O dístico de abertura da Revista
Espírita (1858-1869) é: Todo efeito
tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O
poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.
Trechos sobre o efeito inteligente na Revista Espírita:
Janeiro de 1859: À
S. A. o príncipe G.
“Se todo
efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente.
Quando vemos o braço do telégrafo produzir sinais que correspondem ao
pensamento, não concluímos que ele seja inteligente, mas sim que é movido por
uma inteligência. Dá-se o mesmo com os fenômenos espíritas. Se a inteligência
que os produz não é a nossa, evidentemente encontra-se fora de nós”.
Março de 1860: Manifestações Físicas Espontâneas — O
padeiro de Dieppe
“Dizemos
mais: O verdadeiro e, por assim dizer, único sinal de intervenção dos Espíritos
é o caráter intencional e inteligente do efeito produzido, quando a
impossibilidade de uma intervenção humana esteja perfeitamente demonstrada.
Nessas condições, raciocinando conforme o axioma de que todo efeito tem uma
causa, e que todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente, torna-se
evidente que, se a causa não estiver nos agentes ordinários dos efeitos
materiais, estará fora desses mesmos agentes; que se a inteligência que age não
for humana, é preciso que se encontre fora da Humanidade. Haverá, então,
inteligências extra-humanas? Isso parece provável. Se certas coisas não são e
não podem ser obra dos homens, devem ser obra de alguém. Ora, se esse alguém
não for um homem, parece que, necessariamente, deve estar fora da Humanidade;
se não o vemos deve ser invisível. É um raciocínio tão peremptório e de tão
fácil compreensão quanto o do Sr. de La Palisse”.
Maio de 1863: Estudo sobre os Possessos de Morzine — Quinto
e Último Artigo
CAUSAS DA
OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATÊ-LA
“Aqui o
Espiritismo nos oferece uma comparação admirável. No começo das manifestações,
quando se viam as mesas girando, batendo, endireitando-se e se erguendo no
espaço sem ponto de apoio, o primeiro pensamento foi que se devesse à ação da
eletricidade, do magnetismo ou de um fluido desconhecido. Esta suposição nada
tinha de desarrazoado; ao contrário: oferecia toda probabilidade. Mas quando se
viu que esses movimentos davam sinais de inteligência, manifestavam uma vontade
própria, espontânea e independente, a primeira hipótese teve de ser abandonada
porque não resolvia esta fase do fenômeno, sendo necessário que se
reconhecesse, no efeito inteligente, uma causa inteligente. Qual era essa
inteligência? É ainda pela via da experimentação que a ela se chegou, e não por
um sistema preconcebido”.
Fevereiro de 1867: Livre-Pensamento e Livre-Consciência
“Falamos
da força de gravitação, desta força que rege o Universo, desde o grão de areia
até os mundos. Mas, quem a viu? Quem a pôde seguir e analisar? Em que consiste?
Qual a sua natureza, sua causa primeira? Ninguém o sabe e, contudo, ninguém
hoje dela duvida. Como reconheceram? Por seus efeitos; dos efeitos concluíram a
causa. Fez-se mais: calculando a força dos efeitos, calculou-se a força da
causa, que jamais foi vista. Dá-se o mesmo com Deus e a vida espiritual, que
também se julga por seus efeitos, conforme o axioma: “Todo efeito tem uma
causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa
inteligente está na razão da grandeza do efeito.” Crer em Deus e na vida
espiritual não é, pois, uma crença puramente gratuita, mas o resultado de
observações, tão positivas quanto as que fizeram crer na força da gravitação”.
Junho 1869: Pedra Tumular do Sr. Allan Kardec
“O homem era a simplicidade encarnada; e se a Doutrina é, ela
própria, simples como tudo quanto é verdadeiro, é tão indestrutível quanto as
leis eternas sobre as quais repousa.
O monumento se comporia pois, de
duas pedras eretas de granito bruto, encimadas por uma terceira, repousando um
pouco obliquamente sobre as duas primeiras, numa palavra, de um dólmen. Na face
inferior da pedra superior seria gravado simplesmente o nome de Allan Kardec,
com esta epígrafe: Todo
efeito tem uma causa; todo efeito inteligente tem uma causa inteligente; o
poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.
Esta proposição, acolhida por
sinais unânimes de assentimento dos membros da Sociedade de Paris, nos pareceu
que devia ser levada ao conhecimento dos nossos leitores. Não sendo o monumento
apenas a representação dos sentimentos da Sociedade de Paris, mas dos espíritas
em geral, cada um devia ser posto em condições de apreciá-lo e para ele
concorrer”.
Junho de 1869: Correspondência
“Nosso bem-amado mestre há muito nos ensinou a compreender isto,
pois que nos disse, pela epígrafe da Revista “Todo efeito tem uma causa; todo efeito inteligente tem uma
causa inteligente; o poder da causa inteligente está na razão da grandeza do
efeito.” Sua morte, nas circunstâncias que a precederam e seguiram,
contribuirá, estamos certos, para impor silêncio aos caluniadores, surpreender
os ignorantes e levar os retardatários do mundo civilizado a estudar, ver,
compreender e progredir”.