O romance é descrito como uma narrativa
de fatos imaginários dispostos com verossimilhança, formando uma história
fictícia. Diz respeito ao enredo de coisas falsas ou inacreditáveis. Pode-se,
também, entendê-lo como uma urdidura fantástica do espírito. Há, ainda, o romance
de costumes, o romance didático, o romance épico e
o romance familiar (psicanálise).
Em Filosofia, fala-se de romance de
formação, bildungsroman, escritos em forma de cartas e auto-confissões.
Essas cartas mostram como a estrutura dos romances de formação está ligada à
forma epistolar. Na carta, o mais finito toca o mais infinito, o mais
solitário, o mais comunitário. Ainda: nessas mesmas cartas, o mais distante
torna-se próximo, o próximo, mais distante, e assim sucessivamente.
De acordo com O Espiritismo
de A a Z, “O móvel dos romances espíritas é a propaganda da Doutrina por
meio suave e convidativo, tributando os Instrutores Espirituais grande apreço a
essas obras, por julgá-las imensamente úteis em virtude dos exemplos vivos
oferecidos aos leitores”. O Espírito Adolfo Bezerra de Menezes, por sua vez,
em Dramas da Obsessão, classifica os romances espíritas de
similares das parábolas messiânicas, visto serem eles extraídos da vida real do
homem, tal qual fazia Jesus com suas parábolas. (1)
Num romance, há o aspecto emotivo, o
aspecto histórico e o aspecto doutrinário. É preciso buscar, em cada uma dessas
leituras, a instrução doutrinal. Os que estão sendo introduzidos no
Espiritismo, através do romance, ainda terão alguma dificuldade para discernir
esses aspectos. Aqueles, porém, que já estão inseridos nas práticas espíritas,
têm de primar por estas distinções. Observe que um dos erros mais frequentes,
na leitura de um romance, é transformar em universal o que é particular. O fato
narrado pode ser verdadeiro; ele não tem, contudo, o poder de se tornar geral.
O rigor drástico, em muitos desses romances, para com a lei de ação e reação,
não necessariamente é uma tese geral. Há muitos atenuantes e agravantes, que
estão muito além do fato narrado.
Deve-se ler os romances com espírito
crítico, pois em muitos deles, há o abuso de descrições minuciosas de crimes
hediondos cometidos pelos personagens, ou de abusos de poder, desfilando em
páginas e mais páginas imagens sanguinolentas e brutais. Há, também, casos em
que as informações prestadas pelos autores espirituais estão em desacordo com
os registros históricos.
O médium psicógrafo de romances tem que
tomar muito cuidado com o “orar e vigiar”, pois pode se tornar presa fácil de
Espíritos brincalhões, pseudo-sábios e mistificadores. Em se tratando da fascinação,
Allan Kardec, diz-nos:
“A fascinação tem consequências muito
mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o
pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente
às comunicações. O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o
Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o
embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo
salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer
achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero
de obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso.
Dela não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e
os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é
efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem”. (2)
Fonte de Consulta
(1) EQUIPE DA FEB. O
Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995
(2) KARDEC, A. O Livro dos
Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores. São Paulo: Lake,
[s.d.p.], capítulo 23, item 239, p. 228.
&&&
Os Romances Espíritas (Revista Espírita de 1867)
"O romance pode ser uma maneira de
expressar os pensamentos espíritas sem se comprometer, porque o autor
receoso de poder sempre responder à crítica zombeteira não entendeu fazer
senão uma obra de fantasia, o que é verdadeiro para um grande número; ora,
na fantasia tudo é permitido. Mas, fantasia ou não, o que não o é menos
uma das formas em favor da qual a ideia espírita pode penetrar nos
meios onde ela não seria aceita sob uma forma séria".
"O Espiritismo é ainda muito
pouco, ou melhor, muito mal conhecido da literatura, para ter fornecido o
assunto de muitas obras deste gênero; o principal, como se sabe, é o que
Théophile Gautier publicou sob o nome de Spirite, e ainda pode-se
censurar ao autor por ter se afastado, em vários pontos, da
ideia verdadeira".
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