22 julho 2009

Romance Mediúnico Espírita

O romance é descrito como uma narrativa de fatos imaginários dispostos com verossimilhança, formando uma história fictícia. Diz respeito ao enredo de coisas falsas ou inacreditáveis. Pode-se, também, entendê-lo como uma urdidura fantástica do espírito. Há, ainda, o romance de costumes, o romance didático, o romance épico e o romance familiar (psicanálise).

Em Filosofia, fala-se de romance de formação, bildungsroman, escritos em forma de cartas e auto-confissões. Essas cartas mostram como a estrutura dos romances de formação está ligada à forma epistolar. Na carta, o mais finito toca o mais infinito, o mais solitário, o mais comunitário. Ainda: nessas mesmas cartas, o mais distante torna-se próximo, o próximo, mais distante, e assim sucessivamente.

De acordo com O Espiritismo de A a Z, “O móvel dos romances espíritas é a propaganda da Doutrina por meio suave e convidativo, tributando os Instrutores Espirituais grande apreço a essas obras, por julgá-las imensamente úteis em virtude dos exemplos vivos oferecidos aos leitores”. O Espírito Adolfo Bezerra de Menezes, por sua vez, em Dramas da Obsessão, classifica os romances espíritas de similares das parábolas messiânicas, visto serem eles extraídos da vida real do homem, tal qual fazia Jesus com suas parábolas. (1)

Num romance, há o aspecto emotivo, o aspecto histórico e o aspecto doutrinário. É preciso buscar, em cada uma dessas leituras, a instrução doutrinal. Os que estão sendo introduzidos no Espiritismo, através do romance, ainda terão alguma dificuldade para discernir esses aspectos. Aqueles, porém, que já estão inseridos nas práticas espíritas, têm de primar por estas distinções. Observe que um dos erros mais frequentes, na leitura de um romance, é transformar em universal o que é particular. O fato narrado pode ser verdadeiro; ele não tem, contudo, o poder de se tornar geral. O rigor drástico, em muitos desses romances, para com a lei de ação e reação, não necessariamente é uma tese geral. Há muitos atenuantes e agravantes, que estão muito além do fato narrado.

Deve-se ler os romances com espírito crítico, pois em muitos deles, há o abuso de descrições minuciosas de crimes hediondos cometidos pelos personagens, ou de abusos de poder, desfilando em páginas e mais páginas imagens sanguinolentas e brutais. Há, também, casos em que as informações prestadas pelos autores espirituais estão em desacordo com os registros históricos.

O médium psicógrafo de romances tem que tomar muito cuidado com o “orar e vigiar”, pois pode se tornar presa fácil de Espíritos brincalhões, pseudo-sábios e mistificadores. Em se tratando da fascinação, Allan Kardec, diz-nos:

“A fascinação tem consequências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero de obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem”. (2)

Fonte de Consulta

(1) EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995

(2) KARDEC, A. O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores. São Paulo: Lake, [s.d.p.], capítulo 23, item 239, p. 228.


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Os Romances Espíritas (Revista Espírita de 1867)

"O romance pode ser uma maneira de expressar os pensamentos espíritas sem se comprometer, porque o autor receoso de poder sempre responder à crítica zombeteira não entendeu fazer senão uma obra de fantasia, o que é verdadeiro para um grande número; ora, na fantasia tudo é permitido. Mas, fantasia ou não, o que não o é menos uma das formas em favor da qual a ideia espírita pode penetrar nos meios onde ela não seria aceita sob uma forma séria".

"O Espiritismo é ainda muito pouco, ou melhor, muito mal conhecido da literatura, para ter fornecido o assunto de muitas obras deste gênero; o principal, como se sabe, é o que Théophile Gautier publicou sob o nome de Spirite, e ainda pode-se censurar ao autor por ter se afastado, em vários pontos, da ideia verdadeira".

 



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