23 dezembro 2015
Realeza de Jesus
18 novembro 2015
Dúvida
Dúvida. É um estado de ânimo que caracteriza a indecisão, a
indeterminação, a incerteza entre duas ou mais responsabilidades. Há grande
dificuldade em conceituar a dúvida, pois esta palavra nos remete a uma série de
étimos, os quais podem significar: duplo, ambíguo, descrença, desconfiança,
hesitação etc. Há, também, o aspecto problemático, enigmático e misterioso da
dúvida.
A dúvida pode ser teórica, existencial, positiva e
negativa. Como distinguir a dúvida teórica da existencial? Diante de
uma verdade especulativa, a dúvida se torna teórica. Diante da
impossibilidade de nos ligarmos a alguém confiantemente, a dúvida se
torna existencial. A dúvida teórica impede a certeza; a
dúvida existencial, a fé. A dúvida é negativa quando
deixa a alma insegura e angustiosa. É positiva, quando representa o
ponto de partida para as descobertas cientificas e filosóficas.
No pensamento antigo, confiava-se mais nas evidências imediatas
oferecidas pelos sentidos e pela razão. Os primeiros filósofos apregoavam a
admiração e o espanto pela harmonia do cosmos. Em se tratando do Velho
Testamento, logo no começo, a Bíblia cita o pecado original,
uma espécie de desconfiança do ser humano em relação a Deus. Adão e Eva tratam
Deus como seu rival. Por isso, a tentação, a desobediência.
No Novo Testamento, há também muitas dúvidas dos
apóstolos em relação a Jesus. No início, a dúvida era positiva, pois assim se
expressavam em relação a Jesus: "Que homem é este que opera tantos
milagres?" Depois, principalmente na Paixão de Cristo, duvidam de seus
ensinamentos. Pedro o nega por três vezes.
A dúvida na ciência e na filosofia. Descartes
(1596-1650) foi o precursor da dúvida metódica: colocava entre parênteses todo
o seu saber até encontrar bases sólidas sobre as quais assentá-lo. Marx (1818–1883)
colocou em dúvida as ideologias existentes e propôs a luta de classes.
Nietzsche (1844-1900) suspeitava das "verdades morais": por detrás
delas havia o medo da vida, a inveja pelos poderosos. Freud (1856-1939) analisa
a dúvida através dos processos libidinosos do subconsciente: nossas ações
refletem um disfarce dos recalques ali armazenados.
Presentemente, o meio dificulta a fé religiosa. O pragmatismo da
vida moderna, a luta pela sobrevivência e anelo de posse afastam o ser humano
da vivência plena do Evangelho de Jesus. Há, também, a influência dos maus
exemplos dos cristãos mais velhos.
Lembremo-nos de que a fé cristã sempre foi uma luta contra a
dúvida que nasce do coração. É por esta razão que Allan Kardec, em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, insiste para que todo o cristão faça uso
da fé raciocinada, que é a única que pode encarar a razão, face a face, em
todas as épocas da humanidade.
Fonte de Consulta
IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.
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Heresias
E até que importa que haja entre vós heresias, para que o que são
sinceros se manifestem entre vós — Paulo (I Coríntios, 11,19)
"Recebamos os hereges com simpatia, falem livremente os
materialistas, ninguém se insurja contra os que duvidam, que os descrentes
possuam tribunais e vozes". (Caminho Verdade e Vida, cap. 36)
Amas o bastante
Perguntou-lhe terceira vez — Simão, filho de Jonas, amas-me? (João, 21,17)
Não era suspeita de Jesus. Jesus iria confiar a Pedro o ministério
da cooperação nos serviços redentores. "O pescador de Cafarnaum ia
contribuir na elevação de seus tutelados no mundo, ia apostolizar, alcançando
valores novos para a vida eterna". (Caminho Verdade e Vida,
cap. 97)
Não Duvides
"...O que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada
pelo vento e lançada de uma para outra parte." — Tiago. (Tiago, 1:6).
Em teus atos de fé e esperança, não permitas que a dúvida se
interponha, como sombra, entre a tua necessidade e o poder do Senhor.
A força coagulante de teus pensamentos, nas realizações que
empreendes, procede de ti mesmo, das entranhas de tua alma, porque somente
aquele que confia consegue perseverar no levantamento dos degraus que o
conduzirão à altura que deseja atingir.
A dúvida, no plano externo, pode auxiliar a experimentação, nesse
ou naquele setor do progresso material, mas a hesitação no mundo íntimo é o
dissolvente de nossas melhores energias.
Quem duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si mesmo.
Ninguém pode ajudar àquele que se desajuda.
Compreendendo o impositivo de confiança que deve nortear-nos para
a frente, insistamos no bem, procurando-o com todas as possibilidades ao nosso.
alcance.
Abandonemos a pressa e olvidemos o desânimo.
Não importa que a nossa conquista surja triunfante hoje ou amanhã.
Vale trabalhar e fazer o melhor que pudermos, aqui e agora, porque a vida se
incumbe de trazer-nos aquilo que buscamos.
Avançar sem vacilações, amando, aprendendo e servindo
infatigavelmente — eis a fórmula de caminhar com êxito, ao encontro de nossa
vitória. E, nessa peregrinação incansável, não nos esqueçamos de que a dúvida
será sempre o frio do derrotismo a inclinar-nos para a negação e para a morte.
