"Nas pessoas de
capacidade limitada, a modéstia não passa de mera honestidade, mas em quem
possui grande talento, é hipocrisia." (Arthur Schopenhaeur)
Hipocrisia é
o vício que consiste em aparentar uma virtude ou um sentimento que não se
sentem. É, também, fingimento, falsidade, falsa devoção. A hipocrisia revela as
convicções inconsistentes do hipócrita. Os pontos de vista expressos dos
hipócritas entram em conflito com as convicções implícitas demonstradas por seu
comportamento.
Hipocrisia é ensinar o que não se sabe. Quando assim agirmos, caímos na frase lapidar de
Jesus: "Túmulos caiados por fora, guardando restos putrefatos e fétidos
por dentro". Hipócrita é aquele que ora querendo se sobressair ante os
defeitos dos outros. Em sua jornada terrena, Jesus não se cansou de criticar a
hipocrisia dos fariseus. Como prova de sua missão divina, apresenta-lhes a cura
de um cego de nascença e a ressurreição de Lázaro
A hipocrisia dos opositores serve para fortificar a
Doutrina Espírita. Em sua mensagem pós-túmulo, Allan Kardec lembra-nos da sua
convicção sobre os princípios fundamentais do Espiritismo. Tendo uma visão mais
acurada, acha que tanto a benevolência, a boa-vontade e o devotamento de
alguns, como a má-fé, a hipocrisia e as maldosas manobras dos
outros, servem para fortificar o edifício doutrinário. Ele afirma: "Nas
mãos das potestades superiores, que presidem a todos os progressos, as
resistências inconscientes ou simuladas, os ataques visando semear o descrédito
e o ridículo, se tornam elementos de elaboração".
Vários pensadores também tratam do tema hipocrisia.
Rousseau, em A Nova Heloísa (1761),
exalta o direito da paixão, mesmo quando ilegítima, contra a hipocrisia da
sociedade. A mentira seria um produto social. É romance filosófico que exalta a
pureza em luta contra uma ordem social corrompida e injusta.
Michel de Montaigne, em seus Ensaios - Da
Vaidade, procura visualizar a hipocrisia do ser, quando os filósofos
propõem regras que excedem a nossa prática e as nossas forças. Ele diz: “Vejo
frequentes vezes proporem-nos modelos de vida que nem quem os propõe nem os
seus auditores têm alguma esperança de seguir ou, o que é pior, desejo de o
fazer. Da mesma folha de papel onde acabou de escrever uma sentença de
condenação de um adultério, o juiz rasga um pedaço para enviar um bilhetinho
amoroso à mulher de um colega”.
La Rochefoucauld, em Reflexões, critica
a hipocrisia do conselho. Ele diz:
“Nada é mais hipócrita do que pedir ou dar conselhos. Quem pede, parece ter um respeito venerando pelos sentimentos do amigo a quem os pede, mas, no fundo, quer é fazer aprovar os sentimentos próprios e, assim, tornar o outro responsável pela sua conduta. Por outro lado, o que presta os conselhos retribui a confiança que lhe é dada, com um zelo ardente e desinteressado, apesar de, quase sempre, querer, através dos conselhos que dá, satisfazer os seus interesses ou a sua glória”.
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"A hipocrisia dos religiosos que 'desfiguram o rosto com o fim de parecerem aos homens que jejuam', tem feito maior mal ao homem do que todas as teorias materialistas reunidas!" (Capítulo 2 — "Aparência não Basta", de Jugo Leve, de Carlos A. Baccelli, pelo Espírito Inácio Ferreira [2012])