A angústia, proveniente do
latim angustia, significa estreiteza, espaço reduzido, carência,
falta. Ela não é fenômeno dos nossos dias. Platão, em sua “Alegoria da
Caverna”, mesmo que indiretamente, já vislumbrava o problema da angústia,
principalmente na sua distinção entre o mundo sensível e o mundo verdadeiro,
localizado no topos uranus. O passaporte para o mundo espiritual
requeria que o indivíduo passasse das trevas da caverna à luz do dia.
Filosoficamente, a angústia é o sentimento do nada. Ela domina
toda a temática da filosofia existencialista, nomeadamente Kierkegaard,
Heidegger e Sartre. Todos eles dão à angústia um valor exagerado,
principalmente pelo enfrentamento do nada que se nos espera além-túmulo.
Psicologicamente, a angústia diz respeito ao futuro, à expectativa.
É isso o que torna difícil vencê-la: como se precaver contra o que ainda não é,
contra o que pode ser? Quer dizer, enquanto vivemos na
expectativa, tanto o futuro quanto a serenidade estão fora de alcance. (1)
Para a medicina,
a angústia, juntamente com a depressão, é a resposta do homem frente às
diversas pressões do mundo contemporâneo. Os meios de comunicação, para
expressá-la, usam os seguintes temos: estresse, tensão, síndrome do
pânico, transtorno bipolar etc. (2)
Para o Cristianismo,
o ser humano vive no meio das trevas, do mal, o que gera angústia. Nesse caso,
é pela fé cristã que o ser humano poderá se livrar das aflições da carne. Na
Bíblia, fala-se da angústia máxima vivida por Jesus, em que precisou orar três
vezes.
Para o Espiritismo,
podemos relacionar a angústia com a salvação, a vida futura, a evolução dos
espíritos e a influência de Espíritos menos felizes.
Salvação. Salvar-se é aperfeiçoar-se, a fim de não cairmos
em estados de angústia e depressão após o transe da morte. Para isso, temos que
nos libertar dos erros, das paixões insanas e da ignorância.
Vida futura. Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o
homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma
certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais
precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de
seus brinquedos. E não há o que não faça para conseguir os únicos bens que se
lhe afiguram reais. A perda do menor deles lhe ocasiona uma tremenda angústia.
(3)
Evolução dos Espíritos. Como em mundos mais evoluídos, os Espíritos
pensam mais no bem do que no mal, a angústia é mínima ou quase inexistente,
porque já compenetrados dos ensinamentos do Cristo, darão maior valor à vida
espiritual do que à vida material. (3)
Influência de Espíritos menos felizes. Para vencer a angústia advinda da influência de
Espíritos menos felizes, tenhamos em mente: 1) a prece é a primeira das armas;
2) depois, vem a fé, pois ela é o remédio seguro do sofrimento; 3) estejamos
sempre em estudo, em comunicação constante com os Espíritos de luz.
Se permanecêssemos constantemente em
contato com os Espíritos de luz, não eliminaríamos a angústia, mas a
diminuiríamos enormemente, pois a influência desses Espíritos nos livraria de
muitos males.
(1) COMTE-SPONVILLE, André,
André. Dicionário de Filosofia. Tradução de Eduardo Brandão. São
Paulo: Martins Fontes, 2003.
(2) LEITE, Sonia. Angústia.
Rio de Janeiro: Zahar, 2011 (Passo-a-passo, 92)
(3) KARDEC, A. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. 39.
ed. São Paulo: IDE, 1984.
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