Título: Janela para a Vida
Autor: Francisco Cândido Xavier e Fernando Worm
1.ª Edição: 1979
Onde
Cristo Está
“É
mais fácil encontrar o Cristo no coração de uma criatura animada pela fé do que
no silencioso e subterrâneo tumulto de Jerusalém”.
“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o
vosso coração.” (S. Lucas — 6/45.) Preciosos ensinamentos hauridos ao correr de
um caminho e de um tempo longo e frutífero, que não devo esquecer:
UM SÁBIO ME FALOU ISTO:
— “O CRISTO EM JERUSALÉM?
NÃO VIVE LÁ, JESUS CRISTO
ESTÁ ONDE ESTEJA O BEM”.
A
grande janela aberta para o Céu por Copérnico, Tycho Brahe, Kepler e Galileu,
Newton e Willian Herschel, de repente se revela um espetáculo tão grandioso
quanto vazio de sentido. “Por que tudo isso? Para que existem esses bilhões de mundos
aparentemente estéreis, mudos e despovoados? Para onde vão as galáxias? Por que
esses bilhões de astros anódinos — e conhecemos apenas uma fração deles — não
respondem aos nossos sinais e interpelações?”
Renova-se,
através das gerações, a afirmativa de Jesus quando diz que Deus confunde os
sábios com aquilo que revela aos simples pela graça da fé. “Há muitas moradas
na casa de meu pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito.” (S. João — 24 —
1 a 3)
“Janela Para a Vida” constitui uma das tentativas
de iluminar ao menos parte dos múltiplos problemas e indagações que fazem
também perplexo o ser humano perquiridor das razões que teriam, determinado a
origem do homem, sua presença e finalidade neste planeta.
Através
das respostas do Benfeitor Emmanuel — a Mediunidade com Jesus — novas luzes
para enfocar problemas emergentes descem até nós sempre por acréscimo da
Misericórdia divina do Pai.
Mudam
os tempos e as circunstâncias e, com eles, às vezes sem o perceber, mudamos nós
também.
Janela
Para a Vida deseja fazer parte desse esforço de conscientização individual e
coletiva que aproxima o homem de Deus, visando à autotransformação para melhor.
Através
das luzes do Mundo Maior, tenta colocar frente a frente a involução e a
evolução, a dúvida e a resposta, o amargor e a esperança, a obscuridade e a
luminescência Divina, objetivando sintonizar a mente humana com os enigmas da
vida, na busca do sentido real da existência.
Guaíba,
23 de julho de 1979.
FERNADO
WORM
Nota
ao Leitor
Amigo
leitor.
De
janela determinada, será sempre possível contemplar horizontes e paisagens,
criaturas e objetos, dentro de limitações compreensíveis.
Este
livro, por isso mesmo, é uma abertura para anotações da vida, sem a pretensão
de dissecá-la.
Unidos
ao companheiro Fernando Worm, que nos convidou a examinar com ele os panoramas
e quadros de nossas vivências em comum, eis-nos com o médium, junto ao médium e
através do médium neste volume.
Compete-nos,
entretanto, explicar que não nos achamos aqui com garbos de mentor ou
instrutor, capaz de solucionar os problemas que a vida, em si, nos apresenta, e
sim na condição de aprendiz que lhe compartilha o estudo e o respeito, diante
das questões de natureza superior em que todos nós — Espíritos encarnados e
desencarnados na Terra — nos envolvemos.
Na
escola da evolução, todos somos instintivamente chamados ao diálogo e ao
trabalho de assistência mútua para a aquisição de conhecimento do trato do
Universo em que nos achamos inseridos.
É
assim que, usufruindo o privilégio de ombrear consigo no estudo e na observação
do mundo e dos fatos do mundo a que nos vinculamos, rogo ao Senhor Jesus que
nos inspire e nos guie em nossa jornada de indagações e deduções, de modo a
reconhecermos que, acima de tudo, nos cabe a prática do amor uns pelos outros,
a fim de merecermos a compreensão da Sabedoria e da Benção de Deus.
EMMANUEL
Uberaba,
15 de maio de 1979.
I
— A Proveta e o Amanhã
P
— Como é vista no Plano Espiritual Superior a conquista científica que
possibilitou o “bebê de proveta”?
R
— Os Amigos da Espiritualidade consideram a realização com o melhor
otimismo, desde que o óvulo fertilizado em proveta por autoridades competentes
revele senso de maturidade espiritual na mulher que assume tal maternidade ante
a vida que passa a acalentar no próprio regaço.
P
— Possui o Plano Espiritual razões específicas para apoiar a gestação da
criança de proveta?
R
— Uma dessas razões, mais que justa, será observar na mulher a disposição à
maternidade, atendendo mais à ação do que ao instinto. Outro motivo para
desejarmos todos amplo sucesso nessas experiências será a diminuição dos processos de aborto, nos quais milhares de criaturas
se empenham a débitos complicados prejudicando amigos desencarnados em vias de
novo nascimento no Plano Físico e prejudicando, desse modo, a si mesmas.
II
— Terapia para as Dores do Mundo
São
14h30 de uma tarde de julho em Uberaba. No trajeto que medeia entre sua
residência e a sede do “Grupo Espírita da prece”, comento para o médium o
visível aumento das filas de necessitados de toda sorte que o procuram a cada
fim de semana. Chico redargui: “Não foi apenas o número que aumentou. Você esteve aqui há sete meses e poderá observar que aumentou
principalmente o grau de ansiedade das pessoas. Estes são tempos de
prova e renovação para todos nós, criaturas humanas cada vez mais carentes de
amparo no aprendizado do Bem. Mas a Misericórdia Divina alcança a todos sem
exceção e assim vamos seguindo para a frente com as nossas tarefas.
