Caridade é o amor a Deus e ao próximo. É uma virtude
cristã ao lado da fé e da esperança. Tem relação com a justiça, porque implica
exercer deveres e obrigações na sociedade. Nesse caso, regula o procedimento
moral do homem para com os outros seres e, especialmente, para com os outros
homens. É uma palavra muito ventilada no meio religioso. Convém não deixá-la
cair no lugar comum como sói acontecer com o termo Evangelho que, de tanto ser
usado, perdeu o sentido de boa nova trazida por Jesus Cristo.
De acordo com o cristianismo, Deus é o
pai, o Criador do universo. Em seguida, vem Jesus; posteriormente, toda a
humanidade. Como cada um de nós faz parte desta família universal, amar a Deus
não pode ser feito sem que amemos o nosso próximo. Observe que a definição de
caridade diz exatamente isso, ou seja, “amar a Deus e ao próximo”. Por essa
razão, percebemos que somente fazendo bem ao próximo é que podemos dizer que
amamos a Deus. Não bastam apenas pensamentos e palavras, temos que expressá-los
em atos.
Podemos dizer que a origem da caridade
está na vida e nos exemplos de Jesus Cristo. Antes de Jesus, os pais vendiam os
seus filhos, as mulheres eram tratadas como alimárias, os velhos eram
abandonados. Com a sua presença, um novo clarão apareceu, pois os seus exemplos
de obediência ao Pai mudaram a mentalidade da humanidade. O Espirito Emmanuel,
no capítulo 16, de Roteiro, psicografado por Francisco Candido
Xavier, diz: “O Mestre não se limita a ensinar o bem. Desce ao convívio da
multidão e materializa-o com o próprio esforço. Cura os doentes na via pública,
sem cerimônia, e ajuda a milhares de ouvintes, amparando-os na solução dos mais
complicados problemas de natureza moral, sem valer-se das etiquetas de culto
externo”.
A caridade pode ser vista de diversas
formas: material (doação de alimentos, dinheiro, roupas, remédios); espiritual
(esquecimento da ofensa, audição de uma reprimenda, silêncio ante o
interlocutor perturbado). Todas elas, porém, devem convergir para o aspecto
moral, que é o esforço de suplantar uma limitação, uma falha de conduta. Não
devemos analisar a caridade somente pela lado material, pois podemos incorrer
em erros, visto que a caridade, como já vimos, tem íntima relação com a
justiça, no sentido de regular o procedimento moral do homem para consigo mesmo
e para com os seus semelhantes.
A esmola, uma das formas de caridade,
faz parte da tradição cristã. Vendo uma pessoa estendendo a sua mão, tiramos
uma moeda do bolso e lhe damos. Este dinheiro é útil porque pode aliviar a sua
fome. A doação de roupas, alimentos e remédios é também meritória, porque pode
satisfazer uma necessidade do próximo. Devemos, contudo, tomar cuidado para que
essas ações não aumentem o nosso amor-próprio, dificultando a nossa caminhada
espiritual.
Suprir alguém com dinheiro, roupas e
alimentos não é tarefa complicada; basta que tenhamos de sobra. Doar tempo em benefício
do próximo, com o esquecimento do “eu” já exige abnegação. Quantas não são as
vezes que nos requisitam para uma atividade caritativa e alegamos que temos
outra coisa para fazer? A verdadeira caridade implica o sacrifício total da
liberdade humana. Tal qual Jesus se sacrificou na cruz, o mesmo deveríamos
fazer em nossos dias. Há um grande mérito em saber calar para deixar falar um
mais tolo; saber ser surdo quando uma palavra de zombaria escapa da boca
escarnecedora.
O Espírito Néio Lúcio, no capitulo 20,
de Jesus no Lar, psicografado por Francisco Cândido Xavier, relata
a história de um indivíduo, pai de família, que tencionava praticar caridade,
mas não tinha dinheiro. Contudo, em sua jornada terrestre auxiliava
prazerosamente a quantos se achavam em sofrimento e dificuldade. Procurava
sempre extinguir os pensamentos inferiores. Recolhia até detritos da rua para
não prejudicar os transeuntes. Desencarnou. Estava com medo dos juízes, mas foi
aureolado com um brilhante diadema.
Recordando os avisos espirituais, podemos dizer que a caridade se faz de diversas maneiras, ou seja, por pensamentos, palavras e atos. Saibamos, assim, pensar bem para que as nossas palavras sejam sãs, a fim de possam ser transformadas em atos puros de bondade na sociedade.