O Livro dos Médiuns é a segunda obra da Codificação,
publicada em janeiro de 1861, englobando as “Instruções Práticas sobre as
Manifestações Espíritas”, de 1858. É a continuação de O Livro
dos Espíritos, conforme esclarece Allan Kardec. A edição
definitiva é a 2ª, a de outubro de 1861.
O Livro dos Médiuns destina-se a guiar os que queiram entregar-se
à prática das manifestações, dando-lhes conhecimentos dos meios próprios para
se comunicarem com os Espíritos. É um guia, tanto para médiuns, como para os
evocadores (doutrinadores), e o complemento de O Livro dos
Espíritos. O Livro dos Médiuns “contém o ensino
especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os
meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da
mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática
do Espiritismo”.
Allan Kardec, com o auxílio dos Instrutores
Espirituais, desenvolve as teorias sobre as mesas
girantes, a bi-corporeidade, a transfiguração, a tiptologia, a
materialização etc., no campo das manifestações físicas. Em torno das
manifestações inteligentes, trata da psicografia, da psicofonia (médiuns
falantes), da vidência (médiuns videntes), entre outros. Os meios de
comunicação estudados por Allan Kardec vão desde as mesas girantes até as
comunicações mais abstratas, tais como, a pneumatografia e a pneumatofonia. O
capítulo XIX, “O Papel do Médium nas Comunicações Espíritas”, por
exemplo, dá-nos diversas orientações sobre o transe mediúnico.
Distinguir o que é do médium (anímico) e o que
é do Espírito (mediunidade), é um dos grandes problemas das práticas
espíritas. Nesse sentido, o médium pode sofrer a influência de Espíritos menos
felizes ou mesmo ser fascinado por suas próprias ideias. Por isso, Allan
Kardec chama-nos a atenção a respeito das dificuldades e escolhos na
prática da mediunidade, aludindo às contradições, às mistificações, ao
charlatanismo e à prestidigitação.
Allan Kardec, depois de publicar O Livro dos Espíritos, que continha a teoria geral
da Doutrina Espírita, precisava, segundo seu modo de ver, de uma
comprovação científica, pois já estava em curso o método
teórico-experimental. Fazendo uso deste método, quis pôr os princípios do
Espiritismo a salvo das fraudes e das mistificações, tão corriqueiras na época
da Codificação.
Frequentemente ouvimos a pergunta: a Doutrina
Espírita está desatualizada? O Livro dos Médiuns está
ultrapassado? Bem, atualização e desatualização devem ser ponderadas. É
possível que alguns termos, usados por Allan Kardec na
época, possam ser mais bem explicados pela ciência moderna.
Tanto é verdade, que o Espírito André Luiz, em “Mecanismos da
Mediunidade”, já nos apresenta alguns desses termos. Isso, porém, não tira o
valor conceitual desta obra, que ainda é o melhor guia para aqueles que
queiram aprender os fundamentos da mediunidade.
Antes de nos enveredarmos pelos caminhos da
novidade, debrucemo-nos sobre as obras básicas da Codificação. Este é o único
porto seguro para a absorção dos princípios fundamentais do Espiritismo.
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