18 julho 2015

História do Espiritismo: Notas Extraídas da Revista Espírita

FotoA história mostra o desenrolar de diversos acontecimentos ao longo do tempo. Para sabermos sobre a antiguidade da Grécia ou de Roma, temos que nos valer dos fatos históricos. Os historiadores estão sempre nos incentivando a escrever uma história sobre a nossa vida, o nosso bairro, a comunidade que frequentamos etc. 


A História do Espiritismo começa com o discurso de Allan Kardec no Banquete de Lyon, onde enfatiza o poder de uma vontade superior que os fez reunir naquele momento, para realçar a aliança que se faz necessária, com todos os países, no sentido de divulgar o conteúdo doutrinal do Espiritismo, pois ele foi formulado sem preconceitos e sem o espírito de sistema. 

Dentre os fatos marcantes da História do Espiritismo está  o auto-de-fé de Barcelona, de nove de outubro de mil oitocentos e sessenta e um, às dez horas e meia da manhã, sobre a esplanada da cidade de Barcelona. A consequência deste auto-de-fé foi a queima, em praça pública, de diversas obras de Allan Kardec (Revista Espírita, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns) e de outros escritores espiritualistas.

Estabeleceu-se que 1850 seria o ano do início da História do Espiritismo Moderno. Antes, o Espiritismo Retrospectivo dizia respeito à ideia espírita, que sempre existiu. A partir de 1850, Allan Kardec empreende o Espiritismo que hoje conhecemos, como sendo ciência, filosofia e religião. 

O passado e o futuro tem um ponto de apoio: o presente. Enquanto o preconceito e a rotina predominam, estamos no passado. Quando a luz chega, o passado dá lugar ao futuro, mais de acordo com a lógica e a ética. 

Trechos extraídos da Revista Espírita 


O Discurso de Allan Kardec no Banquete de Lyon
Não creiais, senhores, que esta espontaneidade que vos levou a vos reunir aqui seja um fato puramente pessoal; esta reunião, disso não duvideis, tem um caráter pessoal e providencial; uma vontade superior a provocou; mãos invisíveis a isso vos impeliram, com o vosso desconhecimento e talvez um dia ela marcará nos fastos do Espiritismo. Possam nossos irmãos futuros se lembrarem deste dia memorável em que os Espíritas lioneses, dando o exemplo de união e de concórdia, colocaram, nesses novos banquetes o primeiro passo da aliança que deve existir entre os Espíritas de todos os países do mundo; porque o Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais só o orgulho fundou castas e os estúpidos preconceitos da cor. (p.313 - R.E. 1861)

Auto-de-fé das obras Espíritas em Barcelona

Eis a narração que nos foi pessoalmente dirigida: 

"Este dia, nove de outubro de mil oitocentos e sessenta e um, às dez horas e meia da manhã, sobre a esplanada da cidade de Barcelona, no lugar onde são executados os criminosos condenados ao último suplício, e por ordem do bispo desta cidade, foram queimados trezentos volumes e brochuras sobre o Espiritismo, a saber:

A Revista Espírita, diretor Allan Kardec; 
A Revista Espiritualista, diretor Piérard; 
O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec;
O Livro dos Médiuns, pelo mesmo;
O que é o Espiritismo, pelo mesmo; 
Fragmentos de Sonata, ditada pelo Espírito Mozart;
Carta de um Católico sobre o Espiritismo, pelo Dr. Grand; 
A História de Jeanne d'Arc, ditada por ela mesma à Srta. Ermance Dufau; 
A realidade dos Espíritos Demonstrada pela Escrita Direta, pelo Barão de Goldenstublé. (p.338 - R.E. 1861)

Sobre o auto-de-fé de Barcelona

"O amor da verdade deve sempre se fazer ouvir: ela dissipa a névoa, e por toda a parte brilha ao mesmo tempo. O Espiritismo chegou para ser conhecido por todos; logo será julgado e colocado em prática; quanto mais perseguições houver, mais depressa esta sublime Doutrina chegará ao seu apogeu; seus mais cruéis inimigos, os inimigos do Cristo e do progresso, com isso se surpreendem de maneira que ninguém ignore que Deus permite àqueles que deixaram esta Terra de exílio de retornar para aqueles que amaram.

