“Muito se Pedirá Àquele que Muito Recebeu” é um subtítulo, transcrito
nos itens 10, 11 e 12, do capítulo XVIII de O Evangelho Segundo o
Espiritismo, “Muitos os Chamados e Poucos os Escolhidos”. Este tema mostra
a estreita relação entre o conhecimento adquirido e a responsabilidade que daí
advém, ou seja, pedir-se-á ao que tem, mas em compensação dar-se-lhe-á mais.
Antes da vinda do Cristo, a Terra possuía vasta cultura, principalmente
aquela veiculada pelos grandes filósofos da antiguidade clássica grega.
Faltava-lhe, porém, a educação moral, aquela que modifica o ser na sua
essência. O Espírito Emmanuel, no capítulo 21, do livro Roteiro,
lembra-nos que: o cativeiro consagrado por lei era flagelo comum; a mulher,
aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se
dispensava aos cavalos; os pais podiam vender os filhos; as crianças fracas
eram, quase sempre, punidas com morte; as feras devoravam homens vivos nos
espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso geral.
O suplício pelo qual Jesus passou na cruz dá novo ânimo aos seus
seguidores; estes começam a dedicar-se aos doentes e infortunados; instituem-se
casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o
espírito popular; ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor, a
fortaleza moral e a esperança; todos os seres humanos são tocados pela luz do
Mestre; uma nova mentalidade é implantada no planeta terra.
De acordo com o preceito evangélico, o que tiver recebido mais
conhecimento e não o tiver aplicado, será rudemente castigado; contrariamente,
aquele que recebeu menos conhecimento e não o tiver aplicado, será menos
castigado. É a noção de justiça. Como exigir daquele que não tem capacidade de
entender a boa nova? Para tanto, urge conhecer a vontade do Senhor,
consubstanciada na lei do amor, ensinada por Cristo.
Jesus quer nos chamar a atenção para a direção dos nossos olhos. Se
olharmos as coisas com segunda intenção, com maldade, com desconfiança, então
estaremos “pecando”. Por outro lado, quando ampliamos a nossa visão para as
coisas do espírito, vamos nos tornando cegos para a concupiscência, para o
erro, para o desvio com relação às Leis Naturais. É por isso que ele diz: “Se
fôsseis cegos não teríeis pecado”.
Antevendo toda a deturpação que sua doutrina sofreria ao longo do tempo,
Jesus falou-nos do Consolador Prometido, aquele que viria nos lembrar do que
houvéramos esquecido e nos trazer novos conhecimentos. O Espiritismo veio abrir
a nossa visão de mundo, para que pudéssemos enxergar além dos aspectos
puramente físicos, pois ensina-nos que o verdadeiro mundo não é este, mas o
mundo espiritual.
Caso tenhamos sido agraciados pelo Senhor da vida a respeito dos
conhecimentos espirituais, não os deixemos estagnados. Ao contrário,
passemo-los para os nossos irmãos, pois “Aquele que sabe e cala-se é como o
avarento que amealha tesouros”.