Fonte Viva, capítulo 165 (Espírito Emmanuel, psicografia de
Francisco Cândido Xavier)
30 outubro 2015
Mártir
Mártir. Do grego martys, "testemunha". Pode
tratar-se de um testemunho no plano histórico, jurídico ou religioso. Um
"mártir" é alguém que é morto injustamente por aquilo em que
acredita. Por extensão, pessoa que sofre extremamente ou morre por uma causa.
Figuradamente, todo e qualquer gênero de sofrimento corporal ou moral.
Martírio. Sofrimento e morte suportados por fiéis à fé. Morte ou tormentos
sofridos pela religião cristã: a palma do martírio; o martírio de
Cristo. Martirológico diz respeito à história dos mártires. Martirológio,
ou seja, louvor dos mártires, significa a lista dos mártires com as datas das
suas mortes. Por extensão, catálogo de vítimas.
Nos três primeiros séculos da
era cristã, os martírios foram numerosos. Na época do imperador Diocleciano,
por exemplo, havia a "era dos Mártires", mencionando a grande
quantidade de vítimas ocorrida entre 303 e 313.
Jesus é o protótipo do
mártir. Pela voluntariedade do seu sacrifício, deu o testemunho supremo da
sua fidelidade à missão que o Pai lhe confiou. Dizia: "Eu nasci e vim ao
mundo para dar testemunho da verdade" (cf. Ap 1,5; 3,14).
O evangelista Lucas sublinha,
na Paixão de Jesus, os traços definidores do mártir. Conforto da graça
divina na hora da angústia (Lc 22,43); silêncio e paciência diante das acusações
e dos ultrajes (23,9); inocência reconhecida por Pilatos e Herodes (23,4);
esquecimento dos próprios sofrimentos (23,28); acolhida prestada ao ladrão
arrependido (23,43); perdão dado a Pedro (22,61) e aos próprios perseguidores
(22,51; 23,34).
Observe que não somente Cristo
fora tratado como mártir. A morte de Sócrates também foi vista como um
martírio. Por quê? Para a Igreja cristã, como Jesus era o Verbo, Sócrates
fora uma espécie de cristão pré-cristianismo.
Os mártires do
Espiritismo. Na religião, o martírio liga-se ao derramamento de sangue.
Como o Espiritismo não é uma religião, não há necessidade desse derramamento.
Na "Revista Espírita" (abril de 1862), Allan Kardec diz que os
mártires do Espiritismo encontram-se naqueles que lutam pela ideia nova; são
chamados de loucos, insensatos, visionários. Acrescenta: "O
progresso do tempo trocou as torturas físicas pelo martírio da concepção e do
parto cerebral das ideias que, filhas do passado, serão mães do
futuro".
Fonte de
Consulta
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA
E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].
LEMAÎTRE, Nicole, QUINSON,
Marie-Thérèse e SOT, Véronique. Dicionário Cultural do Cristianismo.
Tradução de Gilmar Saint'Clair Ribeiro, Maria Stela Gonçalves e Yvone Maria de
Campos Teixeira da Silva. São Paulo: Loyola, 1999.
LEON-DUFOUR, X. et al. Vocabulário
de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro: Vozes, 1972.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/m%C3%A1rtir
28 outubro 2015
Inveja
"A inveja é uma
víbora que espreita a sua futura vítima a todos os instantes, até encontrar
ensejo favorável de inocular-lhe o seu vírus letal."
Inveja. Vem do latim invidia,
vontade de não ver, despeito, inveja. Era também o nome de uma deusa do mal,
filha da Noite. Consiste na tristeza pelo bem ou alegria pelo mal alheios
como se fossem obstáculos ao progresso pessoal de um determinado sujeito. (1)
Nos chamados pecados
capitais (gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e vaidade), o
jornalista Zuenir Ventura apontou a inveja como o pior dos vícios. A
inveja distingue-se da "emulação" e da "indignação". A
inveja é um sentimento de desgosto pelo êxito do próximo. A emulação é almejar
o êxito do outro, mas com esforço de suplantá-lo. Indignação é a tristeza pela
injustiça da posse do bem alheio.
A psicologia
explica-nos que há emoções primárias (alegria, medo...), emoções
ligadas à estimulação sensorial (dor, repugnância...), emoções
ligadas à auto-estima (culpa, remorso...) e emoções ligadas a
outras pessoas (amor, ciúme, inveja, ódio). Isto quer dizer que a
caracterização da inveja necessita de outras pessoas. Para Freud, a inveja
é explicada através do Complexo de Édipo: o garoto sente inveja do pai; a
garota, da mãe.
Para o invejoso e o
ciumento não existe repouso: sofrem ambos de uma febre incessante. As
posses alheias lhes causam insônias; os sucessos dos rivais lhes provocam
vertigens; seu único interesse é o de eclipsar os outros; toda a sua alegria
consiste em provocar, nos insensatos como eles, a cólera do ciúme. (2)
“A inveja é uma das
mais feias e tristes misérias do vosso globo. A caridade e a constante emissão
da fé extirparão todos esses males, que desaparecerão, um a um, à medida que se
multiplicarem os homens de boa vontade que virão depois de vós." (3)
Remédios para a
inveja: Reflexão sobre Deus, Pai amoroso e misericordioso, que distribui a cada
um de seus filhos os meios necessários para a sua evolução espiritual.
