Liberdade. Do inglês freedon, refere-se
ao princípio interno de escolha e de ação; do inglês liberty,
refere-se à ausência de coação externa. Igualdade. Na ética e
na política, há igualdade quando os direitos e os deveres, as prescrições e
as penas são iguais para todos os cidadãos. Fraternidade.
Etimologicamente, significa "irmandade" ou "conjunto de
irmãos". Em sentido estrito, exprime simplesmente o sentimento de afeição
recíproca entre irmãos. Em termos práticos, devotamento, abnegação, tolerância,
benevolência.
O slogan “liberdade,
igualdade, fraternidade” é a divisa do Estado francês, adotada em 1793, como
expressão dos princípios da Revolução Francesa. A sustentação dessa noção teve
altos e baixos. Em 1814, depois da queda de Napoleão, a divisa deixou de ser
adotada, voltou a sê-lo em 1848-1851, para de novo deixar de o ser durante o II
Império, e renascer em 1875, sofrendo novo apagamento de 1940 a 1944.
A fraternidade é um ideal, uma meta a
atingir como o objetivo supremo da humanidade. Acontece que a base do
pensamento individualista está em considerar que o homem é lobo do homem. Daí a
competição e o triunfo dos mais aptos. Do outro lado, temos a luta de classe
marxista, que em vez do indivíduo é uma classe que joga contra a outra. A
fraternidade, que é considerar todos como irmãos, fica deslocada na sociedade.
O egoísmo e o orgulho são
os dois grandes obstáculos para a realização do ideal deste slogan.
Enquanto a fraternidade diz: “um por todos e todos por um”, o egoísmo
diz: “Cada um por si”. O orgulho quer que todos estejam sob seu mando, sua
tutela. Resumindo: o egoísmo quer tudo para si; o orgulho quer tudo
dominar. Como dariam mão à liberdade que os destronaria?
A liberdade e a igualdade dependem da
fraternidade. A liberdade sem fraternidade é rédea solta; com a fraternidade,
conduz à ordem. A igualdade sem a fraternidade conduz aos mesmos resultados,
pois o pequeno rebaixa o grande para lhe tomar o lugar. Depois, torna-se tirano
por sua vez. O ideal evangélico é o único que pode cercear o egoísmo e o
orgulho.
A fraternidade, a luta serena da
implantação do ideal evangélico, é o fundamento básico, pois todo aquele que
entrar em contato com os ensinamentos de Cristo, saberá defender a doutrina do
Mestre para se tornar um verdadeiro cristão.
Fonte
de Consulta
KARDEC, A. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 15.ed., Rio de Janeiro: FEB, 1975.
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A harmonia entre nações que estão divididas em grupos maiores ou menores não depende da quimérica ideia de igualdade, mas da fraternidade, um conceito historicamente muito anterior, já que está imensamente arraigado no sentimento dos homens. O antigo sentimento de fraternidade traz consigo obrigações que a igualdade desconhece. Ele demanda respeito e proteção, pois é sinônimo de status na família, e a família é hierárquica por natureza. A fraternidade exige que tenhamos paciência com o irmão mais novo e pode exigir duramente que o irmão mais velho cumpra seu dever. Ela coloca as pessoas em uma rede de sentimentos, e não de direitos — esse hortus siccus vaidade moderna. (Capítulo 2 — "Distinção e Hierarquia", de As Ideias têm Consequências, de Richard M. Weaver)