“Onde todos andam de rastros, ninguém tem coragem de andar a pé.”
(Ingenieros em El Hombre Medíocre)
“Psiquiatria Espírita” é o título do capítulo 7, do livro Ciência
Espírita e suas Implicações Terapêuticas, do Prof. José Herculano Pires.
O formando de Medicina que resolve especializar-se em Psiquiatria tem a
sensação de passar da realidade viva e concreta para o plano das abstrações e
suposições. Ou seja, das experiências com as aulas objetivas de Anatomia,
Fisiologia e Cirurgia, para as de ordem mental.
Para complementar esse pensamento, cita Descartes, que criticou a
Teologia, porque esta não lhe oferecia a veracidade das coisas. Passaria,
depois, a ensinar o que havia descoberto na experiência do mundo.
Mas qual é a principal dificuldade da Psiquiatria? Distinguir entre o
Espírito e o corpo.
Joseph Banks Rhine, botânico estadunidense, fundador da investigação científica na Parapsicologia como um ramo da Psicologia, diz que a Psicologia deixara de existir desde o momento em que abandonara o seu
objeto, que é a alma, para se dedicar ao estudo exclusivo do sujeito com o
meio.
Não obstante as dificuldades de colocar a alma em suas investigações, alguns
cientistas foram contra o status quo da ciência. O Prof. Wladimir Raikov, da Universidade de Moscou, dedicou-se,
como psiquiatra, à pesquisa do que chamou de reencarnações sugestivas. Além disso, há pesquisas da Universidade
de Kirov sobre o corpo bioplásmico.
Diante do complô materialista-religioso, que defende com unhas e dentes
as posições dogmáticas, surge a Psiquiatria Espírita, e isso em função da falta
de penetração mais profunda e eficaz no problema da alma e seu destino, ante as
restrições do materialismo.
A Psiquiatria Espírita tem as suas vantagens: é uma disciplina
rigorosamente científica, baseada em fatos e pesquisas mundiais de uma tradição
bissecular. Nesse caso, quando se rejeita Kardec acabam por aceitar Rasputin (1).
A Psiquiatria Espírita combate os abusos da Psiquiatria, como aqueles em
que o terapeuta fala que o tratamento é procurar um amante. Em se tratando das perversões sexuais, o Psiquiatra Espírita reconhece a legitimidade dos instintos
inferiores, provenientes de sua origem animal. Emprega os meios racionais de indução da mente aos
caminhos retos do controle sensorial.
(1) Rasputin foi uma
das figuras mais enigmáticas na gestão do último imperador da dinastia Romanov. Exercendo uma forte influência sobre o
czar Nicolau II e, principalmente sobre sua esposa, a
czarina Alexandra Feodorovna, o místico mujique é apontado por
alguns historiadores como o homem mais poderoso da Rússia
nos últimos anos da dinastia.
O seu nome de
nascimento (década de 1860) era Grigori Iefimovitch Novikh,
e foi apelidado de Rasputin,
possivelmente em decorrência de suas práticas sexuais na adolescência, já que o
nome tem a mesma raiz que a palavra raspoutny, que
significa depravação. Dentre suas práticas
místicas incluíam-se a participação nas reuniões dos khlysty, membros de uma
seita que unia religião e erotismo. Nos cultos realizados em igrejas
abandonadas, homens e mulheres se entregavam a danças, com vestes
transparentes, que acabavam quase sempre em transes e orgias.
A fama de assediar
as mulheres acompanhou Rasputin durante toda sua vida, chegando a ser apontada
como o motivo de aproximação com a czarina Alexandra. A afirmação não
pode ser comprovada, mas a sua influência tem origem nas curas que realizou
sobre Alexis, herdeiro de Nicolau II. Alexis era hemofílico,
e as orientações de Rasputin para tratamentos distintos dos dados pelos médicos
surtiam efeitos na melhora da criança. Tal situação proporcionou a ele grandes
poderes políticos delegados pela czarina, chegando a assinar e transmitir petições
de promoções e nomeações, além de, em alguns casos, nomear ministros.
A trajetória deste
camponês pobre siberiano, que depois de ter afirmado ter visto a Virgem Maria no campo e iniciado uma peregrinação por mais de dez meses, passando por
vários mosteiros, proporcionando um pequeno conhecimento da escrita e também de
práticas rituais religiosas, causou forte oposição dos nobres da corte do czar,
em decorrência do poder que exercia sobre a família real.
As ameaças de morte
eram constantes e não tardou para que se colocassem em prática as intenções de
acabar com Rasputin. Na noite de 29 para 30 de dezembro de 1916,
o místico caiu em uma armadilha criada pelo príncipe Félix Iussupov, auxiliado pelo grão-duque Dimitri Pavlovitch, o deputado Purichkevitch, o tenente Sukhotin e o médico Lazovert. Em uma suposta festa na casa do
príncipe, Rasputin sofreu algumas tentativas de
envenenamento que não foram capazes de matá-lo, sendo os
organizadores da ação homicida obrigados a alvejar de balas o mujique, e o
jogar nas gélidas águas do Rio Neva, em São Petersburgo.
Dois dias depois
encontraram o corpo mutilado e coberto de gelo, mas com as mãos erguidas, como
se estivesse tentando se soltar das cordas que o amarravam. A autópsia do corpo indicou a presença de água no pulmão,
que funcionou como um reforço à fama de místico, pois mesmo envenenado e
alvejado, a causa de sua morte havia sido o afogamento e
o frio.
Suas últimas
conversas com Nicolau II apontava para o perigo de desmoronamento da monarquia
russa com as consequências da participação na I Guerra Mundial,
e das disputas pelo poder existentes na corte. Meses após sua morte, a dinastia
dos Romanov foi derrubada na Rússia, iniciando a revolução que resultou na
formação da URSS. Seria
isso um sinal de profecia ou de análise social por parte de Rasputin?
Por Tales Pinto em: https://www.historiadomundo.com.br/russa/rasputin-o-monge-louco-da-russia.htm