Fonte de Consulta
(1)
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura.
(2) KARDEC,
Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
(3) São
Luís, Revista Espírita, julho de 1858 - A inveja.
23 setembro 2015
Transtornos Mentais
Não importa a definição
de transtornos mentais: o que está em jogo é a angústia para a
pessoa e as pessoas que estão ao seu derredor.
Transtornar é modificar a ordem, atrapalhar. Transtorno é a
situação que causa incômodo a outrem; contratempo, contrariedade. Transtornos
mentais são síndromes ou padrões comportamentais ou psicológicos
clinicamente importantes, que ocorrem num indivíduo e que estão associados a
sofrimento, morte, doença etc.
Os transtornos mentais têm a
sua história. Uma das primeiras teorias supunha que a pessoa afetada estava
possuída por espíritos maus. Para lidar com o problema usavam diversas
estratégias, como por exemplo, fazer furos no crânio do indivíduo para expulsar
os demônios. Na Idade Média, concebeu-se os transtornos mentais como doença
física (em função da paralisia). Com Freud e seus seguidores, na
época moderna, os transtornos mentais resultam das experiências da
infância do sujeito. Outros acham que o transtorno é fruto de aprendizagem
mal-adaptativa.
Dentre os vários tópicos
relacionados com este assunto, citemos: 1) A psicopatologia que
tem a incumbência de estudar um comportamento anormal; 2) transtorno
bipolar - caracterizado pela alternância de estados maníacos e
depressivos; 3) a esquizofrenia - conjunto de psicoses
endógenas; 4) maníaco - que ou aquele que revela sintomas de
mania.
No estudo dos
transtornos mentais, a esquizofrenia é a mais séria. As
pessoas com esse transtorno sofrem perturbações em todos os aspectos da vida,
incluindo seu pensamento, suas emoções e seus relacionamentos sociais. A
sintomatologia é variada como delírios persecutórios e alucinações. O transtorno
obsessivo-compulsivo não fica atrás. São as situações extremas dos pensamentos indesejados e inoportunos
pelas quais as pessoas passam e não têm condições de administrar sozinhas esse
mal-estar.
Os médicos espíritas, baseados
nos fundamentos da Doutrina Espírita, enveredam por um caminho diferente do da
medicina convencional. Para Andrei Moreira, presidente
da Associação Mineira de Médicos Espíritas, o "transtorno mental é um
resquício do passado". Para os médicos espíritas, a depressão atinge
aqueles espíritos rebeldes, que não estão satisfeitos com a vida que Deus lhes
deu.
Em se tratando de um Centro
Espírita, parece-nos importante separar o problema estritamente físico e
psicológico das influências espirituais - obsessão, subjugação. O atendente do Centro Espírita deve enfatizar que a
assistência espiritual (passes) não dispensa o tratamento médico.
Fonte de
Consulta
GLEITMAN, H., REISBERG, D. e
GROSS, J. Psicologia. Tradução de Ronaldo Cataldo Costa. 7.ed., Porto Alegre: Artmed, 2009
O Livro da
Psicologia. Tradução Clara M. Hermeto e Ana Luisa
Martins. São Paulo: Globo, 2012.
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Transtornos Mentais na Infância e na Adolescência é o título do livro de Walter Oliveira Alves, de 2018, editado
pela Ide.
Algumas Notas
Ao lado dos aspectos biológicos, neuropsicológicos, sociais, ambientais
e dos mecanismos genéticos envolvidos nos transtornos mentais comuns na
infância e na adolescência, lembra-nos, também, da contribuição da Doutrina
Espírita, ou seja, da relevância do aspecto espiritual da vida para o
enfrentamento dos problemas mentais.
Na Parte I, trata do estudo das enfermidades da mente, do conhecimento
de si mesmo, da reencarnação, da participação das emoções, da energia criadora,
entre outros. Na Parte II, analisa os tipos de transtornos mentais, tais como,
esquizofrenia, epilepsia, depressão, transtornos diversos, personalidade
psicopata, entre outros. Ao final, discorre sobre evolução, cura e terapia da
alma.
O livro começa citando os diversos estudiosos da enfermidade da mente
humana. Eis alguns nomes: Philippe Pinel (1745-1826), Franz Anton Mesmer
(1734-1815), William Cullen (1710-1790), Jean-Martin Charcot (1825-1893),
Pierre Janet (1859-1947)... Freud, Adler, Jung...
Todos os temas são analisados segundo os princípios básico das
psicologia espírita, princípios esses extraídos das obras de Allan Kardec e dos
livros de André Luiz, psicografados por Francisco Cândido Xavier. Há, também,
referência aos Espíritos Manoel Philomeno de Miranda e Joana de Ângelis, na
psicografia de Divaldo Pereira Franco.
Para exemplificar, anotamos o caso de epilepsia, transcrito do
livro No Mundo Maior e se encontra à página 102 deste livro do
Sr. Alves.
“Na obra No Mundo Maior, de André Luiz, o Espírito
Calderaro cita o caso de Marcelo que sofre de epilepsia, mas está alcançando
melhoras consideráveis através da mudança interior, fruto do ambiente familiar
dado à prece e ao estudo do Evangelho no Lar.
