Este tema “Bem e Mal Sofrer” diz
respeito às instruções dos Espíritos (Lacordaire), que se encontra no capítulo
V “Bem-Aventurados os Aflitos”, de O Evangelho Segundo o Espiritismo,
de Allan Kardec. Este capítulo discorre sobre as causas atuais, as
causas anteriores e a justiça das aflições, o esquecimento do passado, os
motivos de resignação, o suicídio e a loucura, a felicidade não é deste mundo,
entre outros.
Para bem entendermos a questão do bem e
mal sofrer, convém observar a diferença que há entre dor e sofrimento. A dor é
fisiológica; o sofrimento, psicológico. O sofrimento é um conceito mais
abrangente e complexo do que a dor. Em se tratando de uma doença, é o
sentimento de angústia, vulnerabilidade, perda de controle e ameaça à
integridade do eu. Pode existir dor sem sofrimento e sofrimento sem dor. O
sofrimento, sendo mais vasto, é existencial. Ele inclui as dimensões psíquicas,
psicológicas, sociais e espirituais do ser humano. A dor influi no sofrimento e
o sofrimento influi na dor.
O sofrimento não é castigo de Deus. O
Espiritismo ensina-nos que todos os nossos sofrimentos estão afeitos à lei de
ação e reação. Estudando pormenorizadamente este capítulo (Bem-Aventurados
os Aflitos) vamos aprendendo que Deus, inteligência suprema e causa primária de
todas as coisas, deixa sempre uma porta aberta ao arrependimento e o
ressarcimento da falta cometida.
Reação não é sempre sofrimento?
Geralmente, a palavra reação vem impregnada de dor e sofrimento. É empregada
como sinônimo de carma (sofrer e resgatar as dívidas do
passado). Em realidade, a reação nada mais é do que uma resposta – boa ou má –,
em razão de nossas ações. Pergunta-se: se estamos praticando boas ações, por
que aguardar o sofrimento?
Como a cruz é o símbolo do sofrimento,
relembremos esse pequeno conto. Um indivíduo tinha recebido a sua cruz e
deveria carregá-la montanha acima. Como estava pesada, cortou alguns pedaços.
Chegando ao topo da montanha, deveria usá-la como ponte para a outra montanha.
Fato: o comprimento foi insuficiente, e teve de voltar para pegar os pedaços
que tinha deixado ao longo do caminho. Pode-se entender como uma metáfora de
nossa jornada terrestre que, ao caminharmos, vamos encontrando dificuldades.
Fugindo delas, teremos de voltar em uma nova encarnação para a devida
reparação.
Observe um trecho das instruções dos
Espírito. Eles nos dizem: “... Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à luta.
Essa luta não é o fogo da batalha, mas as amarguras da vida, onde é preciso,
algumas vezes, mais coragem do que num combate sangrento, porque aquele que
ficaria firme diante do inimigo, se dobrará sob o constrangimento de uma pena
moral. O homem não é recompensado por essa espécie de coragem, mas Deus lhe
reserva os louros e um lugar glorioso”.
Repitamos com os Espíritos: "Serão
bem-aventurados aqueles que tiverem oportunidade de provarem sua fé, sua
firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão em
cêntuplo a alegria que lhes falta na Terra".
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