Tranquilizai-vos; as fogueiras se extinguirão por si mesmas, e se os livros são lançados ao fogo, o pensamento imortal lhes sobrevive." 


DOLLET

Nota: Este Espírito, que se manifestou espontaneamente, disse ser o de um antigo livreiro do século XVI. (p.340 - R.E. 1861)

Como Deve-se Dividir a História do Espiritismo

Pode-se compreender, sob o titulo geral de Espiritismo retrospectivo, os pensamentos, as doutrinas, as crenças e todos os fatos espíritas anteriores ao Espiritismo moderno, quer dizer, em 1850, época na qual começaram as observações e os estudos sobre essas espécies de fenômenos. Não foi senão em 1857 que estas observações foram coordenadas em corpo de doutrina metódica e filosófica. Esta divisão nos parece útil para a história do Espiritismo. (p.244 - R.E. 1868)

Necessidade de se Fazer uma Ponte entre Presente e Passado

Na Terra, o passado e o futuro são os dois braços de uma alavanca que tem no presente o seu ponto de apoio. Enquanto a rotina e os preconceitos dominam, o passado está no apogeu. Quando a luz se faz, a alavanca se move e o passado que já escurecia desaparece, para dar lugar ao futuro que alvorece. (p.192 - R.E. 1869)

Registro para o Estabelecimento da História Moderna do Espiritismo

Para todo homem que estuda esse movimento, torna-se evidente que o Espiritismo marcará uma das fases da Humanidade. É, pois, necessário que, mais tarde, se saiba quais as vicissitudes que teve de atravessar, os obstáculos que encontrou, os inimigos que procuraram travar-lhe a marcha, as armas de que se serviram para o combater. Não menos importante é saber por que meios pôde triunfar; quais as pessoas que, por seu zelo, devotamento e abnegação terão contribuído eficazmente para a sua propagação; aqueles cujos nomes e atos merecerão ser assinalados para o reconhecimento da posteridade, e que tomo como dever inscrever nas minhas fichas. Compreende-se que essa história não pode aparecer tão cedo; o Espiritismo apenas acaba de nascer e as fases mais interessantes de seu estabelecimento ainda não foram concluídas. Aliás, poderá acontecer que, entre os Saulos do Espiritismo de hoje, mais tarde surjam São Paulos; esperemos não ter de registrar os Judas. (p.172 - R.E. 1862)

Fatos que devem figurar na História do Espiritismo Moderno

Trecho da carta enviada por um leitor. “Não sou muito versado em literatura para tratar dignamente do assunto de que me ocupo. Contudo, tentarei fazer-me compreender desde que releveis a imperfeição do estilo e da redação, porque há meses anseio ardentemente em me corresponder convosco, desde que meu filho me enviou os preciosos livros de instrução da Doutrina Espírita e dos médiuns. “À noitinha, voltando do campo, avistei os livros que o carteiro trouxera. Apressei-me em jantar e deitar-me, mantendo uma vela acesa à cabeceira, pensando em ler até que o sono viesse fechar-me os olhos. Mas li a noite inteira com tal avidez que não tive a mínima vontade de dormir.” (p.269 - R.E. 1862)

Allan Kardec explica o que deve ser a História do Espiritismo Moderno

Como temos dito, o Espiritismo moderno terá a sua história, que será a das fases que terá percorrido, de suas lutas e de seus sucessos, de seus defensores, de seus mártires e de seus adversários, pois é preciso que a posteridade saiba de que armas se serviram para o atacar; é preciso, sobretudo, que ela conheça os homens de coração, que se devotaram à sua causa com inteira abnegação, completo desinteresse material e moral, a fim de que lhes possa pagar um justo tributo de reconhecimento. Para nós é uma grande alegria quando podemos inscrever um novo nome, glorioso por sua modéstia, coragem e virtudes, nestes anais onde se confundem o príncipe e o artesão, o rico e o pobre, homens de todos os países e de todas as religiões, porquanto não há para o bem senão uma casta, uma única seita, uma só nacionalidade e uma mesma bandeira: a da fraternidade universal. (p.203 - R.E. 1863)