Calderaro localiza a causa da enfermidade em existências anteriores,
quando o enfermo “exerceu enorme poder de que não soube usar em sentido
construtivo”. “Portador de vários títulos honoríficos, muita vez o
esqueceu, precipitando-se na vala comum dos caprichos criminosos. Impôs-se pelo
absolutismo, e intensificou a lavra de espinhos que o dilacerariam mais tarde”.
Após sua desencarnação, os inimigos em massa o retiveram por longo tempo
na regiões inferiores, seviciando-lhe a organização espiritual".
Em linhas gerais, este livro dá ênfase ao dístico da antiguidade:
“conhece a ti mesmo”.
16 setembro 2015
Medo
Medo vem do latim metu, medo, causador de cuidados, vocábulo que está também na raiz de médico, remédio, remediar, irremediável. O medo é um temor, surto violento, grande inquietação em presença de um perigo real ou imaginário. O medo difere da angústia. No medo, o fenômeno psicológico ameaçador do perigo é identificável; na angústia, não.
02 setembro 2015
Eutanásia
Há dois tipos de eutanásia: ativa (ou positiva) e passiva (ou negativa). É negativa quando se priva o doente dos medicamentos necessários à sua saúde. É positiva quando se dá remédio para apressar a morte do paciente.
25 agosto 2015
Remorso e Arrependimento
O remorso tem a sua utilidade: faz o Espírito culpado compreender a
gravidade de suas faltas.
Remorso. Do lat. remorsus, particípio passado de remordere,
tornar a morder, significa inquietação, abatimento da consciência que percebe
ter cometido uma falta, um erro. Em termos teológicos e morais, é o estado de
pena interior depois de ter cometido um ato de violação à ordem moral. Arrependimento.
Sentimento de pesar causado por violação de uma lei ou de uma conduta moral:
resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras
violações.
Embora associados, remorso e arrependimento têm significados
diferentes. O remorso é um sentimento e o arrependimento uma vontade: é a
consciência dolorosa de uma falta passada, somada à vontade de evitá-la daí em
diante e, se possível, repará-la. Em termos espíritas, o remorso é o
prelúdio do castigo, enquanto o arrependimento, a caridade e a fé nos conduzirão
à felicidade.
Allan Kardec, na Revista Espírita de 1858, publica um
diálogo feito com o ASSASSINO LEMAIRE, condenado à pena última pelo júri
de Aisne, e executado a 31 de dezembro de 1857. Foi evocado em 29 de janeiro de
1858. Nas suas 41 respostas, anotamos duas pertinentes ao nosso tema: 1)
"Eu estava imerso numa grande perturbação"; 2) "Um sofrimento
intolerável, uma espécie de remorso pungente, cuja causa ignorava".
O remorso é consequência de algo, algo que poderia ser apontado como
a verdadeira chaga da sociedade, ou seja, a incredulidade.
A incredulidade, não resta dúvida, é a causa de todas as desordens. A negação
do princípio espiritual, a crença no nada depois da morte e as ideias
materialistas preconizadas pelos homens influentes infiltram-se nas mentes dos
jovens e sugam-lhes o ímpeto para devassar o invisível.
Remorso tem ligação com nossas escolhas e a consciência. A
consciência produz dois efeitos diferentes: a satisfação de ter agido bem, a
paz que deixa a consciência do dever cumprido, e o remorso que penetra e
tortura quando se praticou uma ação reprovada por Deus, pelos homens ou pela
honra. As nossas escolhas pertencem ao nosso livre-arbítrio. Se optarmos
pelo bem, teremos, como consequência, mais liberdade; pelo mal, menos liberdade.
A razão é simples: o bem livra o nosso Espírito do remorso, do arrependimento;
o mal requer que refaçamos o erro cometido.
A pena do remorso não é eterna. De acordo com o Espiritismo, o
prazo da expiação está subordinado ao melhoramento do culpado. Os trinta e três
itens do código da vida futura podem ser resumidos em: arrependimento,
expiação e reparação, ou seja, apagar os traços de uma falta e suas
consequências. Nesse sentido, o arrependimento por si só não é suficiente;
ele apenas prepara e suaviza a expiação. Uma ação má é um desvio com relação à
Lei Natural; a sua consequência é a dor e o sofrimento.
Em síntese: ante uma falta grave, exercitemos o arrependimento e a expiação. Depois, metamos mãos à obra para reparar o que de errado fizemos.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/remorso-e-arrependimento
&&&
— É fenômeno comum — elucidou o
Assistente. As faculdades mentais de nossa irmã sofredora estagnaram-se no
remorso, em razão do delito máximo de sua existência última, e, desde que foi mais
intensamente tocada pelas reflexões da morte, entregou-se, de modo total, a
semelhantes reminiscências. Por haver cultivado a fé católica romana,
imagina-se ainda diante do sacerdote, acusando-se pela falta que lhe maculou a
vida... (Capítulo 4
22 agosto 2015
Remorso: Notas Extraídas da Revista Espírita
28 julho 2015
Poder da Fé
A fé é um sentimento inato nos seres humanos. Podemos vê-la sob o ponto
de vista humano e divino. A fé humana diz respeito à confiança da pessoa consigo
mesma e dela para com os outros; a fé divina está afeita à religião, à
revelação. A fé humana é fundamentalmente a confiança que se tem no
outro. Observe a assertiva: "por esta pessoa eu ponho a minha mão no
fogo". Quer dizer, depositamos total confiança no outro, pois a sua
conduta ao longo do tempo propiciou-nos elementos para uma boa avaliação de seu
modo de ser. É possível que ele, no futuro, nos contrarie mas, até o presente
momento, esta é a nossa adesão fiduciária.
