Em religião,
costumamos dar mais crédito à emoção do que à razão. No Espiritismo, deveríamos
agir mais pela razão do que pela emoção. Para que o nosso pensamento seja
robusto, convém pautá-lo segundo o raciocínio lógico. As técnicas de oratória
também devem ser lembradas: introdução, desenvolvimento e conclusão. Na
introdução, coloquemos o tema em questão; no desenvolvimento, discutamos os
prós e os contras; na conclusão, façamos um resumo do que foi dito.
Aprofundar assuntos
sob a ótica espírita é sumamente importante, pois não temos o hábito de
analisar os temas com o devido cuidado. Podemos questionar, inicialmente, o
termo aprofundar. Aprofundar significa tornar fundo ou mais
fundo. Examinar ou investigar a fundo, ou com minúcia; indagar, pesquisar, inquirir.
Entrar, penetrar em um assunto, tema, ideia etc., investigando-a a fundo e com
minúcia. Aprofundar é, em síntese, ampliar conceitos para uma melhor
compreensão do assunto a ser discutido.
O termo doutrinário,
por seu turno, vem de doutrina. Doutrina é o indicador de um
conjunto de teorias, noções e princípios coordenados entre eles organicamente
que constituem o fundamento de uma ciência, de uma filosofia e de uma religião.
O termo doutrinário indica, em geral, quem obedece rigidamente aos princípios
da própria doutrina, prestando atenção à teoria no seu sentido abstrato, mais
do que no prático. O adepto que se diz seguidor de uma doutrina deve atentar
para a sua perfeita compreensão. Para tanto, deve se debruçar sobre as obras
básicas do Espiritismo.
Em se tratando de
doutrina, a teoria é mais valorizada do que a prática. Em realidade, quando
estamos criando uma doutrina, estamos criando uma teoria. O que se entende por
teoria? A teoria originou-se da raiz grega Theos (Deus),
aquele que tudo vê. Significa visão. Na antiga Grécia, teoria era o nome que se
dava às longas filas que se faziam para se dirigir à Igreja. As filas podiam
ser vistas de longe, e, ao mesmo tempo, tinham um nexo, todas tendiam para a
Igreja. Assim, a teoria é um conjunto de conhecimentos que tem nexo entre si.
Para aprofundar,
façamos perguntas relevantes, pois há perguntas e perguntas. A pergunta
relevante tende para a compreensão do tema proposto. As perguntas levam-nos aos
conceitos. O conceito é uma imagem da coisa e não a coisa em si.
Exemplificando, o conceito árvore diz respeito a todas as árvores e não a uma
pretensa árvore que estamos olhando. Ao lado do conceito, a definição. A
definição consiste em determinar a compreensão que caracteriza um conceito.
Segundo Aristóteles, a essência de uma coisa compõe-se do gênero e das
diferenças. De onde a regra escolástica segundo a qual a definição se faz
"per genus proximum et differentiam specificam" (pelo gênero próximo
e diferença específica). Assim, Definir, segundo a lógica formal, é dizer o que
a coisa é, com base no gênero próximo e na diferença específica.
Elaboremos uma
definição de espírita. Qual é o gênero próximo? Espiritualista. Espiritualista,
aquele que crê que há algo além da matéria. Qual a diferença especifica? É o
espiritualista que age em função dos princípios codificados por Allan Kardec.
Vejamos a frase: "Todo espírita é espiritualista, mas nem todo
espiritualista é espírita". Todo espírita é espiritualista. Explicação:
espiritualista é o contrário de materialista; ele crê que existe algo além da
matéria. Mas nem todo espiritualista é espírita. Explicação:
nem todo aquele que crê que existe algo além da matéria pode se dizer espírita.
É preciso que ele, além de crer que haja algo além da matéria, certifique-se
dos seus princípios fundamentais. Sem isso, será apenas um espiritualista tal
qual o budista, o católico, o protestante etc.
Estudemos os temas espíritas com a devida profundidade. Somente assim formaremos uma ideia mais clara dos seus princípios fundamentais.
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