Vício é o
defeituoso, o que não atende à potência pela qual algo foi criado, o que se
desvia do bom caminho. Convencionou-se distinguir os vícios sociais (tabagismo,
toxicomania, alcoolismo...) dos vícios morais, que dizem respeito ao orgulho,
vaidade, egoísmo. Em todo o caso, a origem do vício está no pensamento, que dá
as diretrizes da ação.
Desde a
antiguidade, o vício é motivo de discussão. Job, no Velho Testamento, diz que
se torna necessário dirigir o coração para Deus e afastar da vida a iniquidade
e a injustiça, a fim de fugir aos vícios, tais como, a mentira, a fraude e o
adultério. Cristo, no Novo Testamento, diz que os vícios têm a sua raiz no
coração: os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios. A partir de 1930,
travou-se uma luta entre a medicina e a psicologia, no sentido de se definir o
vício como doença. A medicina contrapõe-se à tese de que o vício é um estado
condicionado, que pode ser descondicionado pelas técnicas psicológicas.
Presentemente, debatemo-nos com os vícios ilícitos, aqueles que promovem o
narcotráfico.
Em termos
filosóficos, Platão – na sua teoria das formas –, falava-nos que o vício é uma
ilusão. Para ele, o verdadeiro bem (virtude) está no mundo das ideias; o mal
(vício), no mundo das sombras. Desta forma, o mal (vício) não tem consistência
própria. Ele é simplesmente a ausência da virtude. Aristóteles desenvolveu a
teoria da mediedade, em que a virtude é a média justa. O vício é
tudo o que está além da média justa, tanto pelo excesso quanto pela falta.
Spinoza diz que o vício é submissão às causas externas, entre elas a paixão.
Dentre os
vícios sociais, o tabagismo é o mais letal, pois causa as
doenças do pulmão, principalmente o enfisema pulmonar. O crack,
a heroína e a morfina são também maléficos. A
diferença é que o fumo é uma droga livre e estas ilícitas, estimulando o
narcotráfico. A grande dificuldade dos que usam a droga é a dependência. Há
casos em que o comportamento do indivíduo se resume no consumo e na busca
dessas drogas.
A Doutrina Espírita
oferece-nos subsídios valiosos para refrearmos os nossos vícios. Primeiramente,
diz-nos que, na atualidade, a nossa virtude é o desenvolvimento intelectual;
nosso vício é a indiferença moral. Aponta o egoísmo como o mais radical dos
vícios, pois dele deriva todo o mal. Na pergunta 913 de O Livro dos
Espíritos, destaquemos a frase: “Quem nesta vida quiser se aproximar da
perfeição moral deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo, porque
é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as
outras qualidades”.
A Psicologia
informa-nos sobre a facilidade de adquirir o vício e a dificuldade de largá-lo.
Basta darmos o primeiro passo, que outros passos o seguirão. Se nos faltarem
orientações morais e religiosas, podemos sucumbir aos diversos vícios que
corroem a humanidade e impõem à sociedade pesados custos, quer seja de ordem
médica, quer seja de ordem jurídica, em que o Estado, que usa o nosso dinheiro,
é obrigado a gastar mais recursos com a construção de novos hospitais e prisões.
Em se tratando
dos vícios, combatamos a causa pela causa e não pelos efeitos. Somente quando
tomamos consciência do móvel que produz a ação é que podemos ter segurança na
eliminação do efeito. Na realidade, não somos nós que deixamos os vícios; são
eles que, desprovidos da nossa atração, deixam-nos.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/v%C3%ADcios
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De acordo com a
Pesquisa Especial de Tabagismo realizada pelo IBGE e pelo Ministério da Saúde,
entre 1989 e 2008 o percentual da população brasileira fumante com 15 anos ou
mais caiu de 32% para 17,2%. O estudo revela ainda que 52,1% dos fumantes
planejavam deixar o vício. Estima-se que o cigarro e outros derivados do tabaco
sejam responsáveis por cerca de 200 mil óbitos por ano no Brasil.
Embora a definição da
dependência pesada seja a do consumo diário de 20 cigarros ou mais, a verdade é
que o fumo ocasional é igualmente prejudicial à saúde. O fumo e seus derivados
possuem em média 4.700 substâncias tóxicas, das quais mais de 40
comprovadamente cancerígenas.
As chances de deixar
de fumar e não apresentar recaída aumentam quando se tem um acompanhamento
médico e psicológico. O tratamento da dependência envolve a adoção de uma ou
mais das três principais alternativas disponíveis: aconselhamento terapêutico
individual ou em grupos, terapia de reposição de nicotina e terapia com
medicamentos. (Extraído de Página Einstein em 10/05/2010.)
Eliminando-se as
drogas, elimina-se o problema?
De acordo com Jandira Masur, em O Que é Toxicomania, Coleção Primeiros Passos, 91, tenta-se resolver o
problema pelo tripé: agente,
hospedeiro e ambiente. No caso da tuberculose, o agente é
o bacilo de Koch, o hospedeiro é o homem. Dependendo do ambiente,
a tuberculose pode ou não manifestar-se. Eliminando-se o agente (bacilo
de Koch), resolve-se o problema. Teoricamente deveria funcionar também no caso
das drogas. Acontece que as drogas não são vírus nem bactérias. Assim, o homem
é ao mesmo tempo o hospedeiro e o
agente.