A adesão fiduciária é digna de nota. Fiduciário
significa que algo ou alguém inspira confiança. A confiança tem muito a ver com
o que irá acontecer (futuro), pois a fé caracteriza algo que ainda não ocorreu.
Se já tivesse ocorrido, seria um fato e não uma perspectiva. Daí a sua relação intrínseca com
a esperança. Fé e esperança, porém, necessitam de um terceiro elemento, ou
seja, o amor (caridade), para fundamentar as virtudes teologais da Igreja.
Discutamos o termo "fé"; não nos esqueçamos, porém, da esperança e da
caridade.
O futuro é incerto. Muitos até dizem que o futuro a Deus pertence. A fé
é o elemento transcendental que dá confiança de que o impossível se torne
possível. A Doutrina Espírita, que nos descortina a vida futura, fornece-nos
elementos substanciais para o fortalecimento do poder da fé. Vejamos: a fé na
sobrevivência da alma dá força e resignação ante as tribulações da vida. A
capacidade de olhar do topo de uma montanha não só valida a presciência como
também dá força à resignação, pois os problemas terrenos se tornam pequenos
quando vistos do alto.
O poder da fé tem relação com os "milagres" praticados por
Jesus. Depois de curar, Jesus dizia: "tua fé te curou". Como entender
essa colocação? Jesus não derrogou as leis da natureza; ele simplesmente
aplicava o seu vasto conhecimento que tinha sobre a manipulação dos fluidos.
Nesse sentido, todos nós temos esse poder de cura porque podemos acionar o
nosso magnetismo em prol de algum necessitado. Os Centros Espíritas têm um
papel fundamental na formação de médiuns de cura.
Por que algumas pessoas são curadas e outras não? Na época de Jesus, os
apóstolos fizeram uma questão semelhante: por que o mestre cura e nós não?
Jesus responde: por causa da sua pouca fé. Presentemente, com as instruções dos
Espíritos podemos acrescentar um dado valioso: o merecimento. Uma pessoa será
curada quando o efeito tiver se exaurido em relação à causa. Até que a pena não
seja extinta, o sofrimento continuará, pois a dor é sempre positiva: leva
consigo um destino. Sintetizando: eliminando a causa, o efeito deixará de
atuar.
Na atualidade, a fé cristã está sofrendo um arrefecimento por causa da
tecnologia. As inovações trazem-nos grandes facilidades, mas também muita
superficialidade e um distanciamento das coisas mais essenciais da vida,
principalmente daquelas atividades ligadas à religião. Convém, também, não
descartarmos o poder dos Espíritos das trevas, que estão sempre à espreita das
pessoas menos avisadas. Não é sem razão que o mestre Jesus está sempre nos
lembrando do "vigiar e orar".
Coloquemo-nos como simples tarefeiros na obra do Senhor.
Peçamos forças para o desenvolvimento de nossa missão, grande ou
pequena.
25 julho 2015
Fé: Notas Extraídas da Revista Espírita
Perguntam os adversários por que motivo os Espíritos, que se deveriam empenhar em fazer prosélitos, não se prestam melhor ao trabalho de convencer certas criaturas, cuja opinião teria grande influência. Acrescentam que os acusamos de falta de fé e a isto respondem, e com razão, que não podem acreditar por antecipação. É um erro pensar que a fé seja necessária; mas a boa-fé é outra coisa.
20 julho 2015
Crise Política no Brasil e Espiritismo
Se o Brasil é
considerado a pátria do Evangelho, por que as crises econômicas, políticas e
sociais persistem no seio da sociedade? Como os Espíritos, protetores do
coração do mundo, estão analisando as dificuldades pelas quais o país passa?
Onde buscar subsídios para uma compreensão mais acurada de acordo com os
princípios codificados por Allan Kardec? Se consultássemos um médium, teríamos
a explicação de um Espírito do além; com isso, haveria uma informação para
ser digerida. Como, porém, fazê-lo tomando como base a própria Doutrina
Espírita?
O acaso não existe.
Se o país está passando por esses problemas, eles foram construídos ao longo do
tempo: crédito subsidiado e gastos públicos maiores do que a arrecadação.
Acrescenta-se, também, o dinheiro desviado pela corrupção institucionalizada
pelo governo. Isso tudo, para os estudiosos da teoria econômica, estava previsto:
quando os gastos são maiores que a arrecadação de impostos, a dívida pública
aumenta e com ela os juros e os seus respectivos encargos. Há, ainda, as
divergências entre os três poderes que, teoricamente, deveriam ser
independentes e harmônicos.
