A fé é um sentimento inato nos seres humanos. Podemos vê-la sob o ponto
de vista humano e divino. A fé humana diz respeito à confiança da pessoa consigo
mesma e dela para com os outros; a fé divina está afeita à religião, à
revelação. A fé humana é fundamentalmente a confiança que se tem no
outro. Observe a assertiva: "por esta pessoa eu ponho a minha mão no
fogo". Quer dizer, depositamos total confiança no outro, pois a sua
conduta ao longo do tempo propiciou-nos elementos para uma boa avaliação de seu
modo de ser. É possível que ele, no futuro, nos contrarie mas, até o presente
momento, esta é a nossa adesão fiduciária.
A adesão fiduciária é digna de nota. Fiduciário
significa que algo ou alguém inspira confiança. A confiança tem muito a ver com
o que irá acontecer (futuro), pois a fé caracteriza algo que ainda não ocorreu.
Se já tivesse ocorrido, seria um fato e não uma perspectiva. Daí a sua relação intrínseca com
a esperança. Fé e esperança, porém, necessitam de um terceiro elemento, ou
seja, o amor (caridade), para fundamentar as virtudes teologais da Igreja.
Discutamos o termo "fé"; não nos esqueçamos, porém, da esperança e da
caridade.
O futuro é incerto. Muitos até dizem que o futuro a Deus pertence. A fé
é o elemento transcendental que dá confiança de que o impossível se torne
possível. A Doutrina Espírita, que nos descortina a vida futura, fornece-nos
elementos substanciais para o fortalecimento do poder da fé. Vejamos: a fé na
sobrevivência da alma dá força e resignação ante as tribulações da vida. A
capacidade de olhar do topo de uma montanha não só valida a presciência como
também dá força à resignação, pois os problemas terrenos se tornam pequenos
quando vistos do alto.
O poder da fé tem relação com os "milagres" praticados por
Jesus. Depois de curar, Jesus dizia: "tua fé te curou". Como entender
essa colocação? Jesus não derrogou as leis da natureza; ele simplesmente
aplicava o seu vasto conhecimento que tinha sobre a manipulação dos fluidos.
Nesse sentido, todos nós temos esse poder de cura porque podemos acionar o
nosso magnetismo em prol de algum necessitado. Os Centros Espíritas têm um
papel fundamental na formação de médiuns de cura.
Por que algumas pessoas são curadas e outras não? Na época de Jesus, os
apóstolos fizeram uma questão semelhante: por que o mestre cura e nós não?
Jesus responde: por causa da sua pouca fé. Presentemente, com as instruções dos
Espíritos podemos acrescentar um dado valioso: o merecimento. Uma pessoa será
curada quando o efeito tiver se exaurido em relação à causa. Até que a pena não
seja extinta, o sofrimento continuará, pois a dor é sempre positiva: leva
consigo um destino. Sintetizando: eliminando a causa, o efeito deixará de
atuar.
Na atualidade, a fé cristã está sofrendo um arrefecimento por causa da
tecnologia. As inovações trazem-nos grandes facilidades, mas também muita
superficialidade e um distanciamento das coisas mais essenciais da vida,
principalmente daquelas atividades ligadas à religião. Convém, também, não
descartarmos o poder dos Espíritos das trevas, que estão sempre à espreita das
pessoas menos avisadas. Não é sem razão que o mestre Jesus está sempre nos
lembrando do "vigiar e orar".
Coloquemo-nos como simples tarefeiros na obra do Senhor.
Peçamos forças para o desenvolvimento de nossa missão, grande ou
pequena.
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