O
atendimento prolonga-se por horas a fio. São mães e pais que perderam filhos,
irmãos e amigos, aos quais o desaparecimento de alguém trouxe grandes
provações; outras tantas pessoas são portadoras de males físicos, morais,
mentais, espirituais; é a própria involução da condição humana que parece
sofrer de uma cadeia de sofrimentos aparentemente intermináveis.
Vejamos,
pois, o que nos foi possível registrar em duas reuniões públicas de
Sexta-feira, no ano de 1978, e numa terceira, no início de 1979.
Os
nomes dos consulentes aqui citados são pseudônimos, a fim de resguardar o
imprescindível anonimato das pessoas atendidas.
O
número de consulentes nessas 3 sessões públicas foi para mais de 200, de forma
que para não tornar monótona a leitura, selecionamos 76 casos sinteticamente
reproduzidos a seguir:
VITÓRIA — 38 anos — “Sinto ardência nas
mãos e esbraseamento pelo corpo. Saíram estas manchas pelos braços e pernas.
Não sinto dores, é só como se fosse uma queimação”.
LUCI — 32 anos — “Enxaquecas que
duram quase uma semana em cada crise. Então, perde o apetite e emagrece. Não
encontrou solução em medicamentos e pede auxílio espiritual.”
Menina ASCENSÂO — 5 anos — “Chico, minha filha
pelo que os médicos dizem é portadora de mongolismo, mas eu creio que é atuação
de Espíritos.” (resposta do médium: “Sua filha não tem atuação de Espíritos. Os
movimentos descoordenados são da própria doença”, etc. Quando a mãe e filha se
dirigiam à sala de passes o médium volta-se para mim e diz: “Os Espíritos estão
me dizendo que essa menina, em vida anterior recente, suicidou-se, atirando-se
de um lugar muito alto...”)
EDNA — 26 anos — “Minha
personalidade muda muito frequentemente. Às vezes tenho a impressão de ser
outra pessoa. Será que estou ficando louca?” (Chico: “Essa mudança em si é
imposta espiritualmente. No caso você está funcionando qual um espelho. Busque
ajudar-se. Qual a sua profissão?” Resposta da jovem: “Sou técnica em serviço de
perfuração em máquinas IBM. Mas se continuar assim, acho que vou abandonar a
profissão”. Chico: “Sugiro-lhe que não faça isso. Distraia-se em seu trabalho.
Você não é louca, não. Você sabe o que quer. Diga-me, quem é Rosa?” (A moça
titubeia e, após breve hesitação, responde: “É minha avó já falecida há muitos
anos”. Chico intervém: “Ela está aqui e roga que lhe diga que tem procurado
ajudá-la mas você deve exercer um certo controle sobre si própria. Busque orar
muito. Não se preocupe, ela está dizendo que vai lhe ajudar”.)
JOÂO — 45 anos — “Desejo saber se
meu filho Alcides, que sofre de ataques epiléticos, está com “encosto” espiritual.
Peço saber também se minha mulher deve aceitar o emprego que está proposto
messe envelope.”
ANTÔNIO — 28 anos — “Estive perturbado
e me internaram em hospital psiquiátrico em São Paulo. Fiz o tratamento e não
me sinto melhor.” O médium Xavier pergunta-lhe: “Quem é Alfredo?” — “É meu
pai”, responde Antônio. “Ele não existe mais”. Chico acrescenta: “Ele está aqui
e roga que lhe diga para continuar os tratamentos médicos, pede para que ore
com fé. Ele o protege”.
MARISA — 42 anos — “Sinto dores na
coluna, no peito e um cansaço permanente. Já fui a vários médicos. Quero
curar-me do desespero.”
SILVA — 45 anos — “Veja esse caroço
que está crescendo aqui na minha garganta, sinto muita queimação nas pernas.”
Menino RUIZ — 5 anos — “Chico, meu filho é
perturbado, francamente excepcional. Fala muito pouco e não memoriza mais que
cinco minutos qualquer coisa que se lhe ensine.” (Após encaminhar o menino e
sua mãe para a sala de passes, o médium Xavier volta-se para mim e diz: “Esse
menino, na última encarnação que viveu na Terra, deu um tiro na cabeça que lhe
foi fatal”.)
VLADIMIR — 19 anos — “Vim pedir ao senhor
para curar minha bronquite, tenho muita falta de ar. Não consigo deixar o
cigarro, acho que não posso viver sem nicotina. Quase não durmo à noite. Creio
que preciso de auxílio espiritual.”
FURTADO — 57 anos — “Sofro de um ruído
ininterrupto nos ouvidos e tenho um problema constante de sexo.”
PAULINO — 38 anos — “Eu tinha
economizado um dinheiro, deixei minha terra e fui para São Paulo. Empreguei
esse dinheiro num negócio que foi mal e fiquei sem nada. Agora nem emprego
decente consigo arranjar. Minha mulher quer deixa-me.”
MÁRCIA — 4 anos — “Minha filha é muito
agressiva comigo, vive quebrando coisas em casa e ainda não aprendeu a falar.
Levei-a a um médico, que a encaminhou a um psiquiatra de crianças, entretanto,
ela continua muito agressiva.”
ANGELA — 50 anos — “Meu filho
entregou-se à bebida alcoólica e por acusa disso não consegue ficar nos
empregos. Até 2 anos atrás ainda nos dávamos bem. Agora, acho que ele não gosta
mais de mim.”
CARLOS ALBERTO — 22 anos — “Chico, não posso
dizer o que tenho mas trouxe esta carta que diz tudo. Meu pai expulsou-me de
casa. Acho que há um espírito encostado em mim e faço o que não quero.” (O
médium lê uma parte da carta depois diz: “Mas se você não entregar-se à
viciação tóxica sua vida irá melhorar. Você não tem nenhum espírito encostado.
Precisa é dedicar-se a agir contra as tendências destrutivas. As Leis de Deus
não permitem que os espíritos nos levem a fazer coisas contrárias a nossa
vontade. Se você vencer esse hábito, sua vida melhorará muitíssimo. Você tem
muitas chances. Esforce-se que o Espírito de Deus não lhe faltará”.)