Nada há oculto que
não venha à luz. Segundo a Doutrina Espírita, há uma lei natural, lei que foi gravada
em nossa consciência. Podemos nos desviar dela, ignorá-la, escamoteá-la, mas no
devido tempo e lugar as consequências vêm, porque é da lei do progresso que
todos os Espíritos devem atingir a perfeição. Os escândalos servem
para nos chamar a atenção de que a vida vai além do dinheiro e do poder. É o
que estamos assistindo no Brasil dos últimos tempos: um escândalo atrás do
outro.
Não vim trazer a paz,
mas a espada. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec
explica-nos que a espada nada mais é do que a inserção de uma ideia nova onde
vicejava a comodidade. Uma ideia nova causa confusão, embaraço e obriga as
pessoas a pensarem sobre o seu teor. É o que está acontecendo. Os homens
públicos estão sendo obrigados a refletir sobre suas ações; do mesmo modo, os
eleitores. Quem sabe, numa próxima eleição, não tenhamos mais votos
conscientes
Lembremo-nos do
livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, pelo Espirito
Irmão X, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Nele, observamos o cuidado
que os Espíritos superiores têm tido para com o nosso país, no sentido de
preservar o coração (contorno físico) intacto. Na França, durante a Revolução
Francesa, houve muitas mortes; no Brasil, apenas uma, a de Tiradentes,
pseudônimo de Joaquim José da Silva Xavier.
A Deus nada é
impossível. O imponderável deve ser levado em conta. A influência dos Espíritos do
bem pode ser de tal maneira eficaz que as ações dos maus ficam enfraquecidas.
Eles podem inspirar a prática da fraternidade, que é vencer o orgulho e o
egoísmo, principalmente dos detentores do poder econômico ou político. Tenhamos
em mente que tudo é passageiro, tudo na vida passa.
Trabalho de vibrações. Embora não tenhamos
uma ação mais direta para modificar as coisas, podemos nos valer das vibrações
à distância. As vibrações de paz e harmonia que cada um emitir formarão uma
"aura" de proteção do nosso país e, por extensão, do próprio planeta
Terra. Sejamos como a andorinha que transportava água em seu bico para apagar o
fogo da floresta. Era insuficiente, mas ela estava fazendo a sua parte.
Confiemos na Divina
Providência. Embora as circunstâncias e as solicitações vindas da mídia sejam de
pessimismo, há no interior de cada um de nós a alavanca da esperança, que é
sempre esperar o melhor mesmo estando no pior dos mundos.
18 julho 2015
História do Espiritismo: Notas Extraídas da Revista Espírita
08 julho 2015
Concessão e Perda da Mediunidade
Concessão é
a ação ou efeito de conceder. Privilégio. Em direito, transferência de
poderes por uma pessoa coletiva de direito público para outra pessoa (singular
ou coletiva) a fim de esta os exercer, por sua conta e risco, mas
no interesse geral. Pode-se dizer, também, da figura
de retórica, na qual o orador aceita a posição do interlocutor
(cujo fundamento lhe podia negar), para lhe demonstrar que, nem mesmo aí, tem
razão.
Em administração,
costuma-se dizer que o chefe deve dividir responsabilidades com seus
subalternos. Acontece que ninguém delega responsabilidade: é o outro que deve
se responsabilizar pelo cargo ou função delegada. Um Centro Espírita não pode
ficar dependente de uma única pessoa. Os antigos donos de Centros Espíritas
devem ceder espaço para outros colaboradores. Muitas cabeças pensantes produzem
mais do que uma só.
Em termos da
mediunidade, pode-se dizer que ela é uma oportunidade que os Espíritos oferecem
aos seres humanos, a fim de estes possam resgatar o seu passado delituoso. Há
casos, porém, que a concessão da mediunidade funciona como uma espécie de
missão. Observe a trajetória de Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, que
começou numa sessão mediúnica, em 30 de abril de 1856, na casa do Sr. Roustain,
cuja médium era a Srta. Japhet, e foi lhe dito que ele seria o obreiro que reconstrói
o que foi demolido.
Quanto à perda e
suspensão da mediunidade, Allan Kardec diz:
1) Os médiuns perdem
frequentemente a mediunidade. Pode ser definitiva ou apenas uma suspensão
temporária, dependendo da causa que a produziu.
2) A culpa nem sempre
é da faculdade. Se não há Espíritos que queiram se servir do médium, a
comunicação não é realizada.
3) Os bons Espíritos
podem abandonar o médium quando este usa a sua mediunidade para coisas frívolas
ou ambiciosas.
Ressalta, também, que
"a interrupção da faculdade não é sempre uma punição; ela testemunha
algumas vezes a solicitude do Espírito para com o médium ao qual se afeiçoa;
deseja proporcionar-lhe um repouso material que julga necessário e neste caso
não permite que outros Espíritos o substituam".
Fonte de Consulta
ENCICLOPÉDIA
LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]
KARDEC, A. O
Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores. Tradução de
Eliseu Rigonatti. São Paulo: Lake, [s.d.p.]
KARDEC, A. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 15.ed., Rio de Janeiro: FEB, 1975.
02 julho 2015
Allan Kardec, Doutrina Espírita e Revista Espírita
A Revista
Espírita, que tem o subtítulo "Jornal de Estudos Psicológicos",
em razão de estudar a metafísica do ser humano, tanto em seu estado presente
como em seu estado futuro, traz em seu bojo uma gama enorme de assuntos
envoltos com ciência, filosofia e religião. Allan Kardec as publicou entre 1858
e 1869. Compulsando-as entraremos em contato com detalhes valiosos a respeito
do processo e dos princípios básicos da Doutrina Espírita.
