Amor — palavra polissêmica que nos leva a diversos significados. Entre
eles, encontramos a seguinte definição: é uma força tendente a aproximar e a
unir, numa relação particular, dois ou mais seres. É um sentimento que leva a
desejar o bem de outrem ou de alguma coisa. Ódio —
sentimento profundo de raiva ou rancor, que leva a desejar ou a causar o mal de
alguém. Aversão intensa, profunda, causada por medo, ofensa recebida.
"Amor-ódio" é um tipo de relação que
ainda precisamos para nos expressar. Amor e ódio opõem-se, mas não é uma
oposição radical, pois a intensidade de um (amor) pode transformar-se no outro
(ódio), e vice-versa.
Grosso modo, podemos dizer que há três tipos de
amor: amor egoísta (posse do bem amado), amor racional (amor
pelo uso da razão) e amor doação ou incondicional (aquele
ensinado por Jesus, no sentido de dar sem querer nada em troca). O amor
egoísta, por exemplo, é um misto de ódio e loucura, porque odeia e fere
quem busca aproximar-se de seu amor. Este sentimento tem a mesma intensidade
com relação à pessoa amada.
O ódio é classificado como sentimento
universal. Se não fosse, não haveria tantos massacres, tantas guerras,
tantas destruições. Segundo Spinoza, odiar é entristecer com.
Quando alguém se entristece com o outro “se esforça por afastar e destruir a
coisa pela qual tem ódio”. Segundo o Espiritismo, o “ódio é uma forma
defeituosa da manifestação do amor”; “é reação do primitivismo animal, instinto
em trânsito para a inteligência, que ainda não pôde superar as expressões dos
começos passados”; “todavia, na maior parte das vezes, o ódio é o gérmen do
amor que foi sufocado e desvirtuado por um coração sem Evangelho”. (1)
Para ilustrar essa nossa reflexão, lembremo-nos de
algumas frases sobre o ódio e o amor:
"O ódio é o prazer mais duradouro; / os homens
amam com pressa, mas odeiam com calma." (G. G. Byron)
"Dá-me sempre mais amor ou mais desprezo, / a
zona tórrida ou glacial." (Th. Carew)
"Odeio e amo. Talvez me perguntes por quê. /
Não sei. Sei apenas que é assim e que sofro." (Catulo, poeta latino
[87-54 a.C.])
"O ódio não cessa com o ódio em tempo algum, o
ódio cessa com o amor: esta é a lei eterna." (Dhammapada)
"A julgar o amor pela maior parte de seus
efeitos, ele se assemelha mais ao ódio do que à amizade." (F. La Rochefoucauld)
"Nada no mundo é mais doce do que o amor, / e
depois dele é o ódio a coisa mais doce." (H. W. Longfellow)
"Onde amor e ódio não concorrem ao jogo, o
jogo da mulher torna-se medíocre." (F. W. Nietzsche)
"Odiarei, se puder, caso contrário amarei,
contra a minha vontade." (Ovídio)
(1) EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A
a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
Compilação:
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Ao odiarmos alguém, estaremos derrotados por ele. Nessa afirmação, ecoa a sabedoria ancestral que reconhece a fragilidade inerente ao ódio. Quando permitimos que a raiva tome conta de nós, entregamos nosso poder àqueles que nos provocam, permitindo que eles influenciem nossa paz interior e bem-estar emocional.