A Revista
Espírita, que tem o subtítulo "Jornal de Estudos Psicológicos",
em razão de estudar a metafísica do ser humano, tanto em seu estado presente
como em seu estado futuro, traz em seu bojo uma gama enorme de assuntos
envoltos com ciência, filosofia e religião. Allan Kardec as publicou entre 1858
e 1869. Compulsando-as entraremos em contato com detalhes valiosos a respeito
do processo e dos princípios básicos da Doutrina Espírita.
Hippolyte-Léon
Denizard Rivail — Allan Kardec —, na Revista Espírita, oferece-nos
o registro minucioso das pesquisas realizadas na Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas. Tinha como premissa o uso da razão, do bom senso
e da autoridade moral e intelectual. A construção da Doutrina Espírita fez-se
em função da relação entre encarnados e desencarnados, abarcando todos os tipos
de problemas e necessidades dos seres humanos. Por isso, a Doutrina Espírita é ciência,
filosofia e religião.
O fenômeno das mesas
girantes — primeiro período da Doutrina Espírita — também conhecido
como período da curiosidade, serviu para chamar a atenção sobre a
nova ordem de coisas e abrir caminho ao período filosófico. "Esta
marcha era racional, porque toda a filosofia deve ser a dedução de fatos
conscienciosamente estudados e observados e a que não repousasse senão sobre
ideias puramente especulativos não teria base. A teoria deveria, pois, decorrer
dos fatos, e as consequências filosóficas deveriam decorrer da
teoria". (p. 281 - R.E. 1863)
Allan Kardec, ao
elaborar a Doutrina Espírita, preocupou-se exclusivamente com o caráter
universal que esta deveria ter, ou seja, não deixá-la à mercê de um único homem
ou de um único médium. Para tanto, compilou dados de mais de mil Centros
Espíritas sérios, localizados nas mais diversas partes do globo, exigindo que
os médiuns fossem esclarecidos, para a boa fundamentação dos argumentos. Seu
trabalho foi coletar, comparar, averiguar e dispor as informações segundo o
método teórico-experimental das ciências naturais.
Allan Kardec não se
cansa de enfatizar, em vários trechos das revistas espíritas, que ele não é o
autor da Doutrina Espírita, mas o seu coordenador. Nesse sentido, não lhe cabia
fazer proselitismo, aumentar o número de adeptos, mas construir um edifício
sólido para a posteridade. Colocava-se como um missionário, pedindo sempre
forças necessárias para a execução da vontade do Alto em tamanha
responsabilidade.
Tenhamos como foco o
aprendizado dos princípios da Doutrina Espírita. Para tanto,
deixemos momentaneamente de lado os romances e as leituras
supérfluas.
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