Hippolyte-Léon
Denizard Rivail — Allan Kardec —, na Revista Espírita, oferece-nos
o registro minucioso das pesquisas realizadas na Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas. Tinha como premissa o uso da razão, do bom senso
e da autoridade moral e intelectual. A construção da Doutrina Espírita fez-se
em função da relação entre encarnados e desencarnados, abarcando todos os tipos
de problemas e necessidades dos seres humanos. Por isso, a Doutrina Espírita é ciência,
filosofia e religião.
O fenômeno das mesas
girantes — primeiro período da Doutrina Espírita — também conhecido
como período da curiosidade, serviu para chamar a atenção sobre a
nova ordem de coisas e abrir caminho ao período filosófico. "Esta
marcha era racional, porque toda a filosofia deve ser a dedução de fatos
conscienciosamente estudados e observados e a que não repousasse senão sobre
ideias puramente especulativos não teria base. A teoria deveria, pois, decorrer
dos fatos, e as consequências filosóficas deveriam decorrer da
teoria". (p. 281 - R.E. 1863)
Allan Kardec, ao
elaborar a Doutrina Espírita, preocupou-se exclusivamente com o caráter
universal que esta deveria ter, ou seja, não deixá-la à mercê de um único homem
ou de um único médium. Para tanto, compilou dados de mais de mil Centros
Espíritas sérios, localizados nas mais diversas partes do globo, exigindo que
os médiuns fossem esclarecidos, para a boa fundamentação dos argumentos. Seu
trabalho foi coletar, comparar, averiguar e dispor as informações segundo o
método teórico-experimental das ciências naturais.
Allan Kardec não se
cansa de enfatizar, em vários trechos das revistas espíritas, que ele não é o
autor da Doutrina Espírita, mas o seu coordenador. Nesse sentido, não lhe cabia
fazer proselitismo, aumentar o número de adeptos, mas construir um edifício
sólido para a posteridade. Colocava-se como um missionário, pedindo sempre
forças necessárias para a execução da vontade do Alto em tamanha
responsabilidade.
Tenhamos como foco o
aprendizado dos princípios da Doutrina Espírita. Para tanto,
deixemos momentaneamente de lado os romances e as leituras
supérfluas.
01 julho 2015
Doutrina Espírita: Notas Extraídas da Revista Espírita
29 junho 2015
Liberdade, Igualdade, Fraternidade
Liberdade. Do inglês freedon, refere-se
ao princípio interno de escolha e de ação; do inglês liberty,
refere-se à ausência de coação externa. Igualdade. Na ética e
na política, há igualdade quando os direitos e os deveres, as prescrições e
as penas são iguais para todos os cidadãos. Fraternidade.
Etimologicamente, significa "irmandade" ou "conjunto de
irmãos". Em sentido estrito, exprime simplesmente o sentimento de afeição
recíproca entre irmãos. Em termos práticos, devotamento, abnegação, tolerância,
benevolência.
O slogan “liberdade,
igualdade, fraternidade” é a divisa do Estado francês, adotada em 1793, como
expressão dos princípios da Revolução Francesa. A sustentação dessa noção teve
altos e baixos. Em 1814, depois da queda de Napoleão, a divisa deixou de ser
adotada, voltou a sê-lo em 1848-1851, para de novo deixar de o ser durante o II
Império, e renascer em 1875, sofrendo novo apagamento de 1940 a 1944.
A fraternidade é um ideal, uma meta a
atingir como o objetivo supremo da humanidade. Acontece que a base do
pensamento individualista está em considerar que o homem é lobo do homem. Daí a
competição e o triunfo dos mais aptos. Do outro lado, temos a luta de classe
marxista, que em vez do indivíduo é uma classe que joga contra a outra. A
fraternidade, que é considerar todos como irmãos, fica deslocada na sociedade.
O egoísmo e o orgulho são
os dois grandes obstáculos para a realização do ideal deste slogan.
Enquanto a fraternidade diz: “um por todos e todos por um”, o egoísmo
diz: “Cada um por si”. O orgulho quer que todos estejam sob seu mando, sua
tutela. Resumindo: o egoísmo quer tudo para si; o orgulho quer tudo
dominar. Como dariam mão à liberdade que os destronaria?
A liberdade e a igualdade dependem da
fraternidade. A liberdade sem fraternidade é rédea solta; com a fraternidade,
conduz à ordem. A igualdade sem a fraternidade conduz aos mesmos resultados,
pois o pequeno rebaixa o grande para lhe tomar o lugar. Depois, torna-se tirano
por sua vez. O ideal evangélico é o único que pode cercear o egoísmo e o
orgulho.
A fraternidade, a luta serena da
implantação do ideal evangélico, é o fundamento básico, pois todo aquele que
entrar em contato com os ensinamentos de Cristo, saberá defender a doutrina do
Mestre para se tornar um verdadeiro cristão.
Fonte
de Consulta
KARDEC, A. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 15.ed., Rio de Janeiro: FEB, 1975.
