Aparições, fantasmas e casas assombradas (fenômenos mais antigos e documentados de
que se tem notícia) são aspectos relevantes dos filmes e contos de terror. Quem
nunca assistiu a filmes assim em que as portas se fecham sem razão alguma,
vozes parecem vir do nada, ruídos estranhos e sons desconcertantes? Allan
Kardec, em O Livro dos Médiuns, dedica o capítulo VI, Manifestações Visuais, para tratar deste assunto. Nesse capítulo, há,
também, o "Ensaio Teórico Sobre as Aparições" e a "Teoria da
Alucinação".
"Aparição” (e seu sinônimo
“fantasma”) refere-se à "aparência imaterial" de uma figura humana
que, se identificável, é a de alguém falecido. As aparições geralmente são
vistas por uma única pessoa. Muitos são céticos com relação à aparição, pois
como a ocorrência não é verificável com facilidade, a sua comunicação é posta
em dúvida. Na religião, embora com o nome de "visão", as aparições
desempenharam papel relevante. As aparições começaram a ser testadas somente no
fim do século XIX e início do seculo XX. Duas foram as razões: 1) método teórico-experimental
nas ciências; 2) descoberta da capacidade psi pela parapsicologia.
Em se
tratando das casas assombradas, verificamos quatro tipos de fenômenos: 1) fenômenos auditivos (gritos, gemidos, sussurros, móveis se
arrastando); 2) fenômenos visuais (luzes, objetos); 3) fenômenos
sensoriais (odores); 4) fenômenos de materialização (fantasmas).
Para explicar esses tipos de fenômenos foram desenvolvidas várias teorias: 1)
teoria das alucinações; 2) teoria da arquitetura da casa; 3) teoria da gente da
casa que possua poderes paranormais; 4) teoria do electromagnetismo; 5) teoria
da sobrevivência dos espíritos num determinado local.
Convém, aqui, distinguir os fantasmas
que estão sendo "produzidos" por seres vivos a partir de
materializações inconscientes ou conscientes de ectoplasma, daqueles que surgem
espontaneamente em determinados locais. Num caso, podemos falar em
materialização; no outro, aparição. No poltergeist
(batidas), o fenômeno se origina da atuação inconsciente do sujeito. Observe o
fenômeno de Hydesville, em que as irmãs Fox (por meio de batidas na parede) se
comunicaram com o Espírito Charles Rosma, assassinado anteriormente naquela casa.
No item 23
do capítulo VI de O Livro dos Médiuns, há a seguinte questão:
como o Espírito pode tornar-se visível? Resposta: o princípio é o mesmo de
todas as manifestações e está nas propriedades do perispírito, que pode
sofrer diversas modificações,
à
vontade do Espírito. No item 25, indaga-se sobre a forma de condensação do
perispírito. Resposta: não há condensação, mas antes uma combinação de fluidos.
Assim, pela combinação de fluidos produz-se no perispírito uma disposição especial, que não tem
analogia para nós, encarnados.
Analisemos,
também, o item 28, cuja questão é: como podemos ver os Espíritos em estado de
vigília? Resposta: "Isso depende do organismo, da facilidade maior ou
menor do fluido do vidente de se combinar com o do Espírito. Assim, não basta o
Espírito querer mostrar-se; é também necessário que a pessoa a quem se quer
mostrar tenha a aptidão para vê-lo".
Fonte de
Consulta
CAVENDISH,
Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural:
Magia, Ocultismo, Esoterismo, Parapsicologia. Consultor especial sobre
Parapsicologia Professor J. B. Rhine. Tradução de Alda Porto e Marcos
Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.
KARDEC,
Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução J. Herculano Pires. São Paulo:
Lake, 2013.
SCHOEREDER, Gilberto. Dicionário do Mundo Misterioso: Esoterismo, Ocultismo, Paranormalidade e Ufologia. Rio de Janeiro: Record: Nova Era, 2002.
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Aparições
O termo "aparição", como "fantasma", do qual é
praticamente sinônimo, é usado popularmente há séculos, mas nunca com um
sentido específico estritamente definido claro e precisamente. Uma definição de
um dicionário apenas descritivo concentra-se em fases como "material
aparência de fantasma" e "parece real e é geralmente repentina e
assustadora", mas não faz qualquer alusão à causa ou ao significado das
"aparições" desse tipo. Contudo, o termo normalmente se refere à
"aparência imaterial" de uma figura humana que, se identificável, é a
de alguém falecido.
