Dívida. Do latim debitum, “aquilo que é devido”, do verbo debere,
“dever”. Em direito, é todo dever jurídico de cunho patrimonial. Em economia e
finanças públicas, implica uma problemática específica dentro da Economia
Política. O sentido translato de dívida diz respeito aos favores que recebemos
dos outros, mesmo que graciosamente, e a respeito dos quais contraímos uma
dívida de gratidão.
Os
princípios da lei de Deus estão gravados em nossa consciência. Quando desobedecemos
estes princípios, contraímos uma dívida para com a Lei Natural. Mais cedo ou
mais tarde, devemos quitá-la. Nesse sentido, a reencarnação não deve ser vista como um
castigo, uma punição de Deus por uma dívida contraída. Ela é uma oportunidade
de acerto, de quitação. É o processo inerente à evolução material, moral e
espiritual do Espírito.
O
Espírito André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, ao comentar
mandamento “honrar pai e mãe”, diz: “Lembra-te de que a dívida para com teus
pais terrestres é sempre insolvável por sua natureza sublime”. Em se tratando
do mandamento "não roubar", afirma: “Evitemos a apropriação indébita para que não agravemos as
nossas próprias dívidas”.
A "Parábola dos Devedores e Credores" está posta nos seguintes termos: “Então o seu
senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda
aquela dívida, porque me suplicastes. Não devias tu, igualmente, ter compaixão
do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu
senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim
vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a
seu irmão, as suas ofensas.” (Mateus, 18, 32 a 35). Depreende-se que
devemos sempre retribuir a compaixão que recebemos de nossos credores, quais sejam
Deus, o nosso pai terrestre, entre outros.
A dificuldade de quitação de uma dívida pode ser retratada da seguinte forma:
O Espírito
Humberto de Campos (Irmão X), no capítulo 15 (“O Compromisso”), do livro Estante
da Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, relata a história de
Alberto Nogueira, que reencarnou com muita dívida do passado. Alberto
Nogueira, prestes a reencarnar neste Planeta, diante de seu quadro de deslizes
morais e espirituais, pede uma existência com inúmeras deficiências físicas e
dificuldades de toda a sorte. Os amigos do espaço, diante desse pedido,
oferecem-lhe um outro modo de resgatar o seu passado delituoso:
MEDIUNIDADE.
Passados mais de 30 anos, os benfeitores do espaço, precisando
de alguém para tratar de um caso de obsessão, não o acham em serviço.
Conclusão:
“Aquele espírito valoroso que pedira lepra, cegueira, loucura, idiotia, fogo,
lágrimas, penúria e abandono, a fim de desagravar a própria consciência, no
plano físico, depois de acomodar-se nas concessões do Senhor, esquecera todas
as necessidades que lhe caracterizavam a obra de reajuste e preferia a
ociosidade, enquadrado em pijama, com medo de trabalhar”.
Recebido
um conhecimento espiritual, contraímos uma dívida, ou seja, a responsabilidade
de o passar para os outros irmãos de jornada. Guardá-lo somente para nós é puro
egoísmo. Lembremo-nos de que deveremos prestar contas das dádivas divinas (conhecimento, riqueza e talento) postas em nossas mãos. Elas nos foram emprestadas
para ajudar o progresso da humanidade e não para servir aos nossos prazeres
mundanos.