Os fenômenos produzidos por Home registram-se na História do Espiritismo Moderno

Os fenômenos que ele produz nos transportam ao primeiro período do Espiritismo, o das mesas girantes, também chamado período da curiosidade, isto é, dos efeitos preliminares, que tinham por objetivo chamar a atenção sobre a nova ordem de coisas e abrir caminho ao período filosófico. Esta marcha era racional, porquanto toda filosofia deve ser a dedução de fatos conscienciosamente estudados e observados, e a que não repousasse senão sobre idéias puramente especulativas não teria base. A teoria, portanto, devia resultar dos fatos, e as conseqüências filosóficas deviam resultar da teoria. Se o Espiritismo se tivesse limitado aos fenômenos materiais, uma vez satisfeita a curiosidade, teria sido apenas um modismo efêmero. Tem-se a prova disso pelas mesas girantes, que só tiveram o privilégio de divertir os salões durante alguns invernos. Sua vitalidade estava apenas na sua utilidade. Assim, a extensão prodigiosa que ele adquiriu data da época em que entrou na via filosófica. Foi somente a partir dessa época que ele tomou lugar entre as doutrinas. (p.281 - R.E. 1863)

A História do Espiritismo Moderno será a narração de luta entre o mundo visível e o mundo invisível

A história do Espiritismo moderno será uma coisa realmente curiosa, porque será a da luta entre o mundo visível e o mundo invisível. Os Antigos teriam dito: A guerra dos homens contra os deuses. Será também a luta dos fatos, mas, sobretudo e forçosamente, a dos homens que neles tiverem representado um papel ativo, num como noutro sentido, de verdadeiros sustentáculos, como adversários da causa. É preciso que as gerações futuras saibam a quem deverão um justo tributo de reconhecimento; é preciso que consagrem a memória dos verdadeiros pioneiros da obra regeneradora e que não haja glórias usurpadas. (p.144 - R.E. 1864)  

Material para a futura História do Espiritismo Moderno

Aliás, se as viagens que faço de vez em quando aos centros espíritas só devessem ter como resultado a satisfação pessoal, eu as consideraria inúteis e delas me absteria. Mas, além de contribuírem para estreitar os laços de fraternidade entre os adeptos, também têm a vantagem de fornecer-me elementos de observação e de estudo, jamais perdidos para a doutrina. Independentemente dos fatos que possam servir ao progresso da ciência, aí recolho os materiais da história futura do Espiritismo, os documentos autênticos sobre o movimento da idéia espírita, os elementos mais ou menos favoráveis ou contrários que ela encontra, conforme as localidades, a força ou a fraqueza e as manobras de seus adversários, os meios de combater estes últimos, o zelo e o devotamento de seus verdadeiros defensores. (p.320 - R.E. 1864)

Documentação para compor a História do Espiritismo Moderno

Sabe-se de que acusações eram vítimas os primeiros cristãos em Roma. Não havia crimes de que não fossem capazes, nem desgraças públicas que, no dizer de seus inimigos, eles não fossem os autores voluntários ou a causa involuntária, porque sua influência era perniciosa. Dentro de alguns séculos ter-se-á dificuldade em crer que espíritos fortes do século dezenove tenham tentado ressuscitar essas idéias no que concerne aos espíritas, declarando-os autores de todas as perturbações da sociedade, comparando sua doutrina à peste e estimulando a sua perseguição. Isto é história impressa; estas palavras foram despejadas de mais de uma cátedra evangélica; mas o que é mais surpreendente, é que são encontradas nos jornais, que dizem falar em nome da razão e se arvoram em campeões de todas as liberdades e, em particular, da liberdade de consciência. Já possuímos uma coleção assaz curiosa, de amenidades desse gênero, que nos propomos mais tarde reunir num volume, para maior glória de seus autores e para edificação da posteridade. Assim, seremos gratos aos que nos ajudarem a enriquecer essa coleção, enviando-nos tudo o que, em seu conhecimento, apareceu ou aparecerá a respeito. Comparando esses documentos da história do Espiritismo com os da história dos primeiros séculos da Igreja, ficar-se-á surpreso de neles encontrar pensamentos e expressões idênticos. Aí só falta uma coisa: as feras do circo, o que já é um progresso. (p.325 - R.E. 1865)


Nenhum comentário: