Tempo é a sucessão dos anos, dos dias, das horas
etc., que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro: o curso do tempo; o tempo é um meio contínuo e indefinido no qual os
acontecimentos parecem suceder-se em momentos irreversíveis. (Dicionário Aurélio)
O tempo é um problema. Por problema, entende-se uma
análise mais acurada de um tema aparentemente fácil e intuitivo. Santo
Agostinho nos dizia que quando não lhe perguntavam sobre o tempo, sabia a
resposta, mas, se questionado, já não o sabia mais. É factível, pois,
considerá-lo como um problema. Por exemplo, ao dizermos que o tempo é a duração
sucessiva de qualquer fenômeno ou do movimento real das coisas, criamos um
problema, pois o enigma da duração sucessiva é problemático. O que é duração?
Os filósofos antigos perguntaram à esfinge o que era o tempo, mas ela nada
respondeu, porque era o próprio tempo feito estátua de silêncio.
A pergunta fundamental não é: que é o tempo? Muitos
pensadores se posicionaram para defini-lo. Newton diz: "O tempo absoluto,
verdadeiro e matemático, flui uniformemente devido à sua própria natureza e a
partir de si próprio, sem relação com qualquer coisa externa". Para
Aristóteles, "O tempo é o número do movimento segundo um antes e um
depois". O físico norte-americano Richard Feynman, laureado com o Prêmio
Nobel, afirma: "Tempo é o que acontece quando mais nada acontece". A
pergunta fundamental é: "Como é que o homem chega ao tempo?" Para
responder a essa pergunta, devemos prestar atenção à classificação hierárquica
de vivências do tempo.
Vivência da simultaneidade por oposição a não-simultaneidade
Vivência da sucessão ou da ordem temporal
Vivência do presente ou do agora
Vivência da duração. (Pöpel, 1989, cap. II)
O relógio mede o tempo? Como medir algo que não se
deixa tocar, ouvir, saborear nem respirar como um odor? Os relógios são
processos físicos que a sociedade padronizou, para computar os segundos, os
minutos e as horas. Para que isso seja possível, os acontecimentos devem
ocorrer numa certa ordem. Se dois eventos não forem rigorosamente simultâneos,
um acontece antes do outro. Qualquer medida desse tempo reduz-se a contar o
número de acontecimentos de certo tipo, como, por exemplo, a alternância entre
dia e noite. Pode-se usar o número de batidas do pêndulo, ou o número de
vibrações de um cristal. Por convenção, um dia possui, assim, a duração de
86.400 segundos e um segundo dura tanto quanto 9.192.633.770 períodos de um
fenômeno de transição provocado em um átomo de césio.
A noção de presente torna-se frágil: passamos a
dizer: "eu serei" ou "eu era". Entretanto, um consolo é
oferecido pela física quântica àqueles que viessem a ficar desgostosos com
desaparecimento do presente: nenhuma dimensão poderia ser inferior ao
"tempo de Planck", que dura 5,4 x 10-44 segundos.
Enquanto decorre essa duração, é, portanto, permitido em boa lógica dizer
"eu sou", mas isso tem de ser dito muito depressa. Essa duração
interior não mantém, em geral, vínculos estreitos com o tempo objetivo dos
acontecimentos: os minutos de espera são longos, os instantes de prazer são
curtos; com a idade, os anos passam cada vez mais depressa. (Jacquard, 2004)
Que relação há entre tempo e eternidade? O tempo é
apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não
é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há
começo, nem fim: tudo lhe é presente. Se séculos de séculos são menos que um
segundo, relativamente à eternidade, que vem a ser a duração da vida humana?
(Kardec, 1975, pág. 107)
Fonte de Consulta
FERREIRA, A. B. de H.Novo Dicionário da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, s/d/p.
PÖPPEL, Ernest. Fronteiras da Consciência:
Da Realidade e da Experiência do Mundo. Tradução de Ana Maria Roltoff. Lisboa:
Edições 70, 1989.
JACQUARD, Albert. Filosofia para não
Filósofos: Respostas Claras para Questões Essenciais. Tradução de Guilherme
João de Freitas.Teixeira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
ASKIN, I. F. O Problema do Tempo - Sua
Interpretação Filosófica. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1969.
KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário