Transe. É um estado de baixa tensão psíquica com estreitamento do campo da consciência e dissociação. É caracterizado pela suspensão dos movimentos voluntários, e às vezes pelo automatismo da atividade ou do pensamento.
O transe apresenta-se de várias formas: os mais comuns são o transe hipnótico e transe mediúnico. Além desses, há os provocados pela debilidade física, pelas drogas, pela música, pela respiração etc. Embora haja uma grande diversidade de modos, a raiz do transe é uma só, ou seja, a dissociação da consciência. O que varia, na realidade, são os graus do transe, que começa por um estado de "transe leve" e, depois, pode chegar até o estado da possessão extática. No transe hipnótico, por exemplo, há uma indução do hipnoterapeuta no sentido de relaxar progressivamente os sujeitos até estes atingirem o grau de dissociação da consciência.
Querer explicar o mecanismo do transe é entrar por um caminho nebuloso. O máximo que conseguiremos é expressar algumas hipóteses: 1) tensão forte prolongada, infligida ao cérebro, pelo corpo ou pela mente; 2) as drogas provocam falta parcial de oxigênio no cérebro; 3) os exercícios respiratórios inundam o sangue de oxigênio e privam o cérebro de açúcar.
Os parapsicólogos dão, também, as suas explicações sobre o transe: para os discípulos de Wilhelm Reich, o transe é a reação da mente aos efeitos produzidos pela misteriosa "energia orgone"; para alguns junguianos, o transe é como "uma descida ao inconsciente coletivo"; para os behaviouristas modernos, o transe assemelha-se à inibição transmarginal, mecanismo de proteção do cérebro que, sob tensão, pode alterar a forma como responde aos estímulos externos.
Quanto ao uso de drogas psicotrópicas, cabe uma observação: elas não são uma descoberta moderna, como a maioria tende a pensar. Na antiguidade clássica grega, o oráculo de Delfos mascava as "ervas de Apolo", os xamãs da Sibéria tomavam agárico (o "cogumelo sagrado" das teorias modernas) e os heróis semidivinos da antiga Índia bebiam o misterioso soma.
O transe mediúnico é considerado auto-sugerido, uma forma de auto-hipnose. No transe mediúnico, os médiuns autênticos atingem voluntariamente a dissociação de consciência. O transe mediúnico processa-se de forma progressiva. Observe o PACEM, fases do desenvolvimento mediúnico, criado pelo Comandante Edgar Armond: P - Percepção dos fluidos; A - Aproximação do Espírito comunicante; C - Contato do Espírito comunicante; E - Envolvimento do médium; M - Manifestação do Espírito comunicante.
A discussão do conceito e do mecanismo do transe é bastante útil. Para o médium autêntico, porém, o que importa é a vivência da comunicação mediúnica.
Fonte de Consulta
CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.
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