ZAÍRA — 38 anos — “Extirpei um seio
faz 4 anos, agora o médico diz que é preciso extrair o outro seio. A biópsia
deu resultado positivo de novo.”
JOSÉ — 40 anos — “Vim aqui para que
me autografe este livro (título Amizade, ditado pelo Espírito Meimei) e pedir
para que ore no sentido de algo que necessito.”
FRANCISCO — 56 anos — “Tenho um problema
de coluna, fui operado três vezes, agora é mais difícil qualquer operação
porque o diabete ficou pior.”
GERALDO — 55 anos (conduzido por uma
filha) — “Meu pai ouvia normalmente, de 15 meses para cá ficou totalmente
surdo. Ele presentemente vive sem esperanças”.
APARECIDA — 32 anos — “Tenho andado muito
nervosa, às vezes me vem à mente uma persistente ideia de suicídio, aí eu luto
comigo mesma e só não me mato porque sei que o espírito não vai morrer e vou
ficar penando por aí.”
SOLANGE — 28 anos — “Às vezes vejo
espíritos e quero fugir deles. Fui consultar o padre da nossa paróquia, ele me
aconselhou a rezar o terço, mas os espíritos continuam.”
NADIR — 50 anos — “Chico, vim pedir
proteção para estes dois filhos que estão aqui comigo e para que lá em casa
tudo volte ao normal.”
ELISABETE — 45 anos — “Meu marido está
voltando para o lar, eu queria saber se ele se desligou definitivamente da
pessoa que o fez perder a cabeça.”
ELVIRA — 48 anos — “Perdi meu filho
Antônio em agosto de 1975 em acidente automobilístico. Agora meu filho Carlos
caiu em apatia, não quer comer nem se prepara mais para ir a bailes e festas.
Vim pedir auxílio para esse filho.”
D.GABRIEL — 35 anos — “Sou médico
cardiologista e estou cruzando uma fase muito difícil. Estou casado há 3 anos e
há pouco tive um desacerto afetivo com minha esposa. Ela voltou à casa dos pais
e eu cai em profunda prostração. Com o passar dos dias fui a um psicanalista
conhecido, tendo um tratamento de sonoterapia.” O médium Xavier indaga: “O
irmão é espírita?” — “Sou”, responde o médico. Replica o médium: “Perdoe-me,
não sou ninguém para dizer-lhe isto, mas se o irmão é espírita, seu conflito
afetivo poderia ser resolvido dentro dos recursos próprios com que conta nossa
Doutrina. Se o seu problema fosse um caso neurológico ou, digamos, de loucura
manifesta, então é certo que os recursos da Medicina psiquiátrica seriam de
inestimável valia. Mas o senhor demonstra que o problema é de fortalecimento da
sua vontade própria. Estamos certos de que os ensinamentos de Jesus, conforme
as explicações de Allan Kardec, podem lhe oferecer o necessário apoio. O irmão
é médico e amigo nosso e, portanto, sabe que respeitamos e enaltecemos a
Medicina dos homens. Só não podemos aceitar é que um problema da
vontade não possa ser resolvido pela própria pessoa interessada em tranquilizar-se.”
JUAN — 48 anos — “Sou chileno e estou
há 10 anos no Brasil. Sofro desta alergia que me surge nos braços e pescoço.
Sempre que como carnes, principalmente a de porco, as manchas reaparecem. Se
tomo álcool? Não, não tomo mais.”
CESÀRIO — 30 anos — O rapaz olha para
Chico Xavier, os olhos marejados de lágrimas, não consegue articular uma única
palavra. Permaneceu na fila desde a noite de Quinta-feira, irradia de si um
halo de sofrimento manso e reprimido. O médium insta-o a falar, mas ele apenas
cobre a face com as mãos. Diz-lhe o médium Xavier: “Doutor Bezerra está dizendo
que quando você conseguir falar o que está sentindo, já estará melhor”. O rapaz
é encaminhado à sala de passes.
SONIA — 22 anos — “Tenho sinusite
desde pequenina, agora estou tomando os remédios desta receita aqui.” Diz-lhe o
médium: “Continue com essa medicação e passes. Você está com as melhores
indicações”.
MATSU — 60 anos — “Vim como imigrante
japonês quando tinha 6 anos. Há seis meses operei-me de câncer no estômago e só
melhorei quando vim a Uberaba pela primeira vez. Voltei para melhorar.
Necessito de acentuar minha vontade de viver.”
NISSEI — 35 anos — “Meus problemas de
coluna estão maiores apesar dos tratamentos que tenho feito"” O médium
sugeriu-lhe que experimentasse a “acupuntura”.
VALDIR — 27 anos — “Detesto minha mãe
desde criança, principalmente depois que ela casou-se pela Segunda vez. Ainda
não consegui concluir o curso básico e não tenho emprego fixo. Sempre me saio
mal no relacionamento com as mulheres.” Pergunta de Chico: “Sua mãe maltratou
você alguma vez?” Resposta: “Não muito”. — “Dê-me então seu nome e endereço,
também nome e endereço de sua mãe. A prece é muito importante. Você deve perdoar
para sair desse campo negativo do sentimento. Nossas mães são sempre nossas
benfeitoras.”
LOIVA — 24 anos — “Ouvi falar muito
do senhor, queria conhecê-lo. Meu pai enfermou do coração faz dois anos, daí
para cá em sonho ou em vigília me parece que caminho sempre à beira de abismos.
Preciso de uma orientação e de auxílio para minha alma.”
DINARTE — 29 anos — “Estou com dois
problemas. O primeiro deles é um mal na próstata. O segundo é em relação a meu
pai. Não gosto de estudar e ele quer que eu seja professor. Me sinto melhor em
outras profissões que não exijam tanta concentração e esforço mental.” Chico
Xavier faz somente uma observação: “Em algumas existências nós vimos para
enriquecer a inteligência. Em outras, para enriquecer o coração. Tudo indica
que seu desenvolvimento atual deve ser o do coração.”
