O "útil"
caracteriza-se pela intermediação, vale por tudo aquilo a que se dirige,
não por si mesmo. A criação e a renovação constante são seus atributos.
Constroem-se máquinas e equipamentos com a finalidade de aumentar produção
e produtividade. O produzir por produzir gera angústia, pois não se divisa o
"para que" produzir.
O "inútil",
em se tratando de um fim em si mesmo, caracteriza-se pela perfeição e pela
liberdade. Nesse sentido, a existência lúdica, a estética e a
especulação intelectual desinteressada tornam-se uma necessidade,
porque distanciam-nos dos aspectos práticos da vida. A contemplação de
uma boa música ou de uma obra de arte pode levar-nos ao êxtase.
O útil relaciona-se
ao progresso material; o inútil, ao progresso moral. Como podemos vê-los sob a
ótica espírita? Allan Kardec, ao tratar da Lei do Progresso, diz-nos que
os povos não podem ficar eternamente no estado natural. Afirma-nos,
ainda, que conforme as civilizações tornam-se complexas, o homem tem de
descobrir novos meios de produção, a fim de atender às suas
necessidades, que também se ampliam. Portanto, o útil, em si mesmo, não é
fator negativo.
Por outro lado,
esclarece-nos que devemos dosar progresso técnico e progresso
moral. É difícil os dois caminharem juntos. O progresso material vem à frente,
para desenvolver a inteligência. Esta, depois, terá condições de
escolher entre o bem e o mal. Optando pelo bem, sabe-se o que se
produz e para que finalidade. O produzir por produzir deixa de existir.
A Mente, refletida pelos postulados espíritas, cria condições de conduzir nossas ações para o meio-termo. Possuamos a máquina, mas não nos deixemos possuir por ela.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/%C3%BAtil-e-in%C3%BAtil