas suas 41 respostas, anotamos duas pertinentes ao nosso tema: 1)
"Eu estava imerso numa grande perturbação"; 2) "Um sofrimento
intolerável, uma espécie de remorso pungente, cuja causa ignorava".
O remorso é consequência de algo, algo que poderia ser apontado como
a verdadeira chaga da sociedade, ou seja, a incredulidade.
A incredulidade, não resta dúvida, é a causa de todas as desordens. A negação
do princípio espiritual, a crença no nada depois da morte e as ideias
materialistas preconizadas pelos homens influentes infiltram-se nas mentes dos
jovens e sugam-lhes o ímpeto para devassar o invisível.
Remorso tem ligação com nossas escolhas e a consciência. A
consciência produz dois efeitos diferentes: a satisfação de ter agido bem, a
paz que deixa a consciência do dever cumprido, e o remorso que penetra e
tortura quando se praticou uma ação reprovada por Deus, pelos homens ou pela
honra. As nossas escolhas pertencem ao nosso livre-arbítrio. Se optarmos
pelo bem, teremos, como consequência, mais liberdade; pelo mal, menos liberdade.
A razão é simples: o bem livra o nosso Espírito do remorso, do arrependimento;
o mal requer que refaçamos o erro cometido.
A pena do remorso não é eterna. De acordo com o Espiritismo, o
prazo da expiação está subordinado ao melhoramento do culpado. Os trinta e três
itens do código da vida futura podem ser resumidos em: arrependimento,
expiação e reparação, ou seja, apagar os traços de uma falta e suas
consequências. Nesse sentido, o arrependimento por si só não é suficiente;
ele apenas prepara e suaviza a expiação. Uma ação má é um desvio com relação à
Lei Natural; a sua consequência é a dor e o sofrimento.
Em síntese: ante uma falta grave, exercitemos o arrependimento e a expiação. Depois, metamos mãos à obra para reparar o que de errado fizemos.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/remorso-e-arrependimento
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— É fenômeno comum — elucidou o
Assistente. As faculdades mentais de nossa irmã sofredora estagnaram-se no
remorso, em razão do delito máximo de sua existência última, e, desde que foi mais
intensamente tocada pelas reflexões da morte, entregou-se, de modo total, a
semelhantes reminiscências. Por haver cultivado a fé católica romana,
imagina-se ainda diante do sacerdote, acusando-se pela falta que lhe maculou a
vida... (Capítulo 4
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