A natureza em geral significa o
conjunto de coisas (reino animal, mineral e vegetal) que obedece a leis gerais.
Num sentido mais especializado, conjunto do que Deus criou ou numa perspectiva
não cristã, de tudo o que existe. A natureza de um ser é o princípio que dirige
o seu desenvolvimento. É a essência, ou seja, conjunto das características que
definem um ser conforme a sua espécie. É aqui que se evoca a natureza humana.
Num sentido mais particular, diz respeito às características próprias de um
indivíduo, que o distinguem dos outros. É sinônimo de caráter ou de
temperamento.
Dever.
No sentido habitual do verbo, o que deve ser, ou ser feito. Há que se
distinguir, conforme Kant, uma ação empreendida conforme o dever da feita “por
dever”. Na ação feita conforme o dever não há esforço da criatura; na feita
“por dever”, sim, pois aqui ela luta contra as suas próprias inclinações.
A natureza pode ser considerada um princípio
normativo. À medida que cada indivíduo tenta realizar a sua essência, ele se
depara com outras essências. Daí, a necessidade de obedecer às leis naturais
(universais). Nesse caso, a lei humana é apenas uma imitação, uma particularização
dessa lei maior.
Há íntima relação entre natureza humana e cultura.
O ser humano sempre questionou a sua origem. Na antiguidade, situava-se entre
os deuses e os animais. Depois da descoberta da teoria da evolução, no século
XIX, percebeu-se como um elo do reino animal, sendo a espécie mais perfeita,
porque pode passar do simples instinto para o comportamento refletido. Tudo isso
se deve à cultura
A natureza humana é sociável. Aristóteles, na
antiguidade, já definia a ser humano como um animal social, devendo viver em
comunidade. É na sociedade que aprendemos determinada maneira de viver,
adquirimos valores e costumes. Embora de forma conflitiva, é socializando-nos
que nos humanizamos. De acordo com Husserl: “O sentido da palavra ‘homem’
implica uma existência recíproca de um para o outro”.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (item
7, do capítulo XVII), de Allan Kardec, há algumas instruções dos Espíritos
sobre o dever. Nessa passagem, diz-nos que o dever é uma obrigação moral,
diante de si mesmo primeiro, e dos outros em seguida. É a lei da vida que se
encontra tanto nos pequenos como nos grandes atos. Lembra-nos de que na ordem
dos sentimentos, acha-se em antagonismo com os interesses do coração. Para
saber onde começa e onde termina, ele nos alerta: “O dever começa precisamente
no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade de vosso próximo;
termina no limite que não gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós
mesmos”.
Em virtude da complexidade da cultura e da
civilização, o dever deve sempre crescer. Significa que, conforme os anos
passam, a criatura humana vai absorvendo novas formas de progresso moral e espiritual
e, com isso, ampliando os seus deveres junto à sociedade.
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