As aparições não são vistas por todo mundo. Só indivíduos, de
vez em quando comunicam uma experiência dessa. Em geral, ocorre quando a pessoa
está só, embora casos em que mais de uma parece ter tido a mesma impressão ao
mesmo tempo tenham sido comunicados com frequência suficiente para exigir uma
explicação. De qualquer modo, porém, a experiência com aparição é transitória e
não há muita probabilidade de que se repita. Consequentemente, a ocorrência não
verificável com facilidade, e a sua comunicação corre o risco de provocar
ceticismo ou descrença na maioria dos ouvintes.
Relatos de aparições, apesar do grande ceticismo em torno deles,
adquiriram certa importância tanto na crença popular quanto na história da
religião. O fantasma de Banquo e do pai de Hamlet, embora criações literárias,
basearam-se numa ideia comum e aceita na época, a ideia de que asa aparições
eram os espíritos de pessoas mortas, que de algum modo se manifestavam de forma
visual. Às vezes a aparição surgia como se simplesmente trouxesse uma mensagem
para o observador vivo apenas com o propósito de mostrar-se (afirmando-lhe
assim a sobrevivência do espírito). Outras vezes, trazia uma mensagem ou aviso
mais específico, como os dos fantasmas de Shakespeare.
Aparições também desempenham um papel na religião, embora as
experiências mais particulares alegadas nesse campo venham na maioria das vezes
sob o nome de "visão" do que de "aparição" ou
"fantasma".
Hoje, porém, a interpretação simples e direta das aparições como
manifestações de pessoas mortas está fora de moda. Aprendeu-se demais com a
parapsicologia experimental para que ela continuasse se sustentando.
As aparições que se manifestavam a pessoas saudáveis eram
mediúnicas nesse sentido. Eram inexplicáveis pelas leis comuns, mas ainda reais
e significativas. Por isso, pareciam misteriosas, até mesmo sobrenaturais.
Aparições com experiência Psi Espontâneas
As experiências psi espontâneas, das quais as aparições pareciam
outra, constituir uma parte maior do que hoje, são tão antigos quanto a
história.
Em fins do século XIX e início do XX, surgiu o método
experimental na ciência, indicando que experiências adequadamente controladas
podiam mostrar se era verdade que a mente tinha meios de obter informações de
alguma maneira ainda desconhecida, como sugeriram as experiências psi. As
experiências que testaram pela primeira vez essa ideia foram feitas no campo
hoje conhecido como parapsicologia.
Primeiros estudos de aparições
As experiências psíquicas, aparicionais ou outras, jamais foram
cotejadas e estudadas de um modo realmente abrangente antes da descoberta da
capacidade psi. Na verdade, não se poderia esperar esse tipo de estudo antes
que se estabelecesse o abrangente conceito de psi (clarividência,
pré-conhecimento, telepatia e PK), para servir de linha mestra. Marcas
decisivas entre os primeiros estudos de experiências psi espontâneas foram as
realizadas pela Sociedade de Pesquisa Psíquica (Society for Psychical Research
— S. P. R.) de Londres, e o posterior estudo de aparições feito por G. N. M.
Tyrell, na Inglaterra. Um dos motivos da fundação, em 1882, da S. P. R. de
Londres, foi o interesse em estudar comunicados de experiências com aparições.
Um projeto de três dos fundadores, Edmund Gurnsy, F. W. H. Myers e Frank
Podmore, de recolher versões dessas experiências, foi um dos inicialmente
realizados. Esses estudos resultaram, em 1886, no Fantasmas dos Vivos. O objetivo básico da pesquisa
era avaliar o verdadeiro significado e peso dessas experiências na questão da
vida após a morte, a questão da sobrevivência. Segundo seus relatos, as
aparições seriam casos em que o espírito de uma pessoa morta parecia
comunicar-se com uma viva. Portanto, forneciam um suposto indício de sobrevivência.
Fossem o que pareciam ser, representavam uma experiência de comunicação entre
as duas, mas, evidentemente, sem meios sensoriais. Essa comunicação seria
telepatia.
A telepatia, contudo, era questão controvertida. Assim, a ideia
geral da experiência aparicional, nessa época, era a de que o espírito de uma
pessoa morta sobrevivera e podia tornar-se visível para os vivos (1)
(1) CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do
Sobrenatural: Magia, Ocultismo, Esoterismo, Parapsicologia. Consultor especial
sobre Parapsicologia Professor J. B. Rhine. Tradução de Alda Porto e Marcos
Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.
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