Contos e Apólogos é um livro psicografado por Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Irmão X, editado pela Federação Espírita Brasileira, copyright 1958. São 40 histórias simples e humildes que o autor espiritual ouviu de outros viajores.
Notas
"O médium cristão é sempre um faroleiro com as
reservas de óleo das possibilidades divinas, a benefício de todos os que
navegam a pleno oceano da experiência terrestre, indicando-lhes os rochedos das
trevas e descerrando-lhes o rumo salvador: todavia, quantos deles perdem a
oportunidade de serviço vitorioso pela prisão indébita nos casos particulares
que procedem geralmente de bagatelas da vida?" (Capítulo 4 —
"Faroleiro desprevenido")
"— Pois bem — concluiu o amigo espiritual, benevolente
—, a única medida aconselhável é a paralisia da consciência. Tome meio quilo de
anestésicos por dia, descanse o corpo em poltronas e leitos, durma o resto da
existência, despreocupe-se de todos os deveres, fuja à aspiração de elevar-se,
resigne-se à própria ignorância e cole-se a ela, tanto quanto a ostra se agarra
ao penedo, e, desde que você se faça completamente inútil, por mais nada fazer,
a crítica baterá em retirada. Experimente e verá". (Capítulo 8 — "O
remédio objetivo")
"— O sofrimento é assim como um caçador providencial
em nossas experiências. Sem ele, a Humanidade não se elevaria à renovação e ao
progresso. Quem se acomoda com os planos inferiores, dificilmente consegue
descortinar a Vida Mais Alta, sem o concurso da dor. Saibamos, assim, tolerar a
aflição e aproveitá-la. Quando a criatura se vê na condição da borboleta aflita
e desajustada, aprende a receber na Terra o socorro do céu". (Capítulo 9 —
"O caçador providencial")
"— Paixão, ofereci a você sete sugestões de trabalho
que foram recusadas. Segundo os ensinamentos de que dispomos, o remédio se
destina ao doente e o socorro àqueles que o reclamam pela posição de ignorância
ou sofrimento. O Espiritismo solicita o esforço e o concurso dos homens de
boa-vontade e de entendimento fraternal que se amparem uns aos outros;
entretanto, ao que me parece, você é o companheiro dos anjos e os anjos, meu
amigo, estão muito distanciados de nós. É provável possamos colaborar no
roteiro de ação para o seu Espírito, contudo, é mais razoável que você nos
procure quando tiver duas asas". (Capítulo 16 — "O companheiro
dos anjos")
"— Meus irmãos, nossa casa, sem dúvida, precisa
movimentar-se, avançar e progredir; entretanto, como poderá o corpo
adiantar-se, quando as mãos e os pés se mostram inertes? Todos possuímos ideias
fulgurantes e providenciais, todavia, onde está a nossa coragem de
materializá-las? Quando os membros se demoram paralíticos, o pensamento não faz
outra coisa senão imaginar, orar, vigiar e esperar... Sou o primeiro a
reconhecer o imperativo de nossa expansão, lá fora, no grande mundo das
consciências, no entanto, até que sejamos o conjunto harmonioso de peças vivas,
na máquina da caridade e da educação, como veículos irrepreensíveis do bem, não
disponho de outro remédio senão aguardar o futuro, no Espiritismo das quatro
paredes... " (Capítulo 20 — "Ideias")
"— Fragoso, é preciso pensar. Segundo o Evangelho,
bem-aventurado é aquele que dá com alegria. Mas, realmente, você não deu. Suas
anotações não deixam margem a qualquer dúvida. Você simplesmente deixou.
Deixou, porque não podia trazer". (Capítulo 27 "Dar e deixar")
"— Tivemos notícias, sim... As interpelações dos
Mentores da Vida Mais Alta, notificou que havia algo errado na máquina da
justiça humana e que, por isso, rogava o prazo de quinhentos anos para
continuar observando os homens, a fim de responder..." (Capítulo 35 —
"Questão de justiça")
"— Pedro, lembra-te de que não fomos chamados para
socorrer as almas puras... Venho rogar-te a caridade do silêncio quando não
possas auxiliar! Suplico-te para os filhos de minha esperança a esmola da
compaixão..." (Capítulo 38 — "A esmola da compaixão")
"— Sim, diremos que o Espiritismo com Jesus, pedindo às almas encarnadas para que se regenerem, buscando o conhecimento superior e servindo à caridade, é, de fato, o roteiro da luz, mas que há tempo bastante para a redenção, que ninguém precisa incomodar-se, que as realizações edificantes não efetuadas numa existência podem ser atendidas em outras, que tudo deve permanecer agora como está no íntimo de cada criatura na carne para vermos como ficarão depois da morte, que a liberalidade do Senhor é incomensurável e que todos os serviços e reformas da consciência, marcados para hoje, podem ser transferidos para amanhã... Desse modo, tanto vale viverem no Espiritismo como fora dele, com fé ou sem fé, porque o salário de inutilidade será sempre o mesmo..." (Capítulo 40 — "Nos domínios da sombra")