“Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos” é o título do capítulo IX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, e trata dos seguintes assuntos: Injúrias e Violências — Instruções dos Espíritos: — A Afabilidade e a Doçura — A Paciência — Obediência e Resignação — A cólera.
As máximas sobre as injúrias e violências podem ser resumidas: os mansos possuirão a Terra, os pacíficos serão chamados filhos de Deus e quem matar será réu em juízo. Nessas máximas, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansuetude, a afabilidade e a paciência. Consequentemente, condenou a violência e a cólera.
A frase "Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra" pode ser entendida da seguinte maneira: ao esperar os bens do céu, o homem necessita dos bens da terra para viver. O que ele recomenda, portanto, é que não se dê a estes últimos mais importância que aos primeiros. Em outras palavras, até agora os bens da terra foram açambarcados pelos violentos, em prejuízo dos mansos e pacíficos. Quando imperar a lei de amor e caridade, não haverá mais egoísmo.
A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação. Necessário que essa afabilidade não seja apenas uma máscara. Em muitos lares, observa-se: chefes de família não podendo ser tirânicos em suas atividades costumeiras, descontam a sua violência dentro do lar, dizendo: Aqui eu mando e sou obedecido”.
Em se tratando da evolução do Espírito, a dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos. “Não vos aflijais, portanto, quando sofrerdes, mas, pelo contrário, bendizei a Deus todo-poderoso, que vos marcou com a dor neste mundo, para a glória no céu”.
Neste capítulo há um apelo à paciência, visto que a paciência é também caridade. Por isso, o exercício do perdão aos que Deus colocou em nossos caminhos. O fardo parece mais leve quando olhamos para o alto, do que quando curvamos a fronte para a terra.
Quanto à obediência e à resignação ensinadas por Cristo, entendamos: a obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração. Ambas são forças ativas, porque levam o fardo das provas que a revolta insensata deixa cair.
Quanto à cólera, anotemos: “O orgulho vos leva a vos julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar, e a vos considerardes, ao contrário, de tal maneira acima de vossos irmãos, seja na finura de espírito, seja no tocante à posição social, seja ainda em relação às vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e vos fere. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera”.
O corpo não dá impulsos de cólera a quem não os tem, como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. Sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade?
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