28 fevereiro 2011

Idealismo e Espiritismo

O termo ideal, do latim tardio idealis, está relacionado à ideia, ao pensamento. Aquilo que cada um se propõe como modelo num determinado setor do pensamento ou, principalmente, da ação. Ideal difere de objetivo. Objetivo é simplesmente uma meta a ser atingida; ideal, é uma meta a ser atingida, mas dentro de uma perspectiva heroica. Nesse caso, um ser humano apaixonado por um ideal é capaz de sacrifícios e mesmo de esforços heroicos.

idealismo, que vem de ideal, significa a atitude de espírito aberto a um ideal. Idealista é aquele que crê no poder das ideias e na nobreza de sentimentos, para reformar o homem e a sociedade. Neste sentido, o idealista se opõe tanto ao materialista quanto ao egoísta.

Filosoficamente falando, o idealismo refere-se às doutrinas que negam aos fenômenos uma subsistência em si mesmos e os reduzem a meras representações mentais. Uma forma de idealismo é o idealismo radical, em que tudo é absolutamente e não subjetivamente reduzido à ideia. Para Hegel, por exemplo, o absoluto é o ideal puro, sem realidade alguma. Isso nos conduz ao solipsismo (de solus, só e ipse, ele mesmo), que designa o isolamento da consciência individual.

Comparando-se idealismo, materialismo e Espiritismo, temos:

Para o idealista, o movimento das coisas é o resultado das contradições que existem nas ideias;

Para o materialista, o movimento das coisas constitui o elemento primário e as contradições que se produzem nas ideias são apenas o reflexo do movimento real;

Para o Espiritismo, o movimento das coisas está sujeito aos dois princípios fundamentais, ou seja, ao Espírito e à Matéria. O homem, por exemplo, é um ser completo composto de Espírito, Perispírito e Corpo Físico. Faz a síntese, afirmando que um influencia o outro.

A atividade espírita deve ser sempre idealista, seja qual for a sua natureza. Querer receber recompensa ou almejar um lugar de destaque em “Nosso Lar” vai contra o idealismo. Qualquer expectativa de ganho (financeiro, posição social...) é uma forma de mercadejar as coisas espirituais. Exemplo: quando um orador espírita começa a cobrar pelas suas palestras, quando procura enfatizar o seu “eu” em detrimento da Doutrina, ele deixa naturalmente de ser idealista.

O Espiritismo é por sua natureza idealista, pois sua principal função é combater o egoísmo, chamando-o de cancro da sociedade, o maior mal de convivência entre as pessoas. Nesse sentido, prega a caridade desinteressada, que é amar o próximo como a si mesmo, independente de crença religiosa.


23 fevereiro 2011

Parábola da Figueira Seca

Figueira é o nome vulgar da Fícus carica, pequena árvore (por vezes reduzida a arbusto) caducifólia, da família das Moráceas e subfamília das Artocarpoídeas. É originária da Região Mediterrânea e frequentemente cultivada em Portugal em sítios com nível freático pouco fundo e de clima bastante quente e seco no verão, aparecendo por vezes subespontânea nas fendas das rochas e dos muros velhos.

No dia seguinte, saindo eles de Betânia, teve fome – vendo ao longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa. Aproximando-se, nada achou senão folhas; porque ainda não era tempo de figos. Disse-lhe: Nunca jamais coma alguém fruto de ti; e seus discípulos ouviram isto. Quando chegava a tarde saíram da cidade. Ao passarem de manhã, viram que a figueira estava seca até a raiz. Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Olhe, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste! (Marcos, XI, 12-14 19-21.)

Parábola da Figueira Seca faz parte da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. O título bíblico é Figueira Seca: a Purificação do Templo. Nessa passagem, Jesus expulsou os vendilhões do templo, exaltou a fé em Deus e teceu comentários sobre a oração e o perdão.

A relação entre folhas e frutos pode ser assim entendida: Na antiga Palestina, diziam que os primeiros brotos de frutos da figueira aparecem dois meses antes das folhas. Nesse caso, mesmo não sendo época de figos, a figueira já tinha estrutura para, mesmo fora de época, possuir frutos. Cristo se baseia nessa premissa para lançar uma “praga” à figueira.

Daí: a morte de uma árvore pode estar conectada ao uso do magnetismo. Se Jesus destruiu as células prejudiciais e causadoras de enfermidades – curas dos dez leprosos, a mulher que sofria de hemorragia, por que não poderia destruir as células de uma árvore? Mas, foi isso que ocorreu? Parece-nos que o mais provável é: Jesus, conhecedor das leis da natureza, e sabendo que ela iria morrer, disse-lhe para não dar mais frutos. Não foi ele que matou a figueira, mas ela que já estava a definhar.

Allan Kardec, nos itens 9 e 10 do capítulo 19 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ressalta três tipos de símbolos que podemos observar nesta parábola: 1) Pessoas que aparentam o bem, mas na realidade nada produzem de bom; 2) pessoas que podem ser úteis e não o são; 3) médiuns que se desviam de sua missão.

A esterilidade é nota destoante. Uma coisa estéril nada produz. Com o tempo, a obra estéril desaparece. Jesus está, nesta passagem evangélica, chamando a nossa atenção para as boas obras, não de aparência, mas de real valor para a Humanidade. O verniz da caridade nada vale, pois a salvação da alma está presa ao essencial, não ao que aparentamos ser.

A vida de aparência caridosa pode enganar aos homens, pode até fazer prosélitos, mas não consegue ludibriar a Deus, que é eminentemente sabedoria e justiça. Esta é a lição que devemos extrair dessa parábola.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/par%C3%A1bola-da-figueira-seca