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A harmonia entre nações que estão divididas em grupos maiores ou menores não depende da quimérica ideia de igualdade, mas da fraternidade, um conceito historicamente muito anterior, já que está imensamente arraigado no sentimento dos homens. O antigo sentimento de fraternidade traz consigo obrigações que a igualdade desconhece. Ele demanda respeito e proteção, pois é sinônimo de status na família, e a família é hierárquica por natureza. A fraternidade exige que tenhamos paciência com o irmão mais novo e pode exigir duramente que o irmão mais velho cumpra seu dever. Ela coloca as pessoas em uma rede de sentimentos, e não de direitos — esse hortus siccus vaidade moderna. (Capítulo 2 — "Distinção e Hierarquia", de As Ideias têm Consequências, de Richard M. Weaver)
24 junho 2015
Doutrina Espírita
“Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.” Paulo (Tito 2,1)
Doutrina — conjunto de teorias, noções e princípios, constituindo o fundamento de uma ciência, de uma filosofia, de uma religião etc. Doutrinário — pessoa que obedece rigidamente aos princípios da própria doutrina, dando mais valor à teoria do que à prática. Doutrina Espírita — conjunto dos princípios codificados por Allan Kardec.
A Doutrina Espírita surgiu a partir da publicação de O Livro dos
Espíritos, em 1857. A ideia espírita vem de longa data. Allan Kardec,
por exemplo, na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo,
diz que Sócrates e Platão foram os precursores do Espiritismo. No tocante às
revelações, o Espiritismo aparece como a terceira revelação divina, tendo a de
Moisés e de Jesus, respectivamente, como primeira e segunda.
A Doutrina Espírita, um marco no progresso da humanidade, apresenta-se
de modo singular, ou seja, é ao mesmo tempo FILOSOFIA, CIÊNCIA e RELIGIÃO. Como
entender? Qualquer matéria pode e deve ser analisada sob esses três aspectos.
Pender para um dos lados, pode dificultar a compreensão mais exata da referida
matéria.
A filosofia espírita apresenta-se
como um delta, uma síntese de todo o processo histórico, mas tendo as suas interpretações
próprias, alicerçadas nos princípios doutrinários. A ciência espírita procede da mesma forma que as
ciências naturais, com a diferença de utilizar as percepções extra-sensoriais.
Como doutrina filosófica, o Espiritismo tem consequências religiosas, pois toca em Deus,
alma e vida futura, fundamentos de todas as religiões. Não é, porém, uma
religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templo e nem
sacerdotes.
Toda ideia nova tem os seus contraditores; o Espiritismo não fugiu à
regra. No âmbito dos ensinamentos espíritas, Allan Kardec observa que a maior
parte das objeções que se faz à doutrina provém de uma observação incompleta
dos fatos e de um julgamento precipitado. Num dos seus diálogos com o crítico,
em O Que É o Espiritismo, diz: "Se o Espiritismo é uma
falsidade ele cairá por si mesmo; se, porém, é uma verdade, não há diatribe que
possa fazer dele uma mentira".
O Codificador do Espiritismo deixa bem claro que os ensinamentos –
contidos em suas obras – não são seus, mas expressão fiel das comunicações dos
Espíritos superiores, desejosos de auxiliar a nossa evolução espiritual. Entre
os seus princípios fundamentais estão: Existência de Deus, Reencarnação,
Mediunidade, Lei de Causa e Efeito, Pluralidade dos Mundos Habitáveis etc.
Para conhecer a Doutrina Espírita, o adepto deve debruçar-se sobre as
obras básicas e as complementares. Sem isso, não poderá divulgá-lo a contento.
As Obras Básicas são: O Livro dos Espíritos (1857), O
Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O
Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868). Entre as
Obras Complementares estão os escritos de Gabriel Delanne, Léon Denis, Camille
Flammarion, J. Herculano Pires e Edgar Armond. Incluem-se, também, as obras
mediúnicas de Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e outros.
O divulgador do Espiritismo deve tomar o devido cuidado em separar o que
é doutrinário daquilo que não o é. Falamos naturalmente sobre os
"chacras", o "corpo astral", o "fogo serpentino"
e o "carma" sem nos darmos conta de que essas palavras foram
extraídas da filosofia esotérica. Para o professor Ari Lex, ferrenho defensor
da pureza doutrinária do Espiritismo, deveríamos usar o termo "atmosfera
psíquica" e não "aura", como habitualmente o fazemos.
Tenhamos o devido cuidado na divulgação da Doutrina Espírita. Antes de fazê-lo, debrucemo-nos pacientemente sobre os seus princípios fundamentais. Com isso, podemos pôr em prática o aviso do Espírito André Luiz: "Quando o trabalhador estiver pronto, o trabalho aparecerá".
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/doutrina-esp%C3%ADrita
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O indivíduo — compenetrado do que realmente é a Doutrina Espírita — não perde mais tempo. Toda ocasião é propícia à reflexão, à mudança de comportamento, ao aprendizado, pois está situado simultaneamente no plano físico e no plano transcendental, ou mundo dos Espíritos.
Espiritismo sem Espíritos é como corpo sem alma.
A Doutrina, que se encontra inteira na Codificação elaborada por Allan Kardec, não deve ser examinada apenas por um aspecto, seja filosófico ou evangélico. Nunca desprezar as comunicações dos Espíritos, principalmente aquelas de cunho desobsessivo.