MARIA — 40 anos — “Chico, faz alguns
anos que anseio trabalhar na caridade, mas minha família é pudica, sei lá, ela
é contraria. Não quer que eu faça o bem.” — “Minha irmã”, responde o médium,
“creia que o bem verte do Alto buscando expressar-se através de nós. No início
das minhas tarefas na mediunidade, Emmanuel me disse: Na prática do bem não
disputamos com ninguém”. “Ore e espere. A prece lhe trará um caminho para o bem
que deseja fazer.”
GENI — 43 anos — “Perdi meu pai em
5/03/1969 e nunca pude esquecê-lo, porque ele foi a única pessoa que me deu
amor. Na época em que viveu eu não o compreendi e algumas vezes lhe criei
problemas que mais tarde me trouxeram remorsos. Sinto necessidade de pedir-lhe
perdão e rogo auxílio espiritual.”
NEUSA — 42 anos — “Atualmente, perdi
o amor por Jesus. Não sei como isso aconteceu mas aquele amor me fortalecia
muito.” Pondera-lhe o médium Xavier: “Não, a senhora não perdeu o amor por
Jesus. Uma faixa se interpôs entre a irmã e o caminho de Nosso Senhor”. — “Mas,
e essa aflição que sinto?” “À noite me atormento com pensamentos atrozes. Serão
espíritos demoníacos?” — Chico Xavier tira do bolso um impresso e o entrega à
mulher aflita: “Peço-lhe que leia esta mensagem de Emmanuel. Busque refúgio na
segurança da prece. A irmã vai melhorar”.
RAIMUNDO — 26 anos — “Vim pedir que o
senhor me consiga notícias de meu pai. Sem ele a vida tem sido muito dura para
mim...” O médium pede-lhe que encaminhe uma consulta à direção do Grupo.
NINA — 45 anos — “Perdi meu filho
num acidente de caminhão no Paraná e não posso entender porque Deus me tenha
tirado esse filho. Era a única razão da minha vida. Olhe a foto dele. Faz 3
anos que tudo aconteceu. Não sei se ele estava desgostoso; ele vinha guiando um
Volkswagen que entrou na traseira de um caminhão. A vida, a vida...” Chico Xavier
acrescenta o seguinte: “Está aqui um espírito que se diz chamar-se Artidório
Fernandes. Está dizendo que seu filho Sidnei não se suicidou, ele ressonou na
direção do carro, embora fosse de dia”. Nina obtempera: “O nome de meu filho
era Sidnei mas não conheço nenhum Artidório Fernandes”. O médium Xavier
volta-se para mim e comenta: “Infelizmente esta nossa irmã está com o
pensamento muito voltado para o suicídio”.
VICENTE — 22 anos — “Amei muito uma
garota mas não consegui me acertar com ela. Tenho um problema sexual e não
consigo me realizar. Desde adolescente que carrego isso comigo. Vivo inseguro.
A memória anda fraca e agora quero estudar Medicina. Acha que devo seguir essa
carreira?” (O médium recomendou que ele se concentrasse nos estudos, sem
desânimo!
ANA — 18 anos — “Perdi minha mãe na
idade de 8 anos, mas meu pai cuida muito de mim. Agora ele extraiu um tumor na
cabeça e os remédios que toma não conseguem acalmar as dores. Vim pedir
orientação para que eu não me sinta tão fraca nem perca a fé e a esperança em
Deus.”
NORMA — 58 anos — “Moro no Rio de
Janeiro e sou escultora. Atualmente convalesço de uma crise orgânica, moral e
espiritual. Sei claramente que há espíritos que me perseguem. Sinto
intuitivamente que meu espírito entra numa nova fase em que vou precisar de
reforço para a perspectiva de uma abertura.”
JANETE — 24 anos — “Minha mediunidade
é muito conflitante e me tem trazido inúmeros problemas. Estou cursando o
último ano da escola normal, mas agora ,e surgiu um tumor na garganta, bem
aqui. Vim consultar para ver se devo operar-me. Preciso de orações.”
ZÉLIA — 19 anos — “Perdi meu namorado
há dois anos, quando o carro dele bateu num poste. Nós havíamos discutido justo
naquele dia. Eu não tinha razão e agora sinto imensa falta dele. Queria que o
senhor me dissesse se Carlos guardou mágoa de mim.”
EUGÊNIA — 65 anos — “Fui operada deste
pé direito, agora o médico quer operar novamente. Sinto dores mas, com alguma
dificuldade, consigo andar.” O médium indaga: “A senhora sente que poderia
viver com essa dor?” “Acho que sim”, responde a consulente. Recomendação de
Chico: “Às vezes, sendo possível, é melhor suportar certas dores.”
ANA AMÉLIA — 50 anos — “Sou mãe de Maria
Amélia que desencarnou juntamente com o esposo e mais 5 netos meus num acidente
automobilístico. Esta aqui é a foto de minha filha com a família. Vim pedir
notícias dela, é a Quinta vez que venho aqui.” Chico Xavier: “Está aqui conosco
um espírito que diz chamar-se Francisco”. — “É meu pai!”, responde Ana Amélia.
Processe o médium: “O avô Francisco diz que socorreu Maria Amélia, o esposo e
os netos no instante do acidente. Maria Amélia apesar de achar-se grávida do 6º
filho quando desencarnou, agora está em boa recuperação. Uma outra pessoa,
também aqui presente, que se diz ser tia Leonor, pede que a senhora se tranquilize.
Seus familiares estão bem na espiritualidade, é preciso que a irmã tenha fé e
não alimente mágoas nem revolta. Transforme em preces a sua saudade. Deus nos
sustentará.”
JUDITE — 40 anos — “Este é o meu filho
Carlos de 6 anos, ele sofre dos nervos e tem dificuldade de andar. As pessoas
dizem que é espírito”. Palavras do médium: “Ter um filho, ou filhos sem problemas,
é privilégio de Deus. Ter filho com problema é super-privilégio para o nosso
espírito”. Redarguiu D. Judite: “Antes de meu filho nascer, algo me fazia
sentir ou pensar que ele não nasceria perfeito” Ao que o médium Xavier
acrescenta: “A irmã já estava sendo avisada pelos Mentores. Este menino vai ser
um companheiro muito querido da senhora. Vamos orar para que seja feliz”.
MOEMA — 32 anos — “Estou desolada
porque perdi minha filha Dina, de apenas 9 aninhos, num acidente em que um
caminhão de refrigerantes esmagou minha filha na rua. Venho rogar a bênção de
notícias.” (Moema foi uma das mães que em número de três receberam mensagens de
entes queridos naquela noite.)
NORMA — 50 anos — “Sou viúva e venho
pedir notícias de meu marido desencarnado a 29/5/1978. Venho sentindo muita dor
de cabeça e falta de ar, creio que pelo meu estado de angústia.”
JANE — 32 anos — “Esta é minha
filhinha, ela não anda e não fala já com 4 anos de idade. Teve o primeiro
ataque quando estava com apenas 3 meses; há poucos dias teve vinte ataques em
menos de 24 horas. Aninha está sonolenta assim devido aos tranquilizantes que
deve usar. Frequento o Centro Espírita de Guarulhos, mas preciso de muita ajuda
dos Amigos da Vida Maior.”
MÁRIO — 30 anos — “Tenho uma inibição
geral, não consigo completar meu curso de radiotécnico, que é o que gosto.”
Resposta de Chico Xavier: “O irmão não está doente. Busque concentrar-se, nem
que tenha que recorrer a um gravador para gravar as lições no seu
subconsciente. Estude, meu filho, você é inteligente e deve aproveitar a
oportunidade.”
VALDIR — 30 anos — “Não sigo bem de
negócios, tenho a impressão de que alguma influência ruim me persegue. Trabalho
dia e noite, acumulo um pouco do que ganho depois perco tudo em pouco tempo.
Vivo em desastres financeiros constantes”.
MARINA — 20 anos — “Meu noivo Marco Antônio
morreu inesperadamente; um dia antes nós havíamos discutido mas eu o amava
muito. Vim pedir orientação, uma palavra, sei lá. Tenho sede de paz, anseio
captar-lhe algum conselho, alguma frase que me pacifique por dentro e me
reaqueça a confiança na Bondade de Deus.”
DORA — 60 anos — “Sou uma pessoa só,
às vezes o mundo me parece muito agressivo, eu busco me refugiar em Deus mas o
estado de meus nervos não permite. Também sofro da coluna, penso que só um
tratamento espiritual poderá resolver meus problemas.”
CAIO — 42 anos — “Exerço a profissão
de engenheiro mas sinto que obsedo com facilidade. Vou pouco ao Centro Espírita
de meu bairro em Pinheiros, São Paulo. Certa feita frequentei a Federação
Espírita de São Paulo. Lamentável e inexplicavelmente meu pai enforcou-se em
1º/12/1968 e eu sinto muito a presença dele com certa angústia para mim. Parece
que uma atmosfera muito ruim me envolve em inquietude. Peço orientação
espiritual e uma ajuda em esperança.”
LÚCIA — 35 anos — “Esta minha filha,
agora com três anos, é mongoloide. Olhe, Chico, este rostinho não é um amor?
Não sei por que Deus me deu uma prova tão dura frente a essa criaturinha tão
adorável. Há dias em que mergulho na desesperança embora se firme em mim a
certeza de que somente aqui encontrarei a solução que preciso do ponto de vista
espiritual.”
BENEDITO — 35 anos — “Estou doente dos
nervos e do sexo. Fiz tratamento num Centro Espírita mas a dor de cabeça que me
atormenta não cede. Sinto como se minha vida estivesse cercada por um muro, não
vejo saída.”
MARA — 24 anos — “Tive um
relacionamento com um rapaz que não era benquisto por minha família. Através
dele, envolvi-me com drogas, desculpe que esteja falando assim devagar, hoje
não estou bem. O rapaz me abandonou e agora não consigo desvencilhar-me das
drogas. Desculpe, estou um pouco dopada, acho que preciso deixar disso...”
NELI — 42 anos — “Primeiro perdi meu
filho mais velho de doença do coração. Um ano depois este rapaz de que lhe
mostro a fotografia foi realizar um passeio de moto em Guarulhos e morreu
imprensado por um caminhão. Tenho mais dois filhos e eles querem moto. Não sei
o que devo fazer para contentá-los. Preciso de sua ajuda espiritual.”
ROSE — 55 anos — “Chico, meu filho
deixou de estudar e não para em emprego algum. Vive muito ensimesmada, lê muito
romance policial. Vim pedir orações em favor desse filho.”
MARIA JOSÉ — 50 anos — “Meu pai está paralítico
há 22 anos, cuidei dele todo esse tempo sem constituir família. Mês passado
decidi tirar uns dias de férias e, ao voltar, meu irmão mais velho me expulsou
de casa. Meu pai me mandou dizer que quer ir comigo para o Norte, eu venho
perguntar se ele aguentará essa viagem de ônibus.”
JOSÉ — 34 anos — “Meu pai está muito
doente. Ele agora está em São Paulo, com o pensamento concentrado nesta
entrevista, a fim de receber auxílio vibratório. Perdoe se me emociono... As
palavras... não acho palavras... É que minha vida também não anda boa, houve um
acontecimento traumático com minha família, isto há mais de 10 anos e eu me
afastei do Espiritismo. Sinto que preciso reiniciar um tratamento espiritual e
venho pedir a esse Grupo orações em meu favor.”
APARECIDA — 55 anos — “Eu era muito
ligada a um irmão que desencarnou há menos de dois anos. Ela era compositor de
músicas eruditas com certa fama nos meios musicais do rio e de São Paulo. Minha
mãe e minha avó sentiram e sentem muita revolta pela morte dele e eu não estou
conseguindo controlar as duas. Venho pedir notícias espirituais desse irmão e
preces lá para casa.”
MANOEL — 33 anos — “Lá em casa andam
acontecendo coisas que não consigo entender. Não deve ser a presença de
espíritos bons pelo que fazem. Eu sinto muita dor de cabeça, às vezes perco
sangue pelas narinas, mordo com frequência a língua sem querer, tropeço e caio
assim muito seguidamente. Percebo que há algo errado e não sei o que é. Vim
pedir auxílio através de preces.”
LUIS — 29 anos — “Tenho tido muito
pesadelos ultimamente e tudo o que sonho de negativo termina acontecendo.
Quando vou a um ambiente com muitas pessoas, sinto que atraio sobre mim as
vibrações desse ambiente. Sou como um imã atraindo alfinetes.”
LUCIMAR — 40 anos — “Perdoe minhas
lágrimas, perdi meu filho em São Bernardo do Campo quando seu carro bateu num
muro. Isso faz apenas dois meses, acho que seu carro bateu naquele muro, ele
sofria de desmaios súbitos. Desculpe, se choro... Era moço, tinha noivado com
uma moça de muito valor, era feliz... Sabe Chico, uma existência inteira não é
suficiente para afastar a dor do coração de uma mãe que perde um filho. Haverá
no mundo dor maior? Uma semana antes de desencanar, o meu Roberto escreveu esse
poema que mandei imprimir.”
(Olho
na direção do impresso, e leio as primeiras linhas do poema:
“Levo a vida
Imaginando de onde venho
Corro riscos
Não me assustam...”)
CARMOSINA — 48 anos — “Sou advogada e
presentemente trabalho num Fórum. Perdi meu marido há dois anos, fui convidada
a ir a um Centro Espírita; havia lá uma sessão de materialização, vi que alguém
se materializava através do ectoplasma de um médium mas não consegui distinguir
as feições do rosto. Ele me chamou de Carminha, Dra. Carminha, meu verdadeiro
nome. Será que foi meu marido que se materializou naquela sessão? Tenho muitas
dúvidas...”
CARLOTA — 60 anos — “Meu filho está
desaparecido há onze meses. Dizem amigos dele que ele caiu na Barragem do Jupiá
mas seu corpo nunca apareceu. À s vezes me vem a mente a esperança de que tudo
foi brincadeira dele, quem sabe, não é? Vim pedir uma confirmação.”
PEDRO — 32 anos — “Meu problema é que
não sou sexualmente potente. Fiz tratamento, o médico diz que fisiologicamente
estou bem, que é tudo psicológico mas eu desconfio que não é porque estou assim
desde a adolescência.”
JUAREZ — 50 anos — “Sinto dores e
cãibras nas pernas. Penso que possa ser “despacho” de pessoas que me invejam ou
não gostam de mim. Venho pedir ajuda espiritual.”
CARLOS — 12 anos — “Vim em visita a
este Grupo e ao senhor pedir preces para que meus pais não briguem tanto.”
ANGELO — 45 anos — “Ultimamente só
durmo com soníferos. De madrugada me acordo, fico de olhos abertos horas a fio.
Se tomo Segunda dose, não consigo acordar na hora do trabalho.” (O médium
Xavier diz a esse consulente: “O irmão não deve se dopar, isto que você sente
não vem de si. O irmão é lúcido, é integro, seria bom que buscasse remédio na
fé, em deus, em si mesmo. Creio que passes na base da fé lhe farão grande
bem”.)
CARLOS — 23 anos — “Meu caso é que há
um ano atrás, ao me desesperar por um problema que afinal não tinha a
importância que eu lhe dava, dei um tiro no ouvido mas consegui sobreviver.
Desde então perdi a saúde e agora quero viver. Não sei como fui fazer isso,
tenho medo de um derrame, eu preciso continuar vivendo mesmo sem saúde.”
SONIA — 23 anos — “Acordo à noite
com dormência no corpo. Às vezes essa dormência se transforma em tremores e
então eu sinto a presença de meu pai falecido em 1976, em Minas Gerais.” SOFIA — 49 anos — “Vim para
conhecê-lo... espere um pouco...(lágrimas) desculpe... peço socorro para meus
sentimentos...”
ANA — 30 anos — “Meu marido
desapareceu nas águas do rio Corumbá, faz um ano e até hoje não encontraram o
corpo dele. Tenho três filhos, preciso de notícias que me esclareçam...”
MANOEL — 11 anos — “Vim pedir para que
curem meu olho direito, esta é minha mãe. (Ela explica ao médium que com apenas
8 dias de vida o menino começou a apresentar problemas nos olhos) Chico
comenta: “Antes de nasce, no Espaço, seu filho já estava assim. Ao reencarnar a
moléstia seguiu seu curso. É um processo curativo ao avesso, ou seja, do
perispírito para o corpo. Certos males nos advêm para que possamos enrijecer os
músculos do Espírito. Para ficarmos fortes e readaptados às Leis de Deus.”
THEREZINHA — 45 anos — ... não conseguiu
falar. Tirou da bolsa uma foto do filho Cássio e apertou as mãos do médium.
Várias pessoas receberam, naquela noite, mensagens de seus entes queridos já
desencarnados.
III
— Fumo e Perispírito
A ação do perispírito
Às
nossas perguntas Chico Xavier deu as seguintes respostas:
P
— A ação negativa do cigarro sobre o perispírito do fumante prossegue após a
morte do corpo físico? Até quando?
R
— “O problema da dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos
nos tecidos sutis do corpo, espiritual ceda lugar à normalidade do envoltório
perispirítico, o que, na maioria das vezes, tem a duração do tempo
correspondente ao tempo em que o hábito perdurou na existência física do
fumante. Quando a vontade do interessado não está suficientemente
desenvolvida para arredar de si o costume inconveniente, o tratamento dele, no
Mundo Espiritual, ainda exige quotas diárias de sucedâneos dos cigarros comuns,
com ingredientes análogos aos dos cigarros terrestres, cuja administração ao
paciente diminui gradativamente, até que ele consiga viver sem qualquer
dependência do fumo.” (EMMANUEL)
Redução da resistência orgânica
P
— Como descreveria a ação dos componentes do cigarro no perispírito de quem
fuma?
R
— “As sensações do fumante inveterado, no Mais Além, são naturalmente as da
angustiosa sede de recursos tóxicos a que se habituou no Plano Físico,
de tal modo obsedante que as melhores lições e surpresas da Vida Maior lhe
passam quase que despercebidas, até que se lhe normalizem as percepções. O
assunto, no entanto, no capítulo da saúde corpórea, deveria ser estudado na
Terra mais atenciosamente, de vez que a resistência orgânica decresce
consideravelmente com o hábito de fumar, favorecendo a
instalação de moléstias que poderiam ser claramente evitáveis. A
necropsia do corpo cadaverizado de um fumante em confronto com o de uma pessoa
sem esse hábito estabelece clara diferença.” (EMMANUEL)
P
— Sendo o perispírito o substrato orgânico resultante de nossas vivências
passadas, seria certo raciocinar que uma criança, nascida de pais fumantes, já
teria nessa circunstância uma prova inicial a ser vencida, em consequência de
certas tendências negativas de vidas passadas?
R
— “Muitas vezes os filhos ou netos de fumantes e dipsômanos inveterados são
aqueles mesmos espíritos afins que já fumavam ou usavam
agentes alcoólicos em companhia deles mesmos, antes do retorno à reencarnação.
Compreensível, assim, que muitas crianças (espíritos extremamente ligados aos
hábitos e idiossincrasias dos pais e dos avós) apresentem, desde muito cedo,
tendências compulsivas para o fumo ou para o álcool, reclamando trabalho
persistente e amoroso de reeducação.”
P
— Pode dizer-nos se em civilizações extraterrenas mais evoluídas que a
terrestre, sobrevivem esses problemas compulsivos de tabagismo, alcoolismo e
tóxico?
R
— “Nas civilizações sublimadas, que consideramos por muito mais evoluídas que
a civilização terrestre, os problemas de tabagismo, alcoolismo e toxicomania,
efetivamente não existem.” (EMMANUEL)
Fumo e mediunidade
P
— Você considera o hábito de fumar um suicídio em câmara lenta? Por quê?
R
— Creio que o hábito de fumar não pode ser definido por suicídio
conscientemente considerado. Será um prejuízo que o fumante causa a si mesmo,
sem a intenção de se destruir, mas o prejuízo que se deve estudar com
esclarecimento, sem condenação, para que a pessoa se conscientize quanto
às consequências do fumo, no campo da vida, de maneira a fazer as suas próprias
opções.
P
— Você teria alcançado condições de desempenho de seu mandato mediúnico, ao
longo de mais de meio século de trabalho incessante, se fosse um dependente da
nicotina?
R
— Creio que não, com referência ao tempo de trabalho, de vez que a ingestão
de nicotina agravaria as doenças de que sou portador, mas não quanto a
supostas qualidades espirituais para o mandato referido, de vez que considero "o hábito de cultivar pensamentos infelizes” uma condição pior
que o abuso da nicotina e, sinceramente, do “hábito de cultivar pensamentos
infelizes” ainda não me livrei.
P
— Que é que você habitualmente aconselha aos fumantes enfraquecidos por
derrotas sucessivas, vêm pedir orientação, forças renovadas e motivação para
vencer a dependência física e mental criada pela nicotina?
R
— A prece e o trabalho, em meu entendimento, são sempre os melhores recursos
para defender-nos contra qualquer desequilíbrio. (Chico Xavier)
IV
— A Sensibilidade das Plantas nos dois Planos da Vida
Em
1943 veio a lume o livro Nosso Lar,
ditado a Chico Xavier pelo Espírito André Luiz, contendo descrições
pormenorizadas da vida e atividades dos Espíritos nas regiões e paisagens do
Mundo Maior, de acordo com o grau evolutivo atingido por esses Espíritos.
A
narrativa, que pela primeira vez descreve a existência de cidades e colônias
povoadas por Espíritos dedicados às mais diversas tarefas, no espaço que
circunda o nosso planeta Terra, faz também várias referências a formosos
jardins, bosques e plantas, bem como a cidades de vida organizada com serviços
os mais diversificados.
Constata-se,
desde logo, que, nas diversas “Moradas do Pai”, conforme o prometido pelo
Cristo, a suave presença de plantas, folhagens, belos e
aromáticos arvoredos, roseirais de indescritível beleza, ambientes de música e
harmonia constitui um fator constante. Dir-se-ia que as plantas e
flores, essas prestimosas e encantadoras companheiras do ser humano, não se
limitam a enriquecer a vida somente no Plano da Matéria mais densa, mas também
acompanham a Humanidade como um todo, mesmo após a passagem pela morte,
apresentando-se em feições, matizes e aromas de uma forma cada vez mais etérea
e espiritualizada.
O invisível no visível
P
- Você confirmaria que as plantas têm memória? Cito uni exemplo: um homem
molestou durante vários dias uma planta em teste — um gerânio. Um outro homem a
regou e cuidou durante esses dias. Após três dias de ausência os dois se
apresentaram ante o gerânio e este mostrou medo e tensão ante o primeiro, mas
se tranquilizou quando da presença do segundo homem.
R
— As plantas possuem, compreensivelmente, a MEMÓRIA EM CONSTRUÇÃO, se
nos é permitido assim nos exprimirmos. A memória, em qualquer grau, apresenta a
parcela de discernimento que haja conquistado.
P
— Para além das regras da fisiologia e da biologia de hoje, poderíamos então
dizer que além de mera sensitividade molecular HÁ ESPIRITUALIDADE NAS PLANTAS?
R
— Em graus e tons diversos a Espiritualidade se encontra em qualquer
partícula de vida.
P
— Poderíamos então dizer que as plantas, percebendo o mundo que as rodeia, têm
uma memória, uma linguagem própria e até mesmo alguns rudimentos de altruísmo?
R
— Sim, reconhecendo-se que a palavra “rudimentos”
está positivamente adequada à indagação proposta.
P
— Você confirmaria que as plantas e os animais aceitam a condição ou a tarefa
de servir de alimento, contanto que o processo seja dentro de um ritual
amoroso, capaz de evitar os agentes químicos do medo causado pela morte
violenta ou desapiedada?
R
— Não somente as plantas e os animais necessitam ele amor para se renderem
às necessidades do processo evolutivo em que todos nos encontramos. Nós
mesmos, os espíritos humanos ou candidatos à humanização, não conseguimos
prescindir do amor ou da proteção do amor fim de nos submetermos às disciplinas
da vida, de modo a servirmos com segurança e eficiência na engrenagem do
progresso comum.
P
— E no que se refere aos minerais, você confirmaria existir ali certas formas de
sensitividade peculiar, ou INÍCIOS DE ORGANIZAÇÃO ESPIRITUAL, em formações
minerais tais como o basalto, o ferro, o ouro, a prata, o urânio e todos os
demais radioativos? Seria então que o reino vegetal representaria o primeiro
estágio da nossa evolução planetária?
R
— Segundo os nossos conhecimentos atuais, o início da sensibilidade do reino
mineral antecede as ocorrências de sensibilidade no mundo vegetal.
P
— Todas as evidências indicam estar ocorrendo em nosso Planeta, como em nenhuma
outra fase de evolução da Humanidade, sofrimentos individuais e coletivos
crescentes, os quais se refletem também no meio ambiente, afetando minerais,
plantas e animais, participantes (passivos?) da imensa conturbação. Essa persistência
geral na dor é uma realidade vigente, ou eu estou olhando a situação sob o
ângulo de uma ótica negativista?
R
— Se pudéssemos trocar ideias com os minerais, os vegetais e os animais de
que nos prevalecemos na Terra para a sustentação da vida física, também eles
possivelmente nos perguntariam por que lhes causamos tanto sofrimento,
ignorando que a dor é sofrimento educativo de primeira ordem, sem o qual o mais
rudimentar aperfeiçoamento das criaturas e das coisas seria claramente
impossível. (Emmanuel)
V
— Assuntos da Vida:
“Morte clinica” e desencarne,
amor, eutanásia, psicanálise, vida pulsante do Universo, sexo e evolução,
divórcio, marxismo, o fim das guerras, a arte de envelhecer, etc.
Com
mais de dez comensais à mesa, naquele meio-dia de sábado, o médium Xavier pede
que cada um se sirva daquilo que preferir, enquanto ele próprio serve
refrigerante aos presentes.
Finda
a refeição, e antes que Chico Xavier se retire para um repouso de meia hora
recuperando energias para a tarefa evangélica de sábados à tarde, retenho-o por
alguns instantes em palestra sobre planos para este livro. Sugeri-lhe que o título fosse Janela Para o Céu, tendo ele preferido que o
título seja Janela Para a Vida, já que seu tema principal é a mediunidade.
Tratando
de muitos e variados assuntos, disse ao médium que respondesse somente as que
lhe parecessem mais apropriadas ou significativas. Apesar disso, nem uma só
ficou sem resposta. Ei-las:
Psicanálise
P
— A psicanalista Karen Horney afirma que enquanto dormimos verifica-se oculta atividade mental inconsciente, fazendo com que, ao acordarmos,
encontremos a impensada solução para esse ou aquele problema que nos preocupava
até antes de adormecermos. Como no caso do famoso problema matemático, cuja
solução aparece pronta pela manhã... Acha que essa imperceptível atividade
onírica, que tantas vezes nos oferece soluções surpreendentes, é de ordem puramente mental, da própria pessoa, ou pode ter o concurso de
Espíritos afins?
R
— Respeito a interpretação da ciência psicológica com referência à nossa vida
mental inconsciente, entretanto, creio que, na maioria dos casos em que
despertamos após o sono comum com determinadas “soluções prontas” para
problemas que nos inquietavam, isso se deve ao amparo de Espíritos
Amigos e Benfeitores que nos estendem auxílio, quando a nossa mente repousa
entre as atividades de vigília.
Aliás,
não nos seria lícito esquecer que os magnetizadores, mesmo entre nós, os
espíritos encarnados, conseguem prestar valioso auxílio aos companheiros por
eles magnetizados, enquanto se encontram esses, no estado de hipnose, sem que
eles, os magnetizados, conservem, pelo menos temporariamente, qualquer
lembrança dos benefícios recebidos.
P
— Goethe afirmou certa vez que no mundo só existiu e existe um único
conflito: o conflito entre a incredulidade e a fé. Você concorda com tal
síntese?
R
— Cremos que o admirável poeta condensou todo um mundo de pensamentos complexos
na síntese apresentada, porque renteando com esse conflito entre a
incredulidade e a fé, somos induzidos a reconhecer outros, como sejam os
conflitos entre o ódio e o amor, entre o equilíbrio e o desequilíbrio, e outros
muitos, entre os quais lidamos e lutamos, todos, nós, à busca de nosso próprio
burilamento.
VI — Mensagens do Céu à Terra
VII — Janela para a Vida
P — Você diria que a mediunidade é uma janela voltada para o Céu?
R — “Se me fosse possível definir a mediunidade, de minha parte eu diria que ela se parece com uma janela